Capítulo 5 (Mine cap)

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“Você quer que eu os mate, amor? Tudo bem, como quer que eu faça isso?”

Abro os olhos rapidamente, sentindo meu coração palpitar. Respirações aceleradas saiam por minha boca, enquanto gotas de suor frio escorriam por meu rosto. Olho ao redor, o quarto estava escuro.

— Eu apaguei? — murmuro para mim mesmo, me culpando internamente por conseguir dormir em circunstâncias como essa.

Eu estava com medo, estava com muito medo. Tal sentimento tão profundo que nunca havia habitado em mim antes. Aquele homem, o vizinho do lado, me causava cala frios... E quem dera fosse só cala frios. Eu não  comia, muito menos dormia direito sabendo que um perseguidor morava na casa ao lado.

Instantaneamente lembro da armadilha que tinha feito. E ainda com muito medo do que seguiria, eu me levantei. Andando em passos lentos até  a sala, e olhando para o chão, perto da porta.

Eu sabia, eu tinha certeza. O livro que antes estava encostada na porta, agora estava afastada. O que significava que alguém havia aberto a porta. Significava que ele havia aberto a porta. Suspiro fundo, tentando segurar toda a raiva e medo que se misturavam dentro de mim. E sem pensar duas vezes, abro a porta.

Quatro batidas fortes são disparadas sobre a porta amadeirada do 305. E então mais cinco batidas, ainda mais agressivas vem a seguir.

— EU SEI QUE ESTÁ AÍ! ABRE ESSA PORTA! — Eu berrava, sem ao menos me importar com os vizinhos que dormiam  tranquilamente naquela madrugada de terça-feira. E em poucos segundos, a porta se abre. Revelando o homem, seus olhos vidrados em mim, seus cabelos jogados sobre os olhos e um micro sorriso estampado em seus lábios.

Sem ao menos pedir permissão eu entro furiosa, e um calafrio se espalha por meu corpo assim que o homem fecha a porta, e se vira para mim.

Ele me olhava seriamente agora, um olhar de superioridade. Como se quisesse dizer “Você  só  me pagou, porque eu queria que me pegasse"

— Eu sei que sabe porque estou aqui! — Digo, e seu sorriso cresce um pouco mais.

— Droga... você  me pegou. Acho que não sou tão inteligente quanto pensava... — Ironiza, me deixando ainda mais furiosa.

— Por que está  invadindo a minha casa? Por que sabe de tudo sobre mim? Por acaso é um tarado? Um perseguidor? O que diabos queria na minha casa?

— Quem você acha que sou, amor? Um pediatra que mora em um prédio caindo aos pedaços, um perseguidor tarado... Ou um assassino em série que mata fria e brutalmente suas vítimas? Posso ser o que você  quiser, o que quer que eu seja? — Em minha frente, ele estava em minha frente todo esse tempo. Na verdade, estava ao meu lado. Era ele, o autor dos assassinatos que vinham acontecendo. Engulo em seco, e uma lágrima silenciosa de medo e pavor escorre em meu rosto.

— Foi você  que assassinou aquelas pessoas, não foi? Foi você! – Exclamo amedrontada e ele gargalha, passando as mãos pelos cabelos.

— O que eu faço é  arte, não apenas assassinato. — afirma, dando pequenos passos até  mim. Àquela altura, o medo era tão grande que nem mesmo do lugar eu conseguia sair.

— Você  é um monstro! — Afirmo, assim que ele se aproxima. E com dois de seus dedos, enxuga as lágrimas que insistiam em sair de meus olhos.

— Você  realmente queria os matar, não  queria? Todas às vezes que eles a humilhavam, rebaixavam. Você sentia um desejo intenso de acabar com eles. Não somos tão diferentes quanto você  pensa. — Ele murmurava rouco, engulo em seco

— Você está errado, eu jamais seria tão podre quanto você! Jamais faria uma barbaridade tão horrenda e nojenta.

— Não?... Você ficou irritada ao saber que um tarado invadiu a sua casa e mexeu nas suas coisas, talvez ate te olhou enquanto dormia ou fazia outras coisas. E está com medo, não por eu ser um assassino, mas teme que se viver por perto de mim, pode se tornar em alguém como eu. Mas você já é como eu, não te escolhi por acaso. Somos iguais, você  só precisa  descobrir isso!

— Eu vou até  a polícia, seu doente psicótico! — Falo, recuperando minhas forças e andando em direção  a porta.

— E em quem você  acha que eles vão acreditar? Em uma principal suspeita de um homicídio que faria de tudo pra livrar sua pele do julgamento, ou em um pediatra bem-sucedido que supostamente mora em um dos bairros mais ricos da cidade, e é premiado por fazer boas ações ao redor do mundo. Em quem acha que eles acreditariam, amor? — Suspiro fundo, com a mão na maçaneta, enquanto ouvia todas aquelas palavras, então noto, eu estava de mãos atadas.

— Diz de uma vez o que diabos você quer de mim. Eu faço qualquer coisa pra você me deixar em paz.

— Eu já disse... Vou te transformar em uma pessoa especial, amor. E juntos poderemos fazer o que quisermos...

— Você realmente é um lunático!

— Você não quer a matar? A mulher que destruiu sua vida, a mulher que deixou a única pessoa que te amar morrer, a mulher que deixou seu pai morrer... A mulher que deixou todas essas cicatrizes de marcas de cigarro por seu corpo, a mulher que te espancava sem piedade, a mesma que a humilhou por toda uma vida. A sua mãe...

Respiro fundo, levando meus olhos até a maçaneta. Por que diabos eu não conseguia sair  dali? Por que ainda estava dando ouvidos àquele homem? E principalmente, por que o que ele disse me chamou tanto a atenção?

— Eu posso fazer isso acontecer, amor. É só você dizer que sim

O vizinho do ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora