Capítulo 10

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Uma semana passamos naquele paraíso. Era assim que me sentia todos as manhãs quando  acordava ao lado de Aslan e todas as noites quando  dormia em sua companhia. E bastou apenas uma semana em sua companhia para que eu esquecesse de tudo o que vivi antes. Nada mais me importava, nada mais fazia sentido, apenas eu e Aslan nos curtindo igual dois bobos apaixonados. Sim, vovó tinha razão. As coisas entre nós turcos funcionavam de  modo diferente, tudo era mais intenso, mais verdadeiro, mais real. A ligação, o elo que nos unia iria além de algo carnal, eu e Aslan tínhamos uma ligação de sangue, de alma. 

Chegamos na casa dos Demir já no começo da noite.  E para a minha surpresa os pais de Aslan já estavam nos esperando.

- Eles chegaram! - disse Esen, mãe de Aslan ao nos ver adentrar na sala de estar.

- Hoş geldin!  (Bem vindos!) - disse Mustafá, pai de Aslan ao abraçar o filho.

- Como foi a viagem? - minha sogra me perguntou ao me abraçar.

- Foi muito bem, um pouco cansativo, mas bem! - respondi.

Ela sorrio.

- Pronto para voltar a empresa? - meu sogro pergunta ao filho.

- Marido, eles acabaram de chegar de viagem. Não vamos falar de trabalho agora. - minha sogra interveio.

Todos sorriem.

- Está certo, vamos dar um descanso aos recém casados! - ele retruca sorrindo.

- Aslan, leve sua esposa ao seu quarto. Mandei arrumarem para vocês, espero que gostem!

- Shuckram anne! - digo agradecida.

- Vamos! - Aslan diz ao beijar o topo de minha cabeça.

Saímos da sala sob os olhares dos pais de Aslan.

Seguindo até a escada que ficava próxima a porta de entrada da casa, seguimos até o andar de cima onde ficavam os quartos. Chegando no meio do corredor paramos em frente uma das portas. Era onde ficava nosso quarto.

- Acho que deveríamos fazer isso do modo tradicional! - Aslan diz e em seguida me pega no colo.

- O senhor meu marido está muito romântico! - digo olhando em seus olhos.

- A senhora minha esposa, deverá se acostumar! Será assim todos os dias e para sempre! - ele diz gentilmente.

Sorrio em resposta.

E assim Aslan abre a porta do quarto e entramos.

- Ah! Alá! ( Ah! Meu Deus!) -Aslan diz ao olhar para a cama. Em seguida ele me coloca em pé no chão.

- O que foi? - perguntei ao olhar para cama e ver que não tem nada fora do comum.

Havia apenas uma bela colcha bordada a mão, vermelha, o trabalho manual era incrível.

- A colcha fazedora de bebês! - ele diz visivelmente constrangido.

- O quê?! - perguntei sem entender.

- Começou com a minha bisavó paterna, depois minha avó e minha mãe. E agora ela está aqui!

- Continuo sem entender!

- Segundo minha bisa, essa colcha ajuda a mulher a engravidar mais rápido! - ele disse me olhando claramente constrangido.

E então meu coração dispara. Eu havia me esquecido. Sim, eu havia esquecido que estava grávida de outro. Esses dias na companhia de Aslan me fez esquecer de todos os problemas, de tudo o que me aconteceu. Aslan me fez esquecer do mundo a nossa volta. E então meus olhos se encheram de lágrimas. Aslan estava sendo tão gentil, tão atencioso, eu não poderia mais esconder a verdade dele.

- Aslan, eu preciso... - começo falando.

- Sila! Não se preocupe com isso. Tudo no seu tempo está bem?! - ele diz olhando em meus olhos.

Aslan tinha razão. Tudo deveria ser dito no seu tempo. E aquele não era o tempo certo de dizer nada.

- Está bem! - falei.

- Não se preocupe com a minha mãe. Ela só está um pouco ansiosa, quer muito um neto. Mas vamos no nosso tempo, com calma. Não precisamos apressar as coisas!

E ao dizer isso Aslan me abraça.
Presa em seus braços prometo a mim mesma que não iria perder meu marido.

Enquanto observo a brisa suave acariciar as folhas do pé de ipê do jardim da casa dos Demir, em pé em frente a janela do nosso quarto me sinto a pior pessoa da terra. Aslan estava sendo um marido maravilhoso e nessas duas semanas casados experimentei as felicidades de uma vida de casada. No entanto, meu coração apertava e doía a medida que os dias se iam se passando, eu precisava dizer a verdade a Aslan, mas eu temia. Temia pela a minha felicidade.

- O que está pensando? - a voz de Aslan me tira de meus pensamentos.

Sinto Aslan me abraçar por trás e eu me deleito em seu abraço.

- Em como tudo pode mudar de repente! Em como, nem tudo é do jeito que pensamos. - digo ao me virar e o olhar nos olhos.

- O que você pensou que seria diferente?! - Aslan perguntou me olhando atentamente.

- Nós! - respondi.

Nossos olhos se encaram e nada mais é dito.

- Somos o que somos, apenas isso! - ele disse.

- Pensei que, não daríamos certo juntos. Que nada seria assim, como é!

- A nossa felicidade só depende da gente. E nós escolhemos ser felizes, Sila! Escolhemos nos dar bem, fazer dar certo esse casamento. E por isso estamos bem! E do que depender de mim, será assim sempre. - Aslan assegurou.

Ao ouvir suas palavras meus olhos se enchem de lágrimas. E sinto meu peito se apertar ainda mais.

- Está chorando! - Aslan disse ao secar uma lágrima solitária que cai de meu olho.

- Tenho medo, Aslan! Tenho medo de te perder. - confessei ao abraça-lo.

Aslan me abraça forte e sinto refúgio em seu abraço. Eu não poderia levar aquilo mais adiante, eu precisava contar a verdade a ele.

- Você não vai me perder! - ele assegurou.

- Aslan! - falei ao sair de seus braços.

Ele me olhou atentamente.

- Preciso te contar algo!

Era a hora. Aslan nada disse, apenas me olhou.

- Não sei como dizer isso, não sei a maneira certa de dizer nem como dizer...

A medida que eu ia me aproximando de dizer a verdade, meu coração acelerou e as palavras pareciam fugir de minha boca.

- Aslan, eu não quero te perder, nem perder nada do que já construimos. Mas, eu preciso te dizer a verdade, não posso mais me calar. Eu, eu estou grávida! Estou esperando um filho de outro!

E foi então que vi a felicidade indo embora dando assim passagem a tristeza que me atormentaria por dias. A feição de Aslan mudou e em seu rosto vi as marcas da dor. Eu o decepcionei. E sabia bem disso.

Meu amor turcoWhere stories live. Discover now