Compreensão

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O senhor Oormond adentrou o banheiro com tranquilidade. Ele havia dando uma pausa no trabalho, pois estava com a bexiga apertada havia uns dez minutos. Ainda não acreditava no que havia acabado de ver no noticiário. Aquilo o deixava nervoso. Ele sabia que o FBI estava investigando coisas estranhas que estavam acontecendo por todo o país.  Mas ver aquilo o que havia acontecido na Itália,  somado ao que havia ocorrido no jardim botânico da cidade o deixava completamente ansioso.

Tao ansioso que ele sentia a bexiga apertada. E ele não era um homem de se deixar levar pela ansiedade daquele jeito. Sentiu a barriga revirar e o estômago embrulhar em sinal de refluxo. Ele adentrou o box com pressa e tratou de trancar a porta. Abriu o zíper da calça, colocou o membro para fora com desespero e permitiu se aliviar. Estava tão desesperado por este momento que até mesmo acabou esbarrando em uma mulher no corredor até o banheiro.

O homem sentiu todo o alívio se espalhar por seu corpo. Mas, mesmo quando acabou de expelir a última gota de urina em seu corpo, o nervosismo ainda se mantinha ali. A ansiedade ainda mantinha controle sobre o seu corpo. Sentia o coração acelerado e o estomago embrulhado.

Estava com um pressentimento horrível.

Sentiu uma sensação estranha e incômoda na barriga. Rapidamente ele abaixou as calças e se sentou na privada. Passou a bater o pé contra o chão, rapidamente, antes de levar o polegar aos lábios, passando a morder a unha. Estava ansioso e sabia o que havia desencadeado aquela reação em si. Puxou o celular do bolso e desbloqueou a tela. A imagem do seu papel de parede explicava tudo. Era uma foto em família com a filha, o genro e os netos. Todos fazendo a típica pose engraçada diante da Torre de Pisa.

Agora ele entendia o que estava havendo consigo.

Tyler estava tendo uma crise de ansiedade pois, pela primeira vez desde que os estranhos eventos começaram e o FBI passou a investigar eles, o homem havia acreditado nos vídeos e nas notícias. E, a pior parte, ele sabia que não estava imune de ser um alvo daqueles eventos. Ninguém estava. Nem ele, nem a sua família. Absolutamente ninguém. E precisou que um dos monumentos mais magníficos construídos pelo homem caísse em menos de um minuto para que ele compreendesse isso. Se algo como aquilo, algum dia, acontecer com ele ou a sua família, eles estavam perdidos. Não havia um jeito de se defender daquilo. A partir do momento que aqueles misseis estranhos fossem disparados, não havia como ele proteger ninguém. Não havia como ninguém se proteger.

Ele temia pela segurança de sua família. Temia receber a notícia de seu chefe ou algum colega de trabalho de que um dos cadáveres na necropsia era de sua família.  Só de imaginar aquela situação o deixou em pânico.  O homem sentiu os olhos arderem e, trêmulo,  discou o número da filha. Levou o aparelho ao ouvido e apoiou a cabeça no braço,  o qual apoiou na parede do box. O número chamou e chamou, mas ninguém atendeu. Ele suspirou e repetiu a chamada, mas, novamente, ninguém atendeu.

Ele se deu por vencido.

Estava tarde. A sua filha sempre dormia cedo para levar as crianças para a escola e depois de lá ir para a academia. Ela não era, nem de longe, uma filha ruim, ou fria consigo. Sempre o chamava para jantares, sempre programando viagens de família e o incluindo. O seu genro também não era ruim. Bom homem, dedicado ao trabalho e a família  e família incluía a todos. Seja os da sua família ou os de sua esposa. Lhe convidava para pescar com frequência, e sempre o alertava de quando seriam os jogos de seu neto para que ele não pudesse faltar nenhum.

- estão todos bem – repetia para si mesmo – estão dormindo. Amanhã eles retornam – e continuava a repetir, como um mantra.

Um baque metálico o surpreendeu. O banheiro fazia um certo eco, algo que sempre odiou na empresa. Ele se assustou com o som e, num sobressalto, acabou deixando o telefone cair. No desespero para recuperar o celular antes que ele caísse no chão  o homem acabou o chutando para o box ao lado. Praguejou quando viu o aparelho deslizar para o lado.

Batalha de ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora