Capítulo 9

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Aslan tocou em meu rosto. Suas mãos eram macias e seu toque suave. Com a ponta do polegar, Aslan deslisou sobre meu rosto, passeando por cada contorno dele. Era como se ele quisesse guardar na mente cada parte do meu rosto. E quando seu polegar acariciou meus lábios carnudos, senti meu corpo arrepiar. E pela a primeira vez senti desejo. Com a mão segurando firme minha nuca, Aslan se aproximou. E aos poucos, senti seus lábios tocarem nos meus. Meus olhos já haviam se fechado, eu já estava entregue á aquele beijo. Como uma dança suave e lenta que aos poucos vai se aprofundando e ficando mais intensa mas sem deixar de perder sua lentidão e sua suavidade. Assim foi nosso primeiro beijo. Seus lábios dançavam sob os meus, e sua língua enfim pediu passagem e eu aceitei. E aquela foi a melhor decisão que já tomei em toda a minha vida. Aslan tinha gosto de menta, menta e manjar turco. Uma doce e refrescante sensação. Minhas mãos pousaram sob seus ombros largos e musculosos, e suas mãos seguraram firmes minha cintura fina.

Naquele momento nada mais me importou.

E após o beijo, nos separamos, mas, nossos rostos ficaram ainda juntos, unidos por nossas testas. Uma ligação. Algo alem do que eu poderia prever nos ligava.

- Aslan, peço que não desista de mim! - digo ainda colada em seu rosto.

- Desistir de você, de nós, nunca será uma opção para mim! Está fora de cogitação! - ele assegurou.

Foi aí que olhei em seus olhos. Eu queria ter a certeza. A certeza de que nada era um sonho, de que tudo era real. De que Aslan não me deixaria quando soubesse da verdade.

- Vamos tomar café da manhã! - ele diz pegando em minha mão.

E exibindo um sorriso bobo sou guiada por ele para dentro do quarto.

Após um café da manhã regrado a conversas paralelas e risadas, seguimos para a praia que ficava a frente do hotel. A praia em questão era particular, pertencia ao hotel, e haviam apenas nós ali, o lugar era tranquilo e muito gostoso de ficar transmitia paz e uma sensação maravilhosa de conforto que só a natureza poderia nos oferecer.

- Está gostando daqui? - Aslan puxou a conversa.

- Muito! - respondi sorrindo.
- Por mim, ficaríamos aqui para sempre.

Aslan sorri.

- O mundo real nos espera em alguns dias!  - ele disse.

- Queria poder fazer o tempo parar, assim poderíamos ficar aqui! - digo olhando para o mar a minha frente.

- Não sabia que gostava tanto assim de praia!

- Gosto! Mas, não é só por isso... O mundo real, acho que não estou pronta para ele! - admiti.

Aslan me olhou atentamente.

- Do que tem medo? - sua pergunta foi certeira.

Pensei em não responder, em não me abrir, mas eu precisava falar.

- Da realidade! De como tudo pode mudar em fração de segundos! De como, as coisas poderiam ser se nós nos, desentendemos.

- Sila, não vamos nos desentender! E se isso acontecer, vamos enfrentar os problemas e seguir em frente! É assim que os casais fazem, é assim que devemos agir. Problemas virão, vida a dois não é fácil. Não que eu tenha experiência com isso, mas, é o que dizem... - ele sorri.
- Sei que casamento não é igual a namoro, e principalmente quando pulamos a parte do namoro como fizemos, tudo se complicada ainda mais. Mas, se todas as pessoas que pertencem a mesma cultura que a nossa conseguem, por que nós não vamos conseguir? Sei que temos um grande dilema a enfrentar, estamos num país diferente do da nossa cultura, mas, moramos nele desde que nascemos, somos um pouco brasileiros também. Não será fácil nos adaptar a tudo isso! - Aslan garantiu.

Sorrio fraco. Ele tinha razão.

- O que pretende fazer depois que chegarmos em casa? Digo, além de cuidar da casa. - Aslan perguntou.

- Bom, eu não sei. Na verdade não havia pensado nisso, na verdade, não fui programada para pensar nisso!

Aslan me olhou atentamente.

- Você sabe, nós mulheres, nós somos criadas com um propósito, com uma programação. Casar, ter filhos, cuidar da casa, do marido, da família... Mesmo pensando e querendo ser diferente, eu não sabia como ser diferente. Eu queria ser, mas não sabia como ser! Minha programação foi só até aí! - brinquei.

- Acho que, se você quiser, deveria pensar em ser mais do que uma dona de casa. Não que eu tenha alguma coisa contra, mas, vamos aproveitar que estamos no Brasil. Somos casados agora, e eu lhe apoio no que precisar e decidir. Já que terminou a escola, poderia fazer uma faculdade, trabalhar também se quiser. Na empresa de nossa família garanto que terá um lugar para você!

Aslan me surpreendeu mais uma vez.

Trabalhar, estudar, ser independente, ter opinião e pensamento próprio, era tudo o que eu queria para mim. Nunca imaginei que ao lado de Aslan, o marido escolhido por minha família, estaria a minha tão sonhada liberdade.

- Isso seria, maravilhoso! - digo sorrindo.
- Posso mesmo? Posso me matricular em uma faculdade? Trabalhar?

- Claro que pode, Sila! - Aslan disse sorrindo.
- Já disse que vou te apoiar em tudo. E, não me peça mais permissão para fazer o que gosta, o que tem desejo. Você é livre, livre para fazer suas próprias escolhas!

Não consigo explicar com palavras o que senti naquele momento. No entanto, eu sabia. Um sentimento de gratidão e carinho pairou sob mim.

- Obrigada! - digo e por impulso o abraço.

Um abraço apertado, forte e cheio de carinho.

E foi envolvida em seu abraço que vagarosamente viramos nossos rostos e nos olhamos de frente, de perto. Nossas respirações se encontraram no ar e nossas bocas se aproximaram, nosso olhar era de desejo, vontade. E nossos corpos obedeceram  nossas mentes. E mais uma vez nos beijamos.

Meu amor turcoWhere stories live. Discover now