Diário de Uma Semideusa em Crise [ᚠ] Conheça suas origens

18. Entramos pela entrada proibida no buraco proibido

“O que for preciso
Porque adoro a adrenalina nas minhas veias
Faço o que for preciso
Porque amo a sensação de quando rompo meus limites”

Whatever It Takes, Imagine Dragons

[ᚠ]

Os próximos capítulos da minha vida irão te provar que você nunca deve duvidar da capacidade dos deuses de piorarem sua situação. Jamais ache que o que está ruim não pode piorar, porque, eu garanto, pode sim, e se você for como eu, é certeza que vai piorar.

Eu, por uns breves momentos de esperança e sonhos que ainda não haviam sido destruídos, achei mesmo que o brilhante plano do meu lindo porém idiota colega de missão iria funcionar e nos levar em segurança ao sopé da montanha coberta de neve.

[À essa altura, eu sei que devia ter aprendido que nada na minha vida funcionava como eu queria, eu sei, erro de principiante.]

Até que eu estava preocupada com a situação de Frank e Ashley, que assim como a do grifo, era desconhecida para nós dois, mas logo essa preocupação deu lugar a uma ainda mais urgente naquele momento: não morrer.

Uma vez que Leo havia aparecido, pensei: poxa, que felicidade, meus problemas acabaram! Uma pena que eu tinha esquecido de um detalhe muito importante: Leo é homem. 

[Desde quando homem sabe resolver alguma coisa? Isso aí, nunca.]

Quando ele sugeriu que descêssemos a montanha usando meu escudo de trenó, pensei que Leo estivesse tentando nos matar.

E quando ele soltou o braço que ainda nos mantinha no lugar, eu tive certeza disso.

Eu já estava orgulhosamente agarrada a ele, mas quando começamos a descer montanha abaixo, o segurei como se minha vida dependesse daquilo.

[Eu sei que, na real, minha vida dependia mesmo daquilo, mas você entendeu.]

Nos primeiros minutos de percurso, por incrível que pareça, tudo parecia estar dando certo: o escudo descia conosco numa velocidade muito preocupante? Sim, mas estávamos indo bem melhor do que eu imaginava, meu medo de rolarmos e virarmos uma bola de neve como geralmente acontece nos desenhos animados não se concretizou.

Em um momento, Leo e eu nos encaramos e trocamos um sorriso satisfeito. A vontade que eu tive de beijá-lo naquele instante foi tão intensa, com os cachinhos dele voando ao redor de seu rosto, suas maçãs coradas pelo frio e os olhos castanhos com aquele brilho divertido quase me tiraram do sério, mas fui forte e me contive, pois achei que aquela não era a hora nem o lugar.

E foram nesses instantes de distração, querida pessoa que está a ler, que os deuses falaram “tá aí a oportunidade de foder ainda mais a vida dessa garota lascada.”

[Só porque eu sou brasileira, estão vendo o preconceito divino? Vou reclamar com Tupã quando eu voltar, só de raiva.]

Eu resolvi olhar para frente, bem a tempo de ver uma pedra do tamanho de um tijolo bem em nosso caminho. Arregalei os olhos e Leo seguiu meu olhar, sua expressão se tornando de pânico total na mesma hora.

Nem precisava ser um mestre na física como Leo para saber o que iria acontecer. Deixa eu te explicar, é bem simples. É chamada a primeira lei de Newton de “Lei da Inércia”. A primeira lei de Newton diz o seguinte: todo corpo tende a continuar em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por fatores externos.