24 - Eu Também Te Amo

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                       Lauren Jauregui


Minha casa estava vazia. Fria e escura. Parecia uma casca que algum animal tinha abandonado quando ficou grande demais para usá-la e agora era só um resto pequeno demais diante da grandeza do mundo.

Me recusei a acreditar em Alexia e subi as escadas gritando seu nome. Passei em cada cômodo duas vezes.

Mas ela não estava lá. Suas coisas tinham sumido. E a merda é que eu ainda conseguia sentir seu perfume. Aquele cheiro cítrico delicioso que ela deixava para trás quando passava. Estava impregnado em cada ambiente e no meu coração.

A vizinha era uma criatura irritante que ficava me seguindo e me mandando fazer alguma coisa. Me ameaçou de formas insanas que eu sequer compreendi e disse em tom de ordem que eu devia ir atrás de Camila.

Mas como? Se pelo menos eu soubesse para qual aeroporto ela tinha ido. Ainda tentei ligar meu computador e olhar o histórico de navegação. Mas se Cabello não queria ser encontrada, ela não seria encontrada. O histórico tinha sido apagado. Eu podia atravessar a rua e pedir a Jackson que viesse ao meu resgate mais uma vez. Mas a verdade é que, quando ele conseguisse, Camila provavelmente já estaria voando.

Puxei o celular e enviei uma mensagem de texto para Camila. Avisei que o vídeo tinha sido completamente destruído. Agora precisava esperar. Esperar ela pousar, ler a mensagem e, tomara, me ligar de volta.

Ela não se despediu.

Liguei de volta para o escritório. Eu estava planejando voltar para casa mais cedo. Disse à secretária que não voltaria aquela tarde. Disse que estava me sentindo mal.

Não era mentira.

Sentei no sofá e esperei a tarde virar noite. Fiquei sentada no escuro encarando a televisão desligada.

Eu nem a tinha beijado.

Não de um jeito decente.

Se eu soubesse que aquele até logo de manhã teria sido um adeus, eu… Eu teria tomado sua boca na minha por horas. Teria levado ela para cama uma última vez. Teria feito amor com ela e segurado ela nos meus braços.
Dormir agarradinha.

Max deitou nos meus pés e parecia sentir minha tristeza.

– Ela foi embora, parceiro – murmurei. – Ela abandonou a gente.

Eu me sentia uma criança.
Estava completamente perdida.

Eu tinha decidido o que eu queria: eu queria ela.

E aí ela foi e decidiu o oposto e eu fiquei ali sozinha. Sozinha e perdida.

As horas se passaram e eu tive certeza de que ela já deveria ter pousado. Matei o tempo acessando as páginas de todas as companhias aéreas e tentando deduzir qual voo ela teria escolhido.
Olhava para a tela do meu celular compulsivamente.

Vamos, Cabello. Me responde. Diz que viu a mensagem. Pede desculpas por ter ido embora sem se despedir. Diz que ficou com medo. Diz que me ama. E pronto. Acabou. Volta para cá. Volta para mim.

Levantei e tentei andar pela casa para me distrair. Mas aquilo não ia funcionar. O sofá me lembrava Camila. A cozinha me lembrava Camila. A piscina me lembrava Camila. A escada me lembrava Camila. Não vou nem falar sobre os quartos. Até o maldito telhado me lembrava Camila.

Tentei tomar um banho. Mas ficar no chuveiro também não ajudou… Não era impressão. Não era paixão ou tesão. Eu amava aquela mulher. Amava realmente do fundo do meu coração.

Tinha acontecido em uma velocidade avassaladora e me pegou desprevenida. Pegou nós duas desprevenidas. Mas eu não queria perdê-la. Queria que ela voltasse. Queria ela ao meu lado, na cama, quando eu acordasse todos os dias.

A Chantagem (Adaptação)                    [Em Correção Ortográfica]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora