2 - Caixas e Pacotes

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Larguei minhas duas malas no chão e fui até o tapete na frente da porta de entrada.

Antes de viajar, Lauren disse que a chave estaria ali embaixo esperando por mim.

- Filha da puta. - reclamei para o nada.

Não havia chave debaixo do tapete.

- Ótimo. - ri de raiva.

A idiota ia usar cada minúscula oportunidade para me humilhar. Tudo bem. Eu ia aceitar: precisava do vídeo. Mas que ela não se
enganasse! Minha vingança viria e ela seria pior do que as sete pragas do Egito.

Meu relógio de pulso me informou que ainda estávamos na metade da manhã. A minha patroa imbecil só chegaria de noite. O que diabos eu ia fazer até lá?

Camila Cabello não espera por ninguém” ouvi minha mente resmungar.

Apanhei minhas malas e voltei para a cerca de entrada, puxando o celular do bolso.

- Bom dia. - a voz era estridante e irritante.

- Hmm. - cumprimentei com um sorriso. Ah... mentira. Eu não sorri. Nem sequer tentei. Devo ter feito alguma careta genérica enquanto procurava na internet o número de alguma companhia de taxi local.

- Você deve ser Camila.

Levantei os olhos. Ela era baixa, devia ter pouco mais de trinta anos.  Os olhos eram castanhos, a boca fina parecia uma linha no meio do rosto.

- Perdão?

- Camila Cabello, não é isso? Ah, porcaria. - tapou a própria boca com um susto - Eu devia ter te perguntado seu nome, primeiro. Agora, se você não for Camila pode dizer que é e vai me enganar.

- Sou Camila Cabello. - respondi, encarando-a - Posso te mostrar um documento se quiser. Mas quem é você? E como diabos sabe quem eu sou? - minha voz sempre ficava firme em situações assim.

Sempre que eu precisava de uma resposta, minha voz atingia automaticamente um tom que deixava claro que eu não estava brincando. Era intimidante e, às vezes, grosseiro. Eu adorava.

- Sou Lucy Vives! Sou sua vizinha. - ela riu e apontou para alguma casa atrás dela. - Você é a amiga Laur. A que ela não tinha certeza se viria.

Laur?”

- Você conhece a Lauren?

- Ah! Nos conhecemos ontem. Ela é uma pessoa ótima! - expirou exageradamente.

E eu ainda estava tentando decidir se ela estaria atraída por ela ou tentando me agradar.

- Você não devia achar “ótima” uma pessoa que você mal conhece. - sorri desagradável, de propósito e voltei os olhos para o celular - Pode ser perigoso.

- É verdade. - sua voz era de genuína concordância - Acho que sou um pouco
inocente. - riu.

De repente, algo que ela disse me incomodou.

- Ela não tinha certeza que eu vinha?

- Não. - exibiu um largo sorriso ao ver que a conversa não tinha acabado - Ela mencionou que não gosta de mudança e que uma amiga dela talvez viesse até aqui para ajudá-la. E aí eu disse… - riu - Eu disse “Laur” - forçou um tom astuto que ela certamente não conseguiria manter naturalmente - “Se uma garota vem até aqui só para te ajudar a se mudar, ela deve ser uma garota muito especial”. - sorriu espremendo as mãos como se estivesse esperando que eu agradecesse o elogio.

É… “especial” ou “sob chantagem”.

Fiquei em silêncio por dois segundos enquanto a observava. Finalmente decidi que não havia nada ali que valesse a pena observar e ordenei ao celular que ligasse para a companhia de taxi.

A Chantagem (Adaptação)                    [Em Correção Ortográfica]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora