Divertido

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Derek estava sentado no banco em sua oficina, encarando, com um leve sorriso no rosto, o castanho de olhos claros que se encontrava próximo a entrada do estabelecimento. Stiles encarava, com um brilho curioso no olhar, um gato de rua que costumava aparecer por ali. O felino estava entretido em caçar um inseto que se mostrava ser uma presa difícil de se atingir, enquanto parecia não notar o olhar do castanho para si. O Hale sorria com o sorriso bobo nos lábios do parceiro. Stiles parecia maravilhado com o bichano, coisa que era comum em qualquer lugar da terra. Aquele modo de agir de Stiles para com um simples gato fazia Minho questionar a saúde mental do rapaz.

- esse cara não trabalha, não? Já faz duas semanas que ele fica ali, apenas esperando você ir embora – indagou Minho, curioso, enquanto Daimon finalizava o último carro dos poucos que haviam recebido naquele dia.

- não seja rude, garoto. Vai ver ele não está passando por uma situação boa – repreendeu o mais velho, finalmente saindo de baixo do veículo enquanto limpava as mãos.

- mas se ele estivesse em uma situação ruim ele deveria estar procurando emprego, não deveria? E não vagabundando em uma oficina – argumentou o asiático de pele morena vendo o castanho piscar surpreso quando o bichano caiu do banco em que estava caçando uma pequena mariposa. O felino se ergueu, chacoalhando a cabeça, antes de começar a procurar por sua presa, novamente. Daimon deu de ombros para o argumento.

- vai ver a situação dele é psicologicamente complicada e ele precise de um tempo – argumentou Daimon vendo o asiático desviar o olhar para o castanho, vendo o mesmo inclinar a cabeça para o lado, como um filhote perdido que tenta compreender algo.

- deixe o cara em paz, Minho – repreendeu Derek rindo ao ver o castanho mover a mão, como se tentasse afastar algo, incentivando o felino, em silêncio, a conseguir alcançar o seu objetivo. Aquilo fora engraçado e um tanto fofo, ele tinha de admitir.

- é sério, onde você arranjou esse cara? – perguntou Minho encarando o moreno de olhos verdes desviar o olhar para si, não notando quando o animal se aproximou de Stiles, sem notar que o fazia.

- deixe de desconfiança, Minho. O cara é legal, ele só é... um pouco diferente – ditou Derek e no mesmo instante eles voltaram a olhar para o castanho quando ouviram um som estranho.

Derek se viu surpreso, assim como Daimon e Minho, ao se deparar com Stiles e o felino se encarando. O pobre gato de rua estava encolhido, se inclinando para o lado, enquanto rosnava e erguia as garras em ameaça para o castanho de olhos claros. Ele parecia extremamente amedrontado e arisco, já Stiles estava confuso e perdido, enquanto via o animal que jugava bonito e engraçado se encolher com medo de si. O gato tentava a todo custo se defender cada vez que Stiles mexia algum músculo. O demônio olhou para os humanos, confuso, enquanto os mesmos estreitavam o olhar em sua direção. Minho apontou para o castanho quando o felino correu, desesperadamente, da oficina, saindo da mesma com velocidade e subindo em um poste próximo.

- viram isso? Até o Sphinx acha esse cara estranho – argumentou o asiático de pele morena, vendo os dois mais velhos lhe fitarem questionadores – o quê? – indagou confuso.

- você realmente deu nome ao gato que só aparece aqui para deitar nos pneus? – questionou Daimon vendo o mais novo dar de ombros.

- eu gosto dele. E preciso chamar ele por algum nome, não preciso? – argumentou o mais novo vendo o mais velho de todos negar com a cabeça dando as costas, enquanto Derek erguia uma sobrancelha apenas para enfatizar a sua expressão de questionamento.

- Sphinx? Com tanto nome para dar a um gato, você foi dar logo Sphinx? – perguntou Derek, lentamente, expressando completamente a sua opinião contrária ao nome dado ao pobre felino.

