[9] Os 7 Instintos : PARENTAL

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O instinto parental e a emoção da ternura

PARK

Meus olhos tem certa dificuldade para se desgrudarem, mas quando finalmente consigo abrí-los, desejo voltar a dormir.

Um cheiro metálico invade meu olfato e embrulha o estômago. Por muito pouco não  perco o equilíbrio e me espatifo no chão, só então dando-me conta de que já estou de pé antes mesmo de meus olhos abrirem.

Ainda atordoado, caminho pelo galpão vazio e com aquele maldito cheiro desagradável. Pela primeira vez me vejo sozinho nesse ambiente e é como se nunca houvesse pisado aqui. Tudo parece ter uma aura fantasmagórica, pesada e ruim.

Onde diabos eles estão?

Tonto, sigo para o único caminho que parece ser favorável e faz sentido para mim; a porta fechada do banheiro. Em passos largos, chego até meu alvo – que agora percebo estar entreaberta – e bato três vezes.

E como esperado, sem resposta.

Sendo assim, viro meu corpo de maneira lateral e aplico força com os ombros na madeira.

E eu nunca deveria ter feito isso.

De prontidão, um baque alto alcançou meus ouvidos e fez com que meus olhos seguissem diretamente para o chão do cômodo interno. Foi onde enxerguei uma mão entreaberta no chão, ensopada de sangue.

Mas são poucas as mãos que tem uma letra J tatuada acima de uma letra M.

Foi instantânea a maneira que meus olhos se encheram de água no instante em que meu cérebro processou quem era a pessoa jogada no chão daquele banheiro. Tropeçando em meus próprios pés, afastei-me o mais rápido que pude daquele cômodo, até ser interrompido pelo braço do sofá logo atrás de mim. Eu não sei caralhos do que podia estar acontecendo, mas o primeiro  pensamento que se passou pela minha cabeça foi único e objetivo.

Fugir.

Jungkook estava sem sinal de vida dentro  daquele banheiro e só Deus sabe onde foi parar Yoongi. Se eu não fosse o  único a me safar daquele galpão fantasmagórico, seria apenas mais um corpo que não sobreviveu.

Então, sem pensar duas vezes, abri o cadeado da entrada principal e puxei o portão de aço com o máximo de força que consegui.

Erro cruel.

Numa velocidade surpreendente, uma quantidade assustadora de infortúnios começou a atravessar a pequena abertura que eu havia liberado e invadiram todo o espaço vazio que tinha naquele galpão. Eu, estático, apenas vi tudo ocorrer diante de meus olhos, como um filme.

Nenhum deles sequer ameaçavam vir em minha direção. Eles tinham um outro alvo, um outro objetivo.

O banheiro.

Tendo o corpo de Jungkook como a única barricada naquela porta, dezenas daqueles bichos se debatiam na madeira velha do cômodo e emitiam os sons mais podres e perturbadores que podiam passar pelos meus ouvidos.

Por quê eles queriam Jungkook? Eu estava logo ali, desprotegido, sozinho, sem qualquer tipo de defesa... O que havia de tão especial nele?

The Last Sunset • JIKOOKOnde as histórias ganham vida. Descobre agora