prólogo

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Brooklyn, Nova York
2024

ERA UMA sexta-feira. Uma noite estrelada e fresca de Outono em Nova York. Uma sexta-feira especial, ótima para celebrar. Bom, pelo menos era o que Charlotte Zhang pensou ao acordar naquela manhã.

Iria ao seu restaurante preferido, no bairro em que morava. Ela pediria o seu drink e prato preferido do cardápio. Usaria o vestido mais bonito de seu armário. Seguraria a mão do homem que amava, enquanto celebravam mais um ano juntos.

No entanto, o cenário atual de Charlotte era completamente o contrário do que imaginou. 

A mulher estava, sim, em seu restaurante preferido, tomando o seu drink preferido e usando o vestido mais bonito de seu armário. Mas, estava sozinha, sentada naquela mesa de dois lugares, com duas velas e algumas pétalas de rosas. 

Charlotte Zhang estava sozinha. Uma hora e meia, sozinha e esperando — porque ainda tinha esperanças de que ele fosse aparecer. Ele tinha que aparecer, né? Era o aniversário de dois anos de namoro deles. 

O sino sobre a porta do Izzy soou, atraindo a atenção de Charlotte. Entretanto, como nas outras várias vezes, não era Joshua Redford. Pela quinta vez naquele minuto, ela checou o celular em busca de mensagens ou uma ligação perdida. Nada

Ela respirou fundo, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhou ao redor. O restaurante estava cheio naquele dia, tanto as mesas quanto os bancos no bar estavam lotados. 

Leah se aproximou, um sorriso fraco preso em seus lábios. Ela carregava um bloco de notas e olhava ao redor.

— Já quer pedir, Charlie? — perguntou. — Ou quer esperar mais? 

Charlotte engoliu em seco, completamente envergonhada. Ela tinha levado um bolo. E como uma grande palhaça esperou por quase duas horas a chegada de seu namorado — que não dava sinal de vida. 

A mulher passou os olhos pelas pessoas espalhadas pelo restaurante, notando alguns rostos conhecidos. Então, avistou ele, sentado de frente para o bar, encarando a televisão pendurada na parede. O Soldado Invernal, assim como Charlie, eram clientes ávidos do Izzy. No entanto, assim como ela, o homem estava sozinho.

— Ah... — murmurou ela, batucando o dedo no copo de vidro, onde tinha bebido um coquetel de melancia sem álcool. — Pode me trazer um uísque? Ou uma vodka? Algo bem forte, Leah! E a conta...

— Claro. — Ela apoiou uma mão no ombro de Charlie, apertando de leve, e saiu, deixando-a sozinha.

Podia sentir o olhar dele queimando sobre si, assim como o de várias outras pessoas. Provavelmente, estavam tirando sarro dela, ou sentindo pena. Ah, coitada da menina Charlie. Olha só, toda arrumada e sozinha. 

Sozinha. No seu aniversário de namoro. 

Ela tirou algumas notas da bolsa e respirou fundo, tentando afastar a vontade de chorar. Logo, Leah trazia a sua bebida, um copo com uísque e uma dose de vodka. 

— Obrigada, Leah. Você é demais. Pode ficar com o troco, tá? — disse, pegando os copos das mãos dela e sentindo o cheiro forte de álcool que exalava dos mesmos. 

Iria se arrepender daquilo no dia seguinte, tinha certeza disso. Não ingeria nada alcoólico há exatos dois anos e meio. Dois anos sem uma única gota de álcool em seu sistema. 

Ela umedeceu os lábios e, sem pensar duas vezes, virou um copo por vez na boca, misturando as bebidas e engolindo em um único gole. O gosto forte e amargo desceu rasgando por sua garganta, fazendo Charlotte tossir. 

Ela depositou o copo na mesa e sorriu para Leah, limpando a boca com o dorso da mão, antes de seguir para a porta da frente. Não ia mais esperar por Joshua. Era patética, trouxa e boba. E queria ser patética, trouxa e boba em sua casa, onde estaria sozinha e sem uma plateia curiosa. 

O caminho até o seu apartamento, não era tão longe assim. Então, Charlotte foi andando pelos quatro quarteirões, o som de seus saltos ecoando pelas ruas vazias e silenciosas do Brooklyn. 

Estava exausta. E tudo que queria era tirar aquela roupa e sapatos e se jogar em sua cama. Queria enrolar-se nas cobertas e esquecer daquele dia. 

Assim que chegou em seu prédio, Charlie soltou um suspiro de alívio, tirando os saltos altos no elevador mesmo. Ela pegou as chaves na bolsa e as girou no dedo quando o elevador parou em seu andar. 

O apartamento chique e espaçoso estava em um completo silêncio e banhado pela escuridão quando Charlie abriu a porta de entrada. Ela largou a bolsa e os sapatos no sofá e puxou os cabelos em um rabo de cavalo. 

Não havia sinal de Joshua Redford. O homem não fez questão nem de enviar uma mensagem avisando que não iria encontrá-la. Não havia nem ao menos um bilhete na geladeira ou uma mensagem na secretária eletrônica. 

Charlotte grunhiu, irritada, decepcionada, humilhada e triste. Ela sentou-se sobre a bancada da cozinha e encarou a parede à sua frente. O apartamento continuava na escuridão, e tudo que conseguia ver eram as sombras dos móveis e a luz da Lua infiltrando pelas frestas da cortina fina nas janelas. 

Um som alto ecoou pelo local, fazendo a mulher sobressaltar sobre a bancada e arregalar os olhos. Estava sozinha. Não tinha ninguém em casa além dela. E ela e Joshua não tinham nenhum bicho de estimação. 

— Ótimo... Levei um bolo e ainda vou ser assombrada pela porra de um fantasma. 

Ou um ladrão. Ou um assassino. Ela engoliu em seco, esticando-se sobre o balcão até alcançar o faqueiro sobre a pia. Eles poderiam até tentar, mas pelo menos ela saberia se defender. 

Mais alguns sons soaram pelo apartamento e Charlotte pensou se deveria checar o que era ou sair correndo dali e ligar para a polícia. 

Ela desceu da bancada e encarou o corredor escuro, de onde os sons viam. Os quartos, banheiro social e escritório ficavam para aquele lado. O quarto de casal e escritório, os locais em que mais tinha objetos de valor. Merda. A sua câmera estava no quarto, junto com seu notebook.

Tomando coragem e sentindo o corpo inteiro tencionado, Charlie seguiu até o quarto de casal — o mesmo em que dormia todas as noites ao lado de seu noivo, Joshua. Ela respirou fundo, sentindo o suor escorrer pela sua pele. A sua mão tremia enquanto segurava a faca grande e afiada. Ela umedeceu os lábios e abriu a porta do quarto. 

No entanto, Charlotte Zhang não encontrou um ladrão, um assassino ou muito menos um fantasma. Ela encontrou algo pior. Muito pior. Algo que fez o mundo se abrir sob seus pés e fez o seu estômago revirar por completo enquanto observava aquela cena. 

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Sparks • Bucky BarnesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora