15. Viro amiga de um demônio amonita e finalmente faço Leo Valdez calar a boca

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“Não deixe que a revolução te tome tanto assim
Nos seus planos quinquenais guarde espaço para mim
Porque quem ama não vive só de memória
Como já dizia Fukuyama, esse seria o fim da nossa história”

Gatinha Comunista, Vitroles

[ᚠ]

E

u havia me jogado do penhasco pensando no que a profecia dizia “para a feiticeira o bem mais precioso será perdido. E, só dessa forma, com sangue novo e em segurança vão retornar.”; imaginei que ela estivesse falando de mim e do fato de eu ser o elemento principal da missão, e que só comigo morta os outros conseguiriam voltar salvos… 

[Acho que eu estava errada, você vai ver o motivo.]

A primeira coisa que reparei quando abri os olhos é que eu não estava sentindo dor alguma.

Em seguida, notei que estava num ambiente todo branco. Parecia um estacionamento de algum prédio, mas branco desde o piso, as paredes, as luzes, e até o teto. Era tudo tão claro que machucava a vista.

Uma onda de realização passou pelo meu corpo. Lugar todo branco e vazio, eu sem sentir dor alguma…

— Puta merda, eu morri. — Coloquei a mão na testa, preocupada. — Eu morri mesmo, caralho, fodeu muito

— Você não morreu, Melissa. — Disse uma voz. Virei o corpo e tomei um susto com o que vi, uma sensação gelada de medo correndo pela minha espinha.

Sentado num trono todo feito de ouro, havia um homem enorme, as pernas eram humanas, mas da cintura para cima ele era um touro, os chifres compridos e pontudos terminavam em direção ao céu. Ele estava vestindo calças cáqui e correntes grossas como acessórios ao redor do pescoço, mas nada cobria seu peitoral revestido de pêlos. Sua cabeça era como a de um touro comum, só que bem maior e os olhos eram inteligentes demais… Era perturbador olhá-lo. 

Prendi a respiração.

— Minotauro…? — Inclinei a cabeça, confusa.

[Eu sempre imaginei que o guardião do submundo grego fosse Caronte ou Cérbero… Sei lá, né, quem sou eu para discutir o gerenciamento de Hades em relação ao reino dele?]

O homem touro bufou, a argola que possuía em suas narinas balançando.

— Eu não imaginava que me reconhecesse, garota, mas essa foi demais. — Seus dentes apareceram, e só pelo seu tom de voz extremamente sarcástico é que eu percebi que ele estava sorrindo.

— Ah…

— Não, eu não sou o seu minotauro. — Se ajeitou no trono, se apoiando num dos braços do assento. — Sou Moloch.

— Moloch? — Repeti, por algum motivo aquele nome soava muito familiar.

— Exato. — Ele confirmou. — Sou o deus amonita dos sacrifícios juvenis. Os amonitas eram uma etnia dos povos de Canaã.

— Ah. — Assenti. — Desculpe, realmente nunca ouvi falar de você, mas eu sinto que já ouvi seu nome…

— Hoje em dia muitos cristãos me conhecem como uma criatura demoníaca. — Deu uma outra risada curta, mas cheia de deboche. — Mas é fato que meus maiores cultuadores ficaram nos séculos passados.

— Hum, Moloch… Posso lhe fazer umas perguntas? — Falei enquanto torcia as mãos em ansiedade, eu precisava saber qual era a daquele… Cara, sei lá, só queria sair dali. O homem-deus-touro-demônio assentiu, fazendo que sim com a cabeça. Umedeci os lábios. — Você disse que eu não estava morta, então…

Diário de Uma Semideusa em Crise [ᚠ] Conheça suas origensWhere stories live. Discover now