- o gato é seu? Então para de reclamar – o mais novo ditou, irritado, antes de dar as costas e seguir para o computador, onde faria a computação do quanto receberam naquele dia para fazer estatísticas no final do mês.

Derek permaneceu abaixado onde estava, enquanto descansava, encarando o castanho permanecer sentado observando os humanos do lado de fora do estabelecimento passarem diversas vezes pela calçada, ou então dentro de carros. Ele sorriu minimamente ao se lembrar do modo como o castanho parecia entretido com o “Sphinx” há alguns instantes. Era difícil de aceitar que aquele adolescente de dezessete anos era, na verdade, um demônio que possuía habilidades mágicas que poderiam destruir prédios em um piscar de olhos com apenas uma palavra.

Ele se lembrou de todos os momentos em que viu aquelas esferas e muros da cor negra arroxeada surgirem depois que ele havia recitado as palavras para Stiles. O moreno de olhos verdes levou uma das mãos ao ombro que há alguns dias ainda estava ferido dos raios de Aiden e Ethan. Ele ainda não entendia como um único livro poderia controlar dois demônios. Mesmo que fossem gêmeos, não fazia sentido. E daí que eles eram iguais até na magia que tinham? São corpos diferentes, pessoas diferentes. Não havia lógica! Derek fora despertado de seus pensamentos quando viu o castanho se aproximar de si e lhe encarar curioso. O rapaz se abaixou a sua frente, imitando a sua pose, enquanto lhe encarava.

- você está bem? – questionou vendo o humano estreitar o olhar em sua direção, confuso com suas palavras.

- estou. Por que? – respondeu vendo o demônio de cabelos castanhos dar de ombros.

- falei com você umas sete vezes, mas você só ficava aí, parado, olhando para o nada – respondeu Stiles encarando o parceiro negar com a cabeça, retirando a mão do ombro antes machucado.

- desculpa, Stiles. Eu estava distraído. O que quer? – desculpou-se o Hale vendo o outro negar com a cabeça.

- tudo bem. Eu só queria avisar que estou indo tomar um café e que já volto – disse o castanho antes de se erguer e ser seguido pelo olhar do outro.

- tudo bem, deixe-me lhe dar algum dinheiro – respondeu Derek vendo o castanho negar com a cabeça.

- não precisa – disse o demônio já dando as costas.

- você sabe que precisa pagar pelo café da cafeteria, certo? – indagou Derek, baixinho, observando o castanho abanar com a mão enquanto caminhava na direção da saída.

- não se preocupe comigo, Derek. É apenas um café – respondeu o castanho e antes que Derek pudesse falar mais alguma coisa, Stiles sumiu do seu campo de visão.

Para o moreno de olhos verdes foi quase não impossível se sentir um pouco receoso com a situação. Stiles poderia, muitas vezes, se parecer com um adolescente normal e maturo, mas na maioria das vezes o Stilinski era tão infantil e despreparado para o mundo o humano que chegava a surpreender a Derek. O Hale achava que a qualquer momento Stiles apareceria em sua porta, algemado, acompanhado de policiais por quebrar as normas da sociedade humana. Era um fato, para ele, que Stiles precisava de alguém que o ensinasse “o certo e o errado” humano, para que ele pudesse passar um pouco mais despercebido por entre as pessoas.

