Love 101- Sinan and S/n

Test

S/n Sadik

O final de semana se passou, assim com minha vontade de voltar pra escola e rever aqueles imprestáveis, especialmente o idiota do Kerem.
Como vou olhar na cara dele depois daquilo?
A saída mais fácil vai ser não olhar, é isso.

Arrumei minha mochila após colocar o uniforme. Terminei de guardar os materiais e finalmente notei a presença da minha mãe no quarto. Ela me fitava desconfiada.

— O que foi?— Perguntei sem entender seu olhar. Desde sábado ela está agindo desse jeito, como se eu estivesse aprontando algo. Tudo bem que nunca fui de chegar tarde em casa, muito menos no meio de uma tempestade, mas isso não significa que fiz alguma besteira.

— Nada, só estranhei o horário.— Disse saindo do cômodo, não fazendo questão de ser respondida. Franzi o cenho e olhei o relógio. Puta merda! A aula vai começar em cinco minutos, só pode ser um pesadelo.

— Por que não me avisou?!— Perguntei correndo feito uma maluca ao posicionar a mochila sobre as costas.

— Pensei que você já tivesse ido.— Afirmou entrando na cozinha. A bosta do despertador deve estar quebrado.

— Tchau, mãe!— Exclamei apressada atravessando a porta principal da casa. Eu literalmente nunca cheguei atrasada na escola. Imagina interromper a aula e chamar atenção em uma sala cheia de alunos... Tenho frio na barriga só de pensar.

Saí correndo pelas ruas, as pessoas que estão dentro dos carros devem achar que sou maluca. De fato, eu meio que sou. Acho que preciso de terapia. Ou melhor, de uma receita psiquiátrica.

A escola não é longe de casa, o que me fez chegar mais rápido. Se bem que minha velocidade contribuiu muito.

Entro no ambiente quase tendo um ataque asmático pela falta de ar. Obs: Não tenho asma. Sedentarismo conta?

Percorri os corredores e abri a porta da sala na esperança da aula ainda não ter começado. Obviamente já tinha. Nem sei porque continuo botando fé na sorte, sou a pessoa mais azarada do universo.

— Senhorita Sadik, pode se sentar.— A professora orientou fazendo pouco caso. Pelo visto a única preocupada aqui sou eu, o lado bom é que não levei bronca na frente de todos. Em compensação estou passando vergonha do mesmo jeito, visto que minha respiração pesada está gerando estranheza para os outros.

— Certo.— Falei tentando recuperar o fôlego e ir até a banca agilmente. Me sentei após pendurar a mochila na cadeira. Meu objetivo era ignorar os olhares de alguns, porém não consegui impedir uma troca de olhares com Sinan. É meio difícil passar despercebido o jeito que ele me olha, eu sempre noto. Sinto o que mais temo, julgamento. Apesar de tudo, tem algo no olhar dele que me intriga. Mas que se dane, não vou quebrar minha cabeça pra entender um sociopata.

— Vou começar a entregar as provas.— Comunicou pegando o bloco de folhas da mesa. O que? Prova? Esse dia está sendo um desastre total. Eu esqueci completamente de estudar por culpa daqueles emprestáveis. Perdi a sexta naquele show ridículo e passei a maior parte do sábado dormindo para me recuperar da tortura que sofri no dia anterior. Enfim, meu final de semana não foi nada produtivo.

— Guardem todos os materiais debaixo das carteiras, menos papel e lápis.— Orientou esperando
organizarmos. Realizei o solicitado apreensiva, a última vez que "fiz" uma prova sem estudar foi no ano passado. Meu nervosismo havia sido tão grande que acabei deixando tudo em branco. Se fosse outra matéria eu teria até desenrolado, mas matemática... Espero que hoje seja de ciências humanas. Sim, não sei nem qual vai ser a matéria da prova. Estou fodida.

— Pegue uma folha e passe a diante.— Disse dando a quantidade exata de provas para cada fileira. Aguardei minha folha chegar no fundo da sala, onde eu me encontro sentada. Durante esse processo voltei meu olhar para Sinan. Ele e Isik estavam conversando, a garota aparentava preocupação. Será que ela também esqueceu de estudar? Acho que não, Isik é a aluna mais exemplar que conheço. Isso me leva a acreditar que sua preocupação não se dá a si mesma, e sim ao bendito que nem preciso citar o nome.

— Podem começar.— A professora permitiu o início da prova depois de todos receberem. Abri para ler a primeira pergunta. Puta que pariu, é matemática. Minha única chance de me sair bem é colando, porém Isik está em outra fileira de duplas, fora que não sei se ela passaria. Afinal, nossa relação mudou bastante nesses últimos dias.

(...)

Não sei quanto tempo se passou. Vários alunos já tinham terminado a prova e saído, bem diferente de mim, que não consigo fazer uma mísera questão. O pior é que não tem nenhuma alternativa de resposta, então chutar estava fora de cogitação.

Isik e Sinan estão entre os alunos que permaneceram na sala. Isik parece concentrada ao fazer as questões, mas Sinan está literalmente dormindo encima da prova. A professora chamou a atenção dele algumas vezes, contudo o garoto pouco se importa.

— Restam dez minutos.— Foi comunicado para nos apresarmos. Me bateu um desespero tão grande que acabei gemendo baixo em frustração. Sinan deve ter escutado, pois o mesmo levantou a cabeça e olhou na minha direção. Fingi não perceber e continuei encarando a prova com nervosismo.

— Pessoal, houve um incidente e eu vou precisar sair da sala por um minuto. Estou confiando em vocês.— A professora explicou claramente transtornada após mexer no seu celular. Alguma merda aconteceu, nunca nos deixariam sozinhos durante uma prova. Ela saiu dando passos pesados.

— O que você tá fazendo, Isik?— Escutei Sinan sussurrar como se estivesse confuso. Levei meu olhar até eles por curiosidade. Isik estava trocando as provas de maneira ágil. Meu Deus, não creio que ela está se prejudicando por esse idiota. Gadisse tem limite.

— Preenche o cabeçalho.— Mandou enquanto provavelmente escrevia seu nome na prova dele. Sinan notou que eu estava os fitando e me encarou sério. Não demorou para ele quebrar nosso contato visual, logo fazendo o que a loira pediu.

Respirei fundo para engolir o ódio que senti ao presenciar aquilo. Fechei os olhos quase surtando. Esse babaca que não liga pra porra nenhuma vai tirar uma nota bem melhor que a minha, que sou uma das primeiras da sala e só estou tendo um dia ruim.

Tomei um susto depois de escutar uma cadeira sendo arrastada grosseiramente, o que fez eu abrir meus olhos de forma instantânea.

Assim que fiz isso, me deparei com a figura de Sinan de pé em frente a mim. Franzi o cenho completamente perdida na situação. O garoto colocou "sua" prova sobre a minha mesa e tomou a que antes estava nela.

— Mas o que...— Fui falando em estado de choque, entretanto ele me ignorou e voltou a se sentar ao lado de Isik, que tinha uma expressão tão desacreditada quanto a minha. A professora entrou na sala segundos seguintes, por pouco não nos pegou no flagra.

Sinan foi até a bancada da professora com minha prova na mão e o cabeçalho totalmente riscado, já que eu havia o preenchido.

— O que significa isso?— A professora questionou num tom de insatisfação. Se fosse a Senhorita Burcu, ela de certeza faria aquela voz delicada, dizendo querer dar uma segunda chance.

— Significa que tirei zero.— Afirmou saindo da sala despreocupado sem esperar resposta alguma.

Por que diabos ele fez isso?