𝑺𝑷𝑨𝑹𝑲𝑺.
⸻ Aos 26 anos, a vida de Charlotte Zhang não estava indo conforme havia planejado aos dezesseis anos. Solteira, mãe solo, com um emprego instável, sem família e sem teto. Era um pesadelo acontecendo bem diante de deus olhos.
E...
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A MULHER estava parada de frente para o apartamento 45A. Os olhos fixos na porta de madeira escura, analisando os números em relevos, a maçaneta, o olho mágico, as imperfeições na madeira.
— Você não vai bater?
Charlotte piscou algumas vezes e olhou por sobre os ombros, dando de cara com Lindsay. Estava tão perdida em seus pensamentos — nervosa demais pela nova mudança em sua vida —, que não notou a volta de Lindy, que havia ido buscar mais uma de suas malas no apartamento vizinho. Portanto, também não se deu conta que apenas ficou parada ali, encarando a porta sem fazer nada.
— Ah, é...
Com isso, Charlotte ajeitou a mochila pesada nas costas e levou o punho até a madeira, batendo três vezes. As duas amigas aguardaram, escutando passos apressados, miados, risadas e palavrões soando através da porta.
Quando já havia se passado um minuto, a porta se abriu, revelando um Bucky Barnes totalmente diferente do que estavam acostumadas. O homem estava com respingos de tinta amarela no rosto, além das roupas sujas de poeira, pelos de gato e tinta roxa e branca. Os cabelos estavam uma bagunça, a testa com uma leve camada de suor, assim como a camiseta que grudava na região de seu abdômen — se pelo suor ou pela tinta, Charlie não sabia, mas deixava a sua mente trabalhando em curiosidade para ver o que a blusa escondia.
— O que aconteceu com você, hein? — Lindsay indagou, olhando-o de cima embaixo. — Caralho, você tem pés!
Bucky franziu o cenho, descendo o olhar até seus pés descalços.
— Eu perdi o braço, não a perna, boneca.
Lindsay arregalou os olhos, os lábios tremendo de leve. Era uma piada? Algo em seu coração — Deus, talvez, a recriminando por querer rir das palavras dele —, a dizia que havia sido ofensiva ou insensível. A ruiva abriu e fechou a boca, buscando palavras para se desculpar e explicar.
— Ele está brincando — Charlie falou, rindo. — Foi uma piada.
— Relaxa, Lindsay — Bucky disse, rindo, também.
— Não achei graça — comentou a outra, franzindo a boca. — Você é péssimo com piadas, e seus pés são horríveis, nunca mais fique sem sapatos.
Dito isso, Lindsay empurrou a melhor amiga para o lado e entrou no apartamento de Bucky, passando a mala de rodinhas sobre o pé do homem.
— Porra... — resmungou ele.
Charlotte riu da cara dele, cruzando os braços em frente ao peito. Bucky fez uma careta e apoiou o corpo no batente da porta, subindo e descendo os olhos pelo corpo de Charlie, que usava um vestido de verão florido e de alças finas. Perto do ombro esquerdo, sob o coração dela, levemente escondida pelas alças do vestido, uma tatuagem de dente de leão.
