3 - Remorso

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- Como foi o seu dia, querida?

Lauren tinha um sorriso impossível estampado no meio da cara. Olhei pra ela com uma cara estável e sem emoção, deixando claro que não tinha achado graça nenhuma na brincadeira estúpida.

- Qual o seu problema?

- Problema? Nenhum. Tenho um emprego maravilhoso, ganho muito bem, tenho bons amigos e uma secretária pessoal espetacular.

Ela se aproximou e me deu um beijo estalado na bochecha. Eu virei com a mão aberta para lhe dar um tapa com toda minha força, mas ela já estava preparado para a possibilidade e se afastou ainda mais rápido.

O hall estava quase vazio de caixas. As compreensíveis já tinham ido para seus
devidos lugares. A sala de estar e de jantar ainda estavam abarrotadas.

- Sabe, Camz. - começou, jogando três pastas de processo no meu sofá - Para quem disse que só precisava de uma semana para arrumar tudo você parece bem atrasada.

- Tive que desinfetar e esterilizar o lugar onde eu vou dormir. Gastei a maior parte do meu tempo com isso, não que seja da sua conta.

- “Não que seja da minha conta?” - ela se sentou no sofá e se serviu de um pedaço
da pizza que eu tinha pedido no meio da tarde quando a fome foi maior que meu
desejo de acabar tudo o mais rápido possivel.

- Pelo que eu me lembro dos termos do nosso acordo, tudo que você faz é da minha conta. - riu, mordendo uma fatia fria.

- O acordo é: eu arrumo sua casa e você me deixa em paz. - lembrei tirando a fatia da boca dela - E isso - indiquei a pizza - é meu. - joguei a fatia de volta dentro da caixa.

- Ah… vai ser assim, é? Então, já que a casa é minha, eu posso simplesmente entrar no banheiro quando você estiver tomando banho, não é? A porta é minha, quero dizer. Eu posso abrí-la quando eu quiser.

- É esse tipo de argumento que você usa no tribunal? É por isso que sua taxa de ganhos de causas é tão baixo.

- Minha porcentagem é 93%! - riu. Ok. Era uma porcentagem impressionante. A minha era um pouco melhor, obviamente. Mas muito pouco. - E não sei porque você se incomodaria - continuou, folgando a gravata e pegando a fatia de volta -Não é como se eu nunca tivesse te visto nua.

Sabe quando você está quase no seu limite? Sabe aquele momento quase? O copo cheio e só uma gota de água pode desruir tudo? O momento em que você quase não aguenta mais, mas por pouco ainda se segura?

Esse meu momento quase foi há algumas várias caixas atrás. E, de repente, com aquelas poucas palavras, Lauren Jauregui fez meu resignado copo de água transbordar.

Fechei meus punhos e me joguei contra ela com força. Ela tinha um video perigoso, o poder sobre meu futuro e minha reputação e uma taxa de sucesso invejável, mas, por deus, ela não teria a minha pizza.

- Isso é meu!

Segurei a Jauregui pela gravata frouxa e ela me segurou pelo braço com a mão livre. Era claramente mais forte do que eu e iria conseguir me afastar com facilidade. Eu nem sequer pensei e montei em cima dela mantendo-a presa no sofá.

- Devolva. Minha. Pizza. - ordenei.

- Você não vai mais comer isso. Deixa de ser egoísta.

Tentei alcançar a mão que mantinha a pizza longe de mim, mas ora ela segurava
um de meus braços, ora o outro, e sempre conseguia me impedir de atingir meu
objetivo. Eu queria esmurrá-la e mordê-la.

Mesmo com toda minha raiva, a proximidade com Lauren era sedutora e quase proibida. Se ela ficasse excitado eu iria apontar e rir. Seria uma vitória extra.

A Chantagem (Adaptação)                    [Em Correção Ortográfica]Where stories live. Discover now