[1] Seja Mal-Vindo

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JEON

{13h26} Relato 1:

Acabei de chegar no topo do monte. A água está no limite, tomara que eu encontre o suficiente para garantir minha volta. Não vou deixar anoitecer, irei descer agora e começar a procura. Espero não achar ninguém.

{13h50} Relato 2:

Incrível. Eu lembro dessa rua como a palma da minha mão. Sinto saudades de quando brincava até mais tarde aqui, com os meninos. Sei que não acharei nada, mas o primeiro lugar que vou procurar vai ser na minha antiga casa.

{14h38} Casa 1 - Como esperado, nada. Os novos moradores mudaram tudo. Ficou quase irreconhecível.

{15h07} Casa 2 - Dois enlatados e uma garrafa pet com o que parece ser água potável. Pelo jeito eles se prepararam antes de sair da cidade.

{15h40} Casa 3 - Um dos meus amigos de infância morava aqui. Eu encontrei um quadro bem antigo, parece ser ele e a família. Uma pena que a foto estava quebrada e manchada de sangue... Achei primeiros-socorros no banheiro e uma pistola descarregada no porão. Nada de comida e água.

{16h12} Casa 4 - Nada.

{16h20} Relato 3:

Preciso de bem mais água do que isso. Seria bom achar um carro com gasolina, mas imagino que seja quase impossível. Se nem tudo der nas mochilas, vou precisar fazer duas viagens... Isso vai demorar.

{16h48} Casa 5 - Encontrei um deles. Suicídio. Junto ao corpo havia uma carta escrita; "Se você aguentou mais do que eu, parabéns. Sua recompensa está nos armários da cozinha." Fui lá e não havia nada. O cheiro de podridão daqui está péssimo, vou sair o mais rápido possível.

{17h19} Casa 6 - Nada.

{17h53} Casa 7 - Essa casa não parece ter sido ocupada há muito mais do que dois anos. Como a cama é confortável, eu descansei o corpo antes de explorar. Carnes podres, frutas mofadas e verduras velhas. Por sorte, fui presenteado com duas garrafinhas de água e macarrão instantâneo.

{18h09} Casa 8 - Tem alguém aqui.

[...]

Busquei entrar pelos fundos, para evitar qualquer imprevisto. Tudo estava completamente silencioso, mas a luz se acendendo e apagando em questão de milissegundos, denunciou a presença de alguém. Estava mais que explicado do porquê não haver tantos mantimentos naquela rua.

A porta estava trancada, óbvio. Ainda assim, usei os dois grampos no bolso da minha calça para abrir a fechadura e liberá-la, que rangeu assim que foi aberta. O silêncio era absurdo, assim como a escuridão. Podia facilmente estar prestes a entrar numa trama de terror e jamais imaginaria.

Com temor, mas uma vontade instigante de enfrentar aquilo de frente, coloquei o primeiro pé para dentro da casa. Nada de armadilhas. Tudo se tornava mil vezes mais difícil pelo breu presente no lugar. Só dava para se ver cinco passos na frente, literalmente. Num impulso de coragem, meu corpo adentrou por completo no cômodo. Dava para ver ser uma cozinha, a pia ao meu lado denunciava isso.

A primeira coisa que fui em busca, foi o interruptor. Dei alguns curtos passos e quando estava no meio do ambiente, escutei um som familiar.

Gatilho.

— Solta a arma e levanta as mãos.

A voz soou muito perto, mas não dava para fazer ideia de onde vinha. Não existia nada no meu campo de visão além de escuridão. Eu deveria ter pensado duas vezes antes de ir direto pelo meio daquele lugar, ao invés dos cantos.

The Last Sunset • JIKOOKDonde viven las historias. Descúbrelo ahora