O moreno de olhos verdes encarava a entrada da oficina, indeciso. Ele se perguntava se seria, realmente, uma boa ideia deixar Stiles sair por aí sem ele. Sempre que o rapaz de cabelos castanhos saía, ele retornava com algo estranho. As primeiras vezes Stiles voltava completamente molhado com uma espinha de peixe como palito de dente entre os lábios, há três dias atrás havia sido penas nos cabelos, assim como folhas e galhos secos. Aquilo lhe assustava um pouco, mas ele julgava melhor do que membros humanos pendurados na boca. Decidido em acompanhar o castanho até a cafeteria em que o viu pela segunda vez, no dia e que fora apresentado ao torneio e ao mundo de demônios que lutavam pelo título de rei do Inferno, ele se virou para avisar a Minho que iria dar uma saída, mas parou assim que uma moto adentrou o local. Segundo a regra de atendimento, aquele cliente deveria ser dele, e não poderia transferir para os outros dois, já que ele havia ficado um tempo fora devido ao estado frágil em que se encontrou depois da luta contra Danny e seus parceiros.

- boa tarde – cumprimentou Derek assim que o motoqueiro desceu do veículo e retirou o capacete, lhe cumprimentando.















Stiles não poderia julgar Derek pelo modo aéreo em que o mesmo se encontrava nos últimos dias. Os humanos sempre se assustaram com ele desde que havia chegado ao mundo humano. Saber que tudo pelo que ele havia passado nos últimos dias, o que deveria chocar qualquer humano, era apenas a primeira etapa do torneio realmente deveria ser de assustar. Ele compreendia o ponto do seu humano. Derek era apenas isso. Um humano. Um frágil, indefeso e assustado humano. Qual é? Era compreensível. Derek poderia socar um demônio por horas que não iria fazer efeito algum. Já se ele levasse um golpe de algum demônio? Poderia machucar muito mais do que o esperado, sem contar que as magias eram mortais para eles. Um único Rayh seria o suficiente para matar dois humanos que tentassem bloquear a magia com seus próprios corpos.

O castanho atravessou a rua com velocidade, pouco se importando com as reclamações dos humanos que dirigiam seus carros, os quais foram pisoteados pelo castanho, o que assustou e revoltou os seus proprietários. O demônio de cabelos castanhos parou acima de um parquímetro, ficando em pé sobre o mesmo, olhando ao redor, procurando por algum humano que parecesse disposto a lhe dar um dólar por algum serviço que exigisse algo como esforço braçal. Um tanto chateado por sua busca não ter dado muitos resultados, o castanho cruzou os braços, fazendo um biquinho, enquanto fitava o nada, pensativo. No mesmo instante ele se lembrou de um lugar que sempre lhe ofereciam uma boa quantia por trabalhos simples. Ele saltou do parquímetro no momento em que um guarda de trânsito se preparava para lhe derrubar no chão. O braço do guarda passou por baixo dos pés do castanho, que deu um mortal para a frente, antes de se segurar no poste com uma mão e deslizar pelo mesmo, girando ao redor do poste, chamando a atenção dos humanos para si, mais ainda.

- me desculpe por não poder interagir consigo mas não poderei ficar. Preciso trabalhar por alguns segundos – disse o castanho assim que tocou o chão com os pés.

- acho bom não lhe pegar sobre as coisas de novo, rapaz – alertou o guarda, vendo o castanho lhe reverenciar antes de começar a correr.

O rapaz correu por entre os humanos, tomando cuidado para não esbarrar nos mesmos sem querer. Ele desviava de todos com velocidade e supremacia, vendo alguns dos humanos pararem para lhe fitar boquiabertos. Demorou um pouco, já que Nova York não era uma cidade pequena, mas em questão de algum tempo o demônio estava adentrando as docas com velocidade. Ele se aproximou dos trabalhadores, passando por eles procurando por alguém em específico. Assim que reconheceu o cheiro forte mesclado com o odor de suor, o rapaz sorriu e apertou o passo, passando por alguns trabalhadores que o cumprimentavam, sorrindo impressionados para a velocidade do “adolescente”. Stiles apenas acenou com a mão, enquanto se aproximava de um homem com capacete e prancheta próximo a uma máquina que servia para transportar os containers dos navios para a terra firme das docas.

- algo para mim hoje? – perguntou Stiles parando atrás do humano, como se não tivesse percorrido uma boa distância em tão pouco tempo. O humano se virou surpreso, antes de sorrir para a imagem do adolescente de cabelos castanhos.

