Antecipação

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Minho foi deixado na rua com apenas um aceno.

Ele não tinha ideia do quanto a vida de Jisung tinha mudado, tudo que lembrava era que eles pareciam uma boa família. Mesmo de longe, ele ouvia sua mãe ao telefone com a Sra. Han contando da casa própria que conquistaram, da formatura do filho mais velho, Han Gaon, mas jamais soube do que acontecera por trás das cortinas.

Se sentia um idiota.

Jisung sempre foi quieto com sua família. Os dois filhos do casal tinham uma década entre eles, não eram exatamente melhores amigos mas Jisung admirava Gaon secretamente e Minho sabia disso, o adolescente mesmo no preparatório para o vestibular, ia toda semana buscar o irmão na casa dos Lee, e Jisung o seguia tal qual um fiel escudeiro segue seu rei.
Mas agora pouco importavam essas memórias, era visível que a família Han não era mesma que ele conheceu e na primeira conversa conseguiu deixa-lo desconfortável.

— Idiota! - Minho chutou uma pedra no caminho de volta.

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Lee Minho era a definição de "pessoa querida".
Sempre ajudava os outros de bom grado, sem nunca reclamar, mesmo que ocupado, cansado ou com dor.

A família Lee não era excepcionalmente rica ou algo do tipo, mas tinha influência o suficiente dentro da medicina do país e nos últimos dez anos tem colhido bons frutos fora também.

Minho mal teve a oportunidade de ter sua fase de rebeldia infantil quando percebeu que seus pais pretendiam deixar a Coreia e que não demoraria muito.

Ele tinha oito anos na tarde em que sua mãe apresentou a Sra. Han dizendo que em breve se veriam com frequência e que ele deveria cuidar bem do filho da mulher. Porém, sequer teve tempo de dizer que não cuidaria de qualquer outro pirralho quando viu o pequeno esquilo preso a um casaco pesado sair de trás das pernas da mãe com olhos redondos e confusos.

O tempo já começava a esfriar para a chegada do inverno, mas aquele outono pareceu um pouquinho mais aquecido com aquela cena.

As mulheres saíram do quarto e os deixaram ali, o garoto-bochechas não falou nada, obedientemente se sentou num pufe no canto do quarto e olhou em volta, até seus olhos cruzarem com os de Minho e ele abaixar o olhar. O jovem mestre Lee achou graça, mas também manteve-se em silêncio enquanto pintava um quadro para a aula de artes que teria em dois dias. Ele podia sentir os olhos curiosos do garotinho em suas costas, observando o quadro, então silenciosamente ajustou a posição do cavalete para que ele pudesse vê-lo pintar.

Passaram horas assim em um silêncio confortável, o menino tirou o casaco e até arrastou o pufe um pouco pra frente tentando ao máximo não incomodar. Entretanto, os reinos de paz nunca duram e um pequeno furacão que corria escada a cima, invadiu o quarto com sua mochila de rodinhas sem se preocupar com o silêncio.

— Oi! Quantos anos você tem?

— Eu tenho seis - o garoto-bochechas respondeu se recuperando do susto e mostrando os dedos abertos.

— Eu também tenho seis, agora nós somos amigos! Qual seu nome?

— Jisung!

Naquela noite, depois de subiu do jantar, Minho adicionou um pequeno esquilo à paisagem de sua pintura.

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Tell me that you're still mine (minsung)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz