𝑺𝑷𝑨𝑹𝑲𝑺.
⸻ Aos 26 anos, a vida de Charlotte Zhang não estava indo conforme havia planejado aos dezesseis anos. Solteira, mãe solo, com um emprego instável, sem família e sem teto. Era um pesadelo acontecendo bem diante de deus olhos.
E...
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AQUELA TERÇA-FEIRA amanheceu ensolarada e bonita. No entanto, o dia bonito não refletia no humor da mulher bem vestida andando de um lado para o outro no corredor bem iluminado. Era um dia crucial na vida de Charlotte Zhang. O dia mais importante de sua vida depois do nascimento de sua filha.
Charlotte estava no Tribunal da Família do Condado de Nova York, onde ocorreria a primeira — e única, se tudo desse certo — audiência de custódia de Harper. Dylan Matthews, seu advogado, estava conversando com o advogado de defesa, que representava o estado. E, sentados nos bancos desconfortáveis ao seu lado estavam Bucky, Sam e Lindsay, suas testemunhas.
Estava uma pilha de nervos. Não conseguia pensar em nada além da audiência e Harper. Dylan estava confiante, certo de que sairiam dali hoje com a guarda total de sua filha. No entanto, não conseguia relaxar. Só queria que aquele dia acabasse logo e pudesse ter Harper em seus braços.
Ela, a pedido e conselho de Dylan, usava roupas sociais. Charlie optou por um body preto de gola alta e manga comprida, um blazer cinza e uma calça wide leg da mesma cor. Nos pés, Charlie usava um sapato de salto preto simples e confortável. Não passou muita maquiagem, o básico para cobrir as olheiras e uma espinha na testa. Os cabelos estavam presos em um coque bem feito, sem nenhum fio fora do lugar.
Bucky Barnes estava sentado no banco, as pernas abertas subindo e descendo constantemente enquanto os seus olhos seguiam os passos de Charlie. Diferente de Charlie, as testemunhas usavam roupas casuais, mas próprias para um tribunal. Portanto, como sempre, Bucky usava preto dos pés à cabeça.
Não haviam conversado explicitamente sobre o que aconteceu na Pixels no fim de semana. No entanto, ao contrário do que achou, Charlie não estava ignorando-o ou fingindo que não tinha gozado em seus dedos. A amizade deles continuava a mesma, com provocações, conselhos e brincadeiras. Mas, também, não estavam se beijando e pegando pelos cantos da casa. No máximo, faziam piadinhas sobre o corrido e trocavam olhares intensos demais, uma mão boba "sem querer" e uns selinhos roubados.
Para Bucky, e seu coração bobo, estava funcionando bem. Pelo menos não estava sendo ignorado e sofrendo pelos cantos, e ainda ganhava selinhos e carinhos inocentes. Era melhor do que nada, definitivamente. Era idiota o suficiente para se contentar com as migalhas que a amizade e o relacionamento falso o proporcionavam.
Charlie mordiscava as unhas, os seus saltos batendo contra o piso de linóleo e ecoando pelo corredor silencioso. Bucky respirou fundo e levantou, indo até ela. Ele parou na frente de Charlotte, apoiando as mãos grandes e cobertas por luvas nos ombros dela.
— Você precisa se acalmar, tigresa — ele disse, arrancando um revirar de olhos e um pequeno sorriso.
— Acho que vou vomitar — respondeu, deixando a cabeça cair contra o peito de Bucky. — Falta muito pra começar?