- olha você aí. Faz um bom tempo que não aparece. Arranjou um lugar melhor para conseguir dinheiro? Por que eu posso cobrir ele... eu espero – brincou o homem vendo o mais baixo dar de ombros.

- não. Eu só não precisei – respondeu o castanho chamando a atenção do humano para a sua fala. Para um garoto de rua, Stiles estava muito arrumado. Claro, com a mesma camisa rendada estranha, mas ainda estava mais... descente do que antes.

- é impressão minha, ou você está de roupa nova? – perguntou o humano e o castanho sorriu.

- está sem aquele livro estranho também – comentou o humano que manuseava a máquina ali perto.

- achou alguém que conseguisse ler aquele troço? – indagou o humano parado a frente do demônio encarando o mesmo sorrir minimamente.

- é, eu achei, sim. E a roupa é nova porque a minha foi destruída um dia desse – respondeu Stiles dando de ombros vendo os dois humanos direcionarem olhares curiosos e surpreso em sua direção.

- você achou alguém que consegue mesmo ler aquilo? – perguntou o humano da máquina vendo o castanho dar de ombros.

- achei. Agora me diz se tem algo para mim – respondeu Stiles vendo o humano analisar a prancheta em suas mãos antes de estalar os dedos.

- tem umas caixas de madeira lá dentro que estão tortas. Elas não podem ser pegas pela máquina pois correm o risco de cair e quebrar. O seu conteúdo é frágil. Você poderia tentar as colocar no lugar? – perguntou o homem vendo o castanho menear positivamente e correr para o interior do galpão indicado pelo homem.

Assim que fez como fora pedido pelo homem, o mesmo veio averiguar o seu trabalho, antes de lhe entregar vinte pratas por cada caixa que ele havia colocado no lugar. Stiles sorriu para o dinheiro e tratou de voltar a correr, dessa vez saindo das docas. Quando Stiles chegou a cafeteria, ele se encontrava um pouco arfante. Kandance negou com a cabeça para o castanho cansado que se jogou apoiado no balcão da cafeteria. Stiles passou algum tempo conversando com a humana. Ela era engraçada e lhe tratava bem. Ele gostava dela. O demônio estava tão entretido que se quer notou que alguém do outro lado da rua o encarava fixamente através da vitrine da cafeteria, enquanto caminhava por entre as pessoas.

Kandance conversou, o máximo que pôde, com o castanho de estranha camisa rendada, mas logo teve que parar mais uma vez para atender alguns clientes. E esse nesse momento foi quando ela viu. A humana encarou atentamente o que estava por vir, mesmo não sabendo do que se tratava, exatamanete. Kandance se sentia curiosa para ver o desfecho daquilo. Stiles tomava o seu café normalmente, quando ouviu o sino da porta tocar, indicando que alguém entrava ou saía do estabelecimento. Foi quando ele sentiu. Aquele cheiro era inconfundível. Ele olhou para trás por sobre os ombros. O seu olhar era de puro tédio e mal humor, assim como o da criança atrás de si que lhe encarava com seriedade. O que para os humanos daquele café era apenas uma garotinha de onze anos, com um vestidinho azul fofo e um ursinho de pelúcia que confirmava a fofura da criança; era um demônio de presença marcante para Stiles, assim como o rapaz era para a garota.

- onde está o seu parceiro? – a garota foi direta na pergunta, com um tom de voz sério que surpreendeu Stiles.

- por aí. E o seu? – respondeu o castanho vendo a garota dar de ombros.

- fazendo suas futilidades humanas – respondeu a garota vendo o castanho levar o copo plástico aos lábios, bebendo do líquido negro quentinho.

- e então? Como vai ser? – perguntou Stiles passando a olhar para a frente, vendo o reflexo da garota no ar-condicionado prateado.

