Parte 3

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Pov. Prapai

Eu poderia ter dormido no sofá, é claro, se eu tivesse um sofá no meu quarto pois o chão estava fora de questão. Também poderia ter dormido no quarto ao lado, mas isso iria contra o propósito de vigiar o garoto durante a noite. Portanto, minha cama teria que servir aos dois. No entanto, o garoto estava se mexendo tanto que, apesar da minha cama ser grande, aquilo me incomodou e eu não consegui deitar para dormir.

Assim, eu me sentei com o computador na mesinha de café da varanda e comecei a ler os documentos que pedi que Hana me enviasse essa tarde mas que não tive tempo de ler por conta de tudo o que aconteceu.

Concentrado no trabalho, acabei me esquecendo do garoto se mexendo na cama. No entanto, em algum momento entre a lista de novos modelos de carro a serem negociados pela importadora e o contrato de compra e venda da Clínica Phayak, o garoto, além de mexer sem parar, também começou a chorar.

Larguei tudo e entrei de volta no quarto, indo direto para a cama e segurei os seus ombros para que ele parasse de se mover. O garoto não parou, apenas passou a lutar contra mim e o choro se tornou mais vocal com pedidos incessantes para soltá-lo.

- Shii.. acalme-se.. - ele estava quente novamente e eu tinha que colocar a toalha fria na testa dele, mas ele precisava ficar parado. - Acalme-se, por favor. Eu não quero machucar você.

- N-Não..

- Escuta, eu vou abraçar você, mas, é pra te manter parado, ok? Eu não quero que você se machuque.

Ele apenas continuou a se mexer e gemer em negação ao mesmo tempo que não parava de chorar, então eu fiz como havia dito: me deitei ao lado dele e o puxei para cima do meu peito, segurando firmemente o seu corpo contra o meu. O garoto ainda lutou, mas foi parando de chorar aos poucos e o corpo acabou relaxando eventualmente.

Com ele voltando ao sono tranquilo, eu decidi levantar porque estava quase amanhecendo e não faria sentido tentar dormir logo agora que precisaria começar a me arrumar para o trabalho. No entanto eu não consegui me mover pois o garoto agarrou a minha camisa e se recusou a me deixar sair dali.

- Me solte, menino.

- Não.

- Solte.

- Não.. meu.

Rolei os olhos e respirei fundo, sentindo ele se aconchegar mais ainda no meu peito e a sua respiração quente bater contra o meu pescoço.

Ele estava com febre novamente e, agarrado em mim desse jeito, eu não conseguiria alcançar os panos frios para baixar a temperatura dele.

A outra alternativa seria deixá-lo sem as cobertas já que estava entrando um pouco de ar frio pela porta da varanda que eu deixei aberta. O problema é que o ar frio combinado com a respiração uniforme dele no meu pescoço, assim como o seu coração batendo em conjunto com o meu, acabaram por me fazer pegar no sono como eu não queria e, a próxima coisa que eu percebi era o sol batendo nas nossas pernas e nós dois suados, mas ainda abraçados um ao outro.

Escutei uma batida na porta e tentei me desvencilhar do garoto novamente. Mais uma vez ele se agarrou a mim em seu sono e reclamou por eu estar querendo deixá-lo. Talvez por estar escuro durante a madrugada ou porque eu estava mais preocupado em cuidar da febre dele, mas eu não tinha percebido como ele fazia um biquinho fofo enquanto segurava firmemente a minha camisa.

Acariciei o seu rosto contrariado e ao ver a sua resposta como um sorriso bonito, beijei o topo da sua cabeça por impulso. Ele suspirou contente e eu quis me bater por ter feito isso.

Esse menino poderia ser realmente um menino ainda e eu estou aqui tendo segundos pensamentos enquanto seu corpo doente e coberto apenas por um roupão não amarrado descansa encima do meu como se pertencesse ali.

KinnPorsche e o não namorado do PrapaiWhere stories live. Discover now