[5] Os 7 Instintos : COMBATE

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O instinto de combate e a emoção da ira.

PARK

Segundo Kierkegaard, a angústia seria o pressentimento de libertar-se.

O filósofo usa o exemplo de um homem na beira de um precipício. Quando olha para baixo, ele experimenta um medo focado de cair, mas ao mesmo tempo, sente um grande impulso de se atirar intencionalmente para o precipício. Essa experiência de dupla sensação é a ansiedade devido à nossa completa liberdade para escolher saltar ou não saltar. O mero fato de alguém ter a chance e liberdade de fazer algo, mesmo as mais aterrorizantes possibilidades, despoleta um imenso sentimento de angústia. Kierkegaard denomina isto de "vertigem de liberdade".

Um indivíduo torna-se verdadeiramente consciente do seu potencial através da experiência de angústia. Assim, a angústia pode ser uma oportunidade para o pecado mas pode também ser o caminho para o reconhecimento ou realização da identidade e liberdades de cada um.

Seja oportunidade para o pecado ou o caminho para o reconhecimento, a angústia é presente no ser humano do modo mais prático possível.

Ah, mas é claro, não podemos esquecer do desespero.

Kierkegaard define o desespero como aquilo que é como doença mortal: vivenciar a morte em vida, perpetuar-se para a existência. Putrefazer em forma material e existir no desespero com a sua presença mais mundana possível.

Isto é: morrer e permanecer em vida.

Digo com um tanto de certeza que meu momento "vertigem de liberdade" se deu assim que coloquei o pé para fora de casa, algumas horas atrás. A completa liberdade do homem de escolher entre saltar do precipício ou não, foi a minha escolha entre sair de casa, ou não.

O filósofo não errou em momento algum onde disse que alguém ter a possibilidade de fazer algo, mesmo as piores possíveis, cria o sentimento de angústia.

Porque é isso que me sinto agora, angustiado.

A Teoria do Caos também nos diz que pequenas mudanças nas condições iniciais tem um efeito crítico no resultado final de um sistema caótico. Isso se aplica tanto ao comportamento humano quanto ao mundo físico. É impossível termos um modelo de previsão para nosso comportamento porque há muitos fatores envolvidos, cada qual com o potencial de causar danos significativos. Há uma complicação a mais: humanos aparentemente tem livre arbítrio, refletem sobre seus comportamentos e podem alterá-los.

Andando em silêncio ao lado de Jungkook, agora penso que eu tinha a opção de ficar, de ir sozinho, ir de carro ou de buscar mantimentos primeiro. Eram infinitas possibilidades que me foram dadas e eu escolhi essa, sem saber se é a certa, se vai encadear um efeito borboleta ou se foi a pior escolha que eu poderia ter feito.

É daí de onde vem a angústia, a ansiedade.

Mas Jeon não está assim.

Enquanto sou angústia, ele é desespero.

Diferente de mim, ele vivenciou o perecimento em vida, da forma mais grotesca possível. Mesmo estando de frente com a morte, ele perpetua em existência.

Mortes, mortes e mais mortes, mas continua vivo. Parece que o universo castigou-o de propósito e seu destino é presenciar o fim de tudo com os próprios olhos. Como o inferno na terra.

Eu, honestamente, não aguentaria.

É horrível a sensação de ver todos indo embora e você continuar aqui, preso numa tentativa fútil de permanecer vivo onde ninguém mais está. Qual o propósito disso? Do que vale esse pote de ouro no final de um arco-íris feito de sangue?

The Last Sunset • JIKOOKWhere stories live. Discover now