- podemos chamar eles e nos encontrarmos em um local isolado. Ou podemos simplesmente começar aqui, causar um escândalo, chamar a atenção o suficiente para que mais cedo ou mais tarde um deles apareça e um de nós dois morra – sugeriu a garota vendo o castanho ficar pensativo lhe encarando pelo reflexo do espelho abaixo do ar-condicionado.

- eu prefiro a primeira. Gosto demais desse café para causar algum problema aqui – ditou o demônio mais velho vendo a mais nova concordar com a cabeça.

- também gosto desse lugar.  Me sentiria incomodada se causasse algum dano por aqui. Eles servem um bom milkshake – comentou abraçando o urso com um dos braços.

- não quer tomar algo comigo antes de começarmos tudo? – questionou o castanho vendo a mais nova dar de ombros.

- por mim tudo bem – respondeu a garota se sentando no banco ao lado do castanho.

Eles dois se portavam educadamente, como se conhecessem um ao outro. Bom. Stiles não conhecia aquela garota, mas ela o conhecia. Assim que viu a silhueta do castanho de camisa rendada negra, o seu corpo se tornou tenso, enquanto uma excitação fora do comum lhe dominou em questão de segundos. Ela só faltou salivar por ver quem se encontrava na mesma cidade que ela logo na segunda etapa do torneio. No mesmo instante ela travou, passando a observar o demônio mais velho de longe, enquanto se perguntava se era uma boa ideia o confrontar ali, sem que seu livro e sua humana estivessem por perto para a ajudar com os feitiços. Ela sabia que aquela seria uma batalha intensa. Se o seu adversário tivesse com o parceiro e ela não, seria morte rápida na certa.

Stiles pediu dois milk-shakes para Kandance que encarou os dois com desconfiança. Eles poderiam agir normalmente na visão de qualquer pessoa distraída, mas qualquer um que prestasse atenção sentia a tensão que havia entre a criança e o adolescente. A garçonete encarou as duas pessoas que já havia visto com livros estranhos agradecerem e passarem a ingerir o doce com educação e sem pressa alguma. A moça ficou admirando ambos evitando se olhar diretamente enquanto sugavam o líquido gelado pelo canudo branco com listras coloridas. Ela estava indecisa se questionava alguma coisa ou não. Curiosa, ela decidiu que perguntar não faria mal algum.

- vocês se conhecem? – perguntou a mulher vendo Stiles negar com a cabeça.

- nunca a vi na minha vida – respondeu o castanho surpreendendo a humana, que desviou o olhar para a criança.

- conheço ele de nome e de rosto. Nunca ficamos frente a frente. Se quer chegamos a ficar no mesmo ambiente antes. Nunca, se quer, pensei que ele poderia estar aqui – respondeu a garotinha, causando mais espanto ainda na mulher.

- então o que veio fazer aqui? – perguntou Kandance, se referindo ao fato de a garota ter se aproximado de Stiles para conversar. A mulher viu a menina sorrir ladina.

- eu vim crescer – respondeu a garotinha lambendo os lábios enquanto sentia os seus dentes crescerem atrás dos mesmos.

Ela estava ainda mais excitada com o cheiro do outro tão perto de si. O cheiro dele era tão forte, a presença dele era tão marcante que ela sentia o corpo inteiro tremer em ansiedade. Kandance a encarou confusa, não notando um sorriso vitorioso surgindo nos lábios do castanho ao seu lado. A garota sorriu ao ver, de soslaio, os dentes do castanho crescerem e encolherem diversas vezes, indicando que o mesmo estava tentando controlar a própria excitação.

- não me faça rir, criança. Não vai conseguir crescer aqui – ditou Stiles voltando a sugar o líquido gelado com vontade, enquanto via a garota repetir o seu ato, mas parando brevemente antes de acolher o canudo com os lábios.

