11. Começo a entender umas coisas... E não sei se gosto disso

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“Eu nunca precisei de você para me abraçar, me abraçar, me mantendo perto
E você sabe que eu te dei tudo
Então você foi e me disse
Que você gosta mais solitário”

Lonely, Mark Tuan

[ᚠ]

E

nquanto Leo e eu partimos para cima do monstro que segurava a árvore arrancada, Frank foi sozinho atrás do outro… Ou melhor, um elefante africano enorme foi. 

[Ok, não conte que eu disse isso para ninguém, mas Leo tinha razão: Frank era mesmo muito legal.]

Eu girei meu machado enquanto Leo desviava da árvore que o monstro usava como porrete e sacudia em sua direção. Arremessei minha arma, mirando na barriga do humanoide, ele desviou e só consegui lhe infligir um machucado de raspão na lateral do corpo.

Rangi os dentes e ele, com raiva, rugiu e atirou a árvore inteira no local que eu estava no segundo anterior. Ergui meu braço, esperando que o machado voltasse à minha mão. Enquanto isso, Leo estava distraindo o bicho, correndo entre suas pernas, mas parecia apenas conseguir irritá-lo.

Ouvi um grunhido de Frank e me virei para olhar em sua direção, para checar como ia sua luta. 

[Decisão bem burra, eu sei, mas me dê um desconto, foi minha primeira vez lutando para valer com um monstro!]

O Zhang tinha voltado à sua forma humana e tinha um corte na testa, mas parecia estar lidando bem com o monstro, enchendo de flechas nas juntas: atrás dos joelhos, atrás dos cotovelos e embaixo dos braços.

O problema é que eu ter parado apenas por um segundo, foi um momento ridículo de distração.

— MADEIRA! — Foi o que ouvi Leo gritando um momento antes de eu me virar de novo para o monstro que tínhamos ido atrás e vi uma sombra enorme muito perto de mim, desabando em meu rumo. — LIS, CUIDADO! 

Arregalei os olhos e antes que eu pudesse rolar para o lado a mão livre do monstrengo me atingiu e me deu um tapa, me fazendo voar e bater com tudo com as costas numa árvore. Gemi de dor, sentindo minha nuca ficar molhada com meu próprio sangue.

Fiquei sem enxergar nada por três desesperadores segundos. Minha vista foi voltando ao normal e tentei me levantar sem sucesso, sentindo uma náusea tomar conta de mim, só não vomitei porque eu não tinha nada para colocar para fora.

Lutando contra a tontura e ouvindo algum grito abafado — não sabia dizer se era de Frank ou de Leo —, consegui ficar de pé finalmente, me apoiando na árvore onde eu tinha batido. 

Quando voltei a ver normalmente, consegui avaliar a cena e ver que Frank tinha alguns machucados novos e seu monstro estava mais lento que antes e Leo tinha conseguido mesmo derrubar o outro dos monstros de barriga para baixo, e tinha dado um jeito de amarrar suas pernas e agora amarrava suas mãos em suas costas, o monstro tentava se soltar mas não funcionava, apesar de eu sequer ver o que Leo estava usando para prendê-lo, o bicho não conseguia desfazer do material.

Tive que piscar forte mais umas vezes, mas consegui erguer o machado que tinha voltado para minhas mãos e corri naquela direção, as costas doendo em resposta, mas não deixei aquilo me parar.

Dei um salto e pousei em cima do monstro caído e, com uma raiva e força quase inexplicáveis, afundei uma das lâminas do machado no pescoço da criatura, seu corpo todo se transformando numa massa escura e dissolvendo em fumaça negra antes de sumir de vez.

Diário de Uma Semideusa em Crise [ᚠ] Conheça suas origensWhere stories live. Discover now