Capítulo 61- Perdão

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Regina Mills

Perdão é algo que não fui apresentada formalmente. Cora sempre me disse que perdoar era dar paz a quem nos fez mal, que era coisa de "pessoas fracas". Nunca precisei perdoar alguém. Desculpar sim, mas perdoar que é algo que eu considero forte e íntimo, não. Sempre tive duas formas de agir: Rancor ou desprezo.

Talvez por esses e por outros motivos está conversa está sendo tão desconcertante.

A minha frente está mamãe. Ela mesma, que me ensinou sobre o perdão de forma tão errônea, aqui pedindo por ele.

Quando ela solicitou uma reunião, solicitou não, praticamente implorou por uma reunião com nós duas todos acharam uma péssima ideia. Mas fui tomada por uma curiosidade sobre o que Cora ainda teria para falar e precisei pedir várias e várias vezes para que Zelena aceitasse.

- Vou fazer isso por você. - Ela disse, mas não irei ficar quieta.

Precisei aceitar seus termos pois sabia que estava pedindo demais.

Então cá estamos nós! Em meu escritório, afinal Cora jamais pisaria os pés na empresa novamente.

Ao meu lado, Zelena está sentada completamente ereta, sem expressão alguma no rosto. Totalmente desconfortável.

O discurso começou com uma notícia, que não fiquei surpresa, pois Zelena já havia me contado. E talvez, mesmo que não soubesse também não ficaria tão surpresa afinal de contas Cora sempre falou o quão maravilhoso o meu ex-marido era.

Ela disse que precisava ser honesta, que estava com Robin e que em todo esse tempo reclusa, eles conversaram bastante e decidiram recomeçar a vida juntos. Meu ex-marido e seu agora namorado está em uma clínica para alcoolistas. Ele nunca teve esse problemas enquanto estávamos casados, bebia sim, mas nada muito além da conta, porém depois do divórcio ele parece ter se entregado completamente as bebidas e teve retornos devastadores.

- Por que? - Minha irmã indaga. - Porque depois de tantos anos você vem querer "perdão"?

Cora suspira, suas pernas estão inquietas e suas mãos entrelaçadas.

- Eu precisei chegar ao fundo do poço para perceber certas coisas. Eu refleti bastante e... Se eu quero mesmo recomeçar, as primeiras pessoas que eu preciso conversar são vocês duas. - Ela fala. Encaro seus olhos e sinto verdade em suas palavras, mas fui enganada tantas outras vezes que não consigo acreditar totalmente.

Eu não saberia dizer a quem de nós Cora machucou mais. Na infância com certeza foi Zelena. Cora despreza a minha irmã desde sempre. Se descuidou, foi abandonada e acabou sendo mãe cedo demais por obrigação. Ela sempre fez questão de dizer que a Zel destruiu muitas oportunidades em sua vida. Que ao contrário de mim, ela foi um atraso.

Na adolescência tudo só piorou, pois os sonhos e objetivos de Zelena eram tidos como "bobos e sem futuro" pela mesma que não tinha problema nenhum de demonstrar isso.

Mas o pior de tudo foi quando Cora descobriu a orientação sexual de Zelena.

"Eu deveria ter abortado você." - Foi a pior coisa que já a ouvir dizer. Vi minha irmã paralisar, vi a mulher forte e que nunca havia chorado em uma briga, desabar.

Depois desse dia, ela foi embora. Papai tentou intermediar, para ele 19 anos era cedo demais para ela morar sozinha, mas quando percebeu que de nada adiantaria, fez a única coisa possível naquela situação: Comprou um apartamento para minha irmã.

Me senti sozinha, mas entendia os motivos dela em partir. Cora sempre me manipulou bastante, eu acreditava que no fundo ela se arrependia, que ela só era difícil de ceder e por isso não conseguia admitir que errou. Então fiquei no meio do fogo cruzado.

A LOVE AND JUSTICEWhere stories live. Discover now