A garota sorriu de canto. Kandance piscou os olhos assustada quando viu as duas pessoas levemente estranhas se moverem tão rápido que rla se quer entendeu o que aconteceu. Quando piscou, o braço da garota estava direcionado para o mais velho, enquanto o mesmo segurava o pulso da garota. As unhas da garota estavam tão grandes que chegavam a ultrapassar as de Kandance, e pareciam tão afiadas quando as garras de um gato. Em um movimento rápido, a garota desferiu um soco no rosto do adolescente, quase o derrubando do banco, chamando a atenção de algumas pessoas. Stiles sorriu e desferiu um tapa no rosto da garota, que a lançou para trás, quase alcançando a porta. A criança de vestido azul rolou no chão, antes de parar de quatro, encarando o adolescente. As pessoas se levantaram  indignadas com a agressão sofrida pela garota.

- mas o que pensa que está fazendo?! – indagou um homem, claramente revoltado, indo ajudar a pobre criança.

- Não interfira! – ralhou a garota se soltando bruscamente, surpreendendo o homem por sua força.

A garota avançou contra o rapaz. Ela saltou, dando um mortal para trás, tentando acertar o queixo do mais velho com o peito do pé. Stiles desviou apenas jogando o torso para o lado. Stiles desferiu um soco no abdômen da garota de vestido azul, mas a mesma segurou o seu pulso, o usando de apoio para girar no ar e chutar o rosto do demônio mais velho com os dois pés. Os humanos exclamaram em completo choque. Stiles cambaleou alguns passos, com a cabeça ainda jogada para trás. A garota não esperou por mais nada. Avançando contra o castanho mais uma vez, ela o golpeou com os dois punhos no abdômen, o jogando sentado. Antes que o outro se erguesse, ela avançou de novo, mas fora brutalmente repelida por um chute no rosto. Girando no ar, ela se colocou de pé, antes de avançar mais uma vez. Ela socou o rosto do adversário, mas teve o pescoço agarrado pelo mesmo no processo. Stiles apertou bem a mão ao redor do pescoço da garota, a mantendo no ar.

- eu vou lhe colocar no chão, garota. Mas com a condição de que irá se comportar para que eu possa terminar o meu lanche em paz. Devemos parar antes que causemos um alvoroço maior – ditou o demônio mais alto vendo o corpo da garota amolecer, indicando que concordava.

Stiles soltou a garota, que caiu em pé a sua frente. Os dois começaram a ajustar as duas roupas, antes de voltarem a se sentar nos bancos que ficavam dispostos no balcão. Cada um voltou a acolher o seu milkshake com as mãos, retornando a encarar apenas a frente, ignorando o corpo ao seu lado.

- Cooller – disse calmamente ouvindo o castanho soltar um “hm?”, em questionamento.

- me chame de Cooller – disse a garota vendo o castanho lhe fitar de soslaio.

- devo lhe chamar por algum nome específico, ou pelo que todos lhe chamam? – indagou Cooller vendo o outro erguer o lábio superior minimamente, em desgosto.

- Foxy. Me chame de Foxy – Stiles cortou a garota vendo a mesma menear positivamente, antes de os dois, finalmente, acabarem com o doce em suas mãos.

- devemos ir agora? – perguntou Stiles e a garota deu de ombros.

- por mim tudo bem. Mas onde?

- também não sei

- moça, poderia nos dizer um lugar em que não tenha quase nenhuma pessoa? – perguntou a garota vendo a garçonete lhe fitar confusa.

- para quê querem saber? – inquiriu a mulher vendo os dois finalmente se olharem diretamente.

- lembra que eu pedi para você tentar ler aquele livro? – perguntou Stiles encarando a mulher menear positivamente enquanto lhe fitava confusa.

- lembro – respondeu a mulher vendo o castanho dar de ombros.

- você viu o meu livro naquele dia – disse a garotinha vendo a mulher lhe fitar surpresa.

- aquele livro era seu? – perguntou a mulher vendo a garota menear positivamente.

