10. O vento sopra e acabam com o nosso jantar antes mesmo dele ficar pronto

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Test Drive, Como Treinar Seu Dragão

[ᚠ]

Depois do discurso animador que ouvi durante o almoço, recebi permissão para não comparecer às atividades obrigatórias que eu teria naquela tarde. 

[Eu duvidava que conseguiria fazer alguma atividade direito se não tivesse sido liberada.]

No resto do dia eu só consegui ajeitar uma mochila para a missão, tendo que abrir mão de vários princípios pessoais enquanto o fazia. Estávamos supondo que a missão duraria uns quatro dias e eu queria levar uma muda de roupa para cada dia de missão, mas aquilo poderia acabar ocupando espaço demais e me fazendo carregar um peso desnecessário.

[Eu não vou nem entrar no detalhe de que dificilmente eu conseguiria tomar banho todos os dias durante a jornada, senão começo a me sentir enjoada só com a ideia.]

Depois de organizar minha mochila eu passei um tempo admirando o chalé, como se eu tivesse chegado ali só naquele dia. 

O cheirinho de maresia, as conchas incrustadas pelas paredes, os tons dos lençóis dos beliches, as cores do piso que combinavam com o teto… Tudo nele parecia dolorosamente bonito e eu não sabia se tinha ignorado aquele fato sem querer por estar mais maravilhada com outras coisas no Acampamento ou se foi de propósito, por pura pirraça com Poseidon.

Saí dali, em busca de ar fresco e me apoiei no batente de entrada, observando a colina Meio-Sangue até onde meus olhos podiam alcançar. Suspirei, um aperto crescente em meu peito.

Há pouco mais de um mês, eu tinha feito o maior escarcéu da minha vida por ter ido parar naquele lugar, contudo, naquele momento, eu receava em partir e deixá-lo. A única coisa que me motivava a sair sem pensar duas vezes, era finalmente poder ir atrás da minha mãe e de Samuel.

Tudo no acampamento me passava a sensação de casa, desde as refeições com meus novos amigos do chalé sete até as aulas desastrosas de esgrima com Nico, as horas aprendendo sobre grego antigo e medicina com Will e o cheiro de madeira queimada que Leo tinha…

Quando percebi para onde os meus pensamentos estavam indo, sacudi a cabeça, espantando-os.

Voltei para dentro do chalé.

[ᚠ]

Depois do jantar, fui me deitar, sem ter certeza se eu conseguiria pregar os olhos, tamanha era minha ansiedade.

De qualquer modo, uma vez que comecei a encarar o chalé de Poseidon como algo bom, resolvi arriscar uma trégua e rezar ao meu avô, o tal deus dos mares.

Antes de me deitar, fui até uma estatueta dele que havia num pequeno altar, próximo a uma das janelas do chalé e, sem prática alguma com orações, comecei:

— Er… Cara, hã, Poseidon… — Mordi o punho, sem fazer ideia alguma de como aquilo deveria ser feito. — Ok, calma, Lis, você consegue.

Suspirei, me concentrando no clima daquele chalé. Imaginei Percy Jackson e todos os outros filhos de Poseidon que passaram por aquele chalé antes de partirem numa missão perigosa, e tentei atrair alguma coisa boa daquilo.

Pensei que começar a oração com Lorde das Águas ou Rei dos Mares seria muita forçação de barra, então fui com a opção que me pareceu mais adequada.

— Senhor Poseidon. — Fechei os olhos, me permitindo focar no agradável cheiro de mar do chalé. — Amanhã vou partir em missão para salvar minha mãe, uma de suas filhas. Por favor, se tiver algo a dizer, algo que vá me ajudar, um alerta ou, quem sabe, alguma palavra de apoio… Estou aceitando até um pedido de desculpas esfarrapadas, só, por favor, me mostre que sabe que eu existo. — Mordi o lábio e abri os olhos, encarando a estatueta de Poseidon segurando seu tridente e sentindo como se tivesse tirado um saco de cimento dos ombros. 

Diário de Uma Semideusa em Crise [ᚠ] Conheça suas origensDär berättelser lever. Upptäck nu