Capítulo Vinte e Um

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Tóquio/Japão

David Dantas

Depois de ter isso rejeitado pela Rayssa um agente anunciou que encontraram o bordel clandestino. Confesso que fiquei frustrado com isso, eu sei que posso dar o que tem de melhor a ela e ainda a tratarei como uma verdadeira princesa. Eu vou descobrir esse tal ficante dela e o que ele tem que eu não tenho.

Estava atrás da fita amarela conversando quando vejo uma movimentação estranha do outro lado da rua.  Aviso que irei ver uma coisa então atravesso a rua, escuto vozes vindo de um beco e uma reconheço ser de Rayssa. Me escondo e começo a escutar a conversa dela.

— Que susto você me deu, Hiroshi.

Hiroshi... deve ser o nome do ficante dela, então ela está com o ficante aqui. Tenho a brilhante ideia de gravar a conversa, tiro o gravador do bolso e começo a gravar.

— Me desculpe, detetive, Sǐwáng qíshì vim só ver como estava.

— Estou bem, obrigada. Não posso falar e muito menos demorar porque eu e minha equipe estamos investigando um bordel.

— Deixa eu adivinhar? — ele pergunta e vejo a Rayssa assentir. Começo a fotografar eles. — Eles querem fazer a sede da máfia chinesa em Tóquio, não irei permitir.

Como ele sabe disso? E qual é a relação dele com a máfia chinesa? Olho para o tal de Hiroshi e noto uma arma em sua cintura. Civis normais não podem ter porte de armas, aqui é ilegal.

— Eu sei, bem vou voltar ao trabalho.

Continuo a gravar e a fotografar eles, pego o momento exato em que ele a pega pela cintura e a beija. Assim que se afastam escuto falarem algo sobre bebê e pré-natal. Então a Rayssa está grávida dele, mas porque ela não contou a ninguém? Me escondo atrás da parede quando ela sai voltando para o seu posto.

Continuei mais um pouco para saber se falaria alguma coisa.

— Esses caras da Sǐwáng qíshì estão de palhaçada. Até parece que eu o chefe da Hageshī vai permitir que esses arrombados façam uma sede aqui em Tóquio.

Arregalo os olhos com o que diz. Então ele é o chefe da máfia japonesa, e o pai do bebê da Rayssa. Não acredito nisso... o ficante dela é um mafioso. Quando a Interpol descobrir vão tirar ela do seu cargo na polícia.

Saio de lá voltando para o local do crime, avisto ela conversando com Kenji a respeito do bordel. Já sei o que irei fazer, sei o quanto Rayssa ama o seu trabalho e sua carreira como detetive. Então usarei isso para chantageá-la e fazer com que fique comigo.

Me aproximo dela e pergunto se tem um minuto para conversarmos. Ela obviamente estranhou aquilo, mas aceitou. Nos afastamos da equipe indo para outro canto daquele bordel.

— O que quer conversar, David?

— Por que está se envolvendo com o chefe da Hageshī?

Minha pergunta a fez perder a cor e ficar em estado de choque.

— Quem te contou?

— Eu descobri, mas podemos fazer um acordo em troca de eu não contar para ninguém.

— Você não tem provas de que eu esteja me envolvendo com ele.

Tiro o celular e o gravador dos bolsos mostrando as provas, Rayssa fica com uma expressão irritada quando vê, sorrio de lado.

— Seja minha namorada e não espalho isso para ninguém.

De repente recebo um soco dela, a mesma pega meu cabelo e puxa me fazendo olhar para ela. Esqueci que o que Rayssa não tem de tamanho tem de força bruta.

— Escuta aqui, seu desgraçado, não vou aceitar chantagem sua e nem de ninguém. Primeiro eu fui chantageada pelo Hiroshi e como ele é um homem de poder não tenho como me livrar, agora no seu caso é bem diferente. Se me chantagear novamente ou usar essas merdas de provas eu ferro com a sua vida e a sua carreira na polícia.

A mesma me solta e sai voltando para a equipe. Ah isso não vai ficar assim, vou expôr essa vadia para todos do Departamento e da Interpol. Depois que resolver o assunto do bordel vou imprimir todas as fotos que tirei.

Desconhecido

Observo através de um binóculos em cima de um prédio e escutando o que ele fala através de um gravador que foi posto em sua roupa. Ele vai direto para o saco, coragem de mexer com a mulher do chefe da Hageshī. A última vez que alguém ameaçou pegar a detetive o Hiroshi encheu a cara do sujeito de porrada.

Suspiro com falsa pena da próxima vítima de Suzuki, saio de lá indo para a sede da máfia. Assim que entro avisto o senhor Suzuki no escritório, o que será que ele veio fazer aqui? O mesmo me chama com o dedo e me aproximo.

— Kon'ninchiwa, Suzuki-san, o que o senhor deseja?

— Preciso que organize um sequestro para mais rápido possível.

— Quem o senhor quer sequestrar?

— A detetive Rayssa Marques, estou desconfiado de que Hiroshi está vivendo um romance proibido com ela, então quero que a sequestre e ai irei fazer ele escolher entre a Hageshī ou ela.

Droga não vai dar para eu entregar o áudio do meliante para o Hiroshi, eu vou me ferrar muito, mas entre tomar um cacete dele e do pai dele prefiro tomar um cacete do Hiroshi mesmo. O pai do chefe é bem pior que ele em termos de agressão, o Hiroshi só me deixaria com os dois olhos roxos e cara inchada, já o pai dele iria me quebrar todo literalmente.

Suspiro e olho para ele.

— Tudo bem, irei organizar o sequestro.

— Muito bem, leve ela para o galpão em Nagasaki.

Apenas assinto e o mesmo sorri satisfeito, é oficial, vou virar o saco de pancadas do senhor Hiroshi.

A Detetive do Mafioso Where stories live. Discover now