- eu quero queimar o livro dele e ele quer queimar o meu livro – a garotinha fora direta novamente vendo a mulher os fitar com confusão.

- e qual é o objetivo disso? – perguntou a mulher vendo a menina sorrir ladina, enquanto o castanho sorria vitorioso

- poder – responderam os dois ao mesmo tempo encarando a mulher os fitar confusa e com questionamento.

- vamos fazer o seguinte: chamamos os nossos parceiros e nos encontramos aqui na frente do café. Eles conhecem esse lugar melhor do que nós dois. Eles que decidem onde vai ser – sugeriu o castanho vendo a garotinha dar de ombros.

- por mim tudo bem – disse a garota e ambos se levantaram ao mesmo tempo.















Derek suspirou cansado. A moto havia lhe dado um pouco de trabalho, mas ele conseguiu finalizar dentro do tempo em que o cliente precisava para que não se atrasasse para o compromisso que tinha, o qual parecia ser bastante importante devido ao desespero do motoqueiro. O Hale encarou Daimon bocejar sentado no chão, próximo ao vestiário, enquanto se preparava para tirar um cochilo rápido, já Minho estava mexendo no computador sobre o balcão, ignorando a imagem de Derek quando o mesmo passou por si para se aproximar do caixa. O moreno de olhos verdes contou o dinheiro mais uma vez, o separando, enquanto pedia para Minho retirar alguns produtos da lista do estoque no computador.

Eles trabalhavam tranquilamente. Aquele dia era um dos poucos em que eles tinham bastante tempo livre. O moreno de olhos verdes fechou a caixa registradora e viu o celular vibrar sobre uma das prateleiras do balcão. Ele direcionou o olhar para o aparelho na prateleira de baixo, vendo o nome de Cora brilhar na tela. Ao atender a chamada, ele teve que afastar o celular do ouvido com velocidade quando Cora gritou animada do outro lado.

- o que você quer, Cora? – indagou Derek voltando a aproximar o aparelho do rosto.

- como você é frio, Derek! – exclamou a mais nova do outro lado, causando estranhamento em seu irmão, que estreitou o olhar para o nada.

- Cora, o que você aprontou? – perguntou Derek vendo Minho lhe fitar curioso.

- olha, não vou tentar enrolar porque eu estou indo resolver um problema que teve na área das docas. Então, eu meio que, sem querer,... faleiproirm... – a mulher falou rápido demais e em um tom de voz baixo, quase em um murmúrio.

- você o quê? Eu não entendi nada – indagou Derek cobrindo a outra orelha com a mão quando a irmã mais nova repetiu, novamente, rápido demais.

- fala devagar, desgraça! – ralhou o mais velho e a mais nova respirou fundo uma vez.

- eu falei para o irmão da Jennifer sobre o divórcio – falou a mulher não podendo ver a expressão de choque do mais velho do outro lado.

- VOCÊ O QUÊ?! – gritou Derek fazendo Daimon se sobressaltar assustado.

- foi sem querer! A gente se encontrou no mercado e começamos a conversar, eu sem querer soltei a bomba quando ele perguntou quando haveria mais uma reunião de família. Ele disse que quer conversa com você a respeito do divórcio de vocês – disse a mais nova dos três irmãos, ouvindo o mais velho suspirar do outro lado da linha.

- eu preferia um demônio ao invés do Philip – murmurou Derek esquecendo-se completamente que ainda estava com a irmã na linha.

- ele não é tão ruim. Sem falar que se ele perder a cabeça você é lutador. Para você botar aquele cara no chão vai ser moleza. E qualquer coisa eu sou policial, mano. Eu posso prender ele em dois tempos. Não que eu queira ele preso. Ele é legal. Mas o código Hale não me permite ignorar o fato de ele tentar lhe agredir caso isso ocorra. Agora deixa eu desligar que já cheguei ao local – disse a mulher desligando a chamada não dando tempo para Derek dizer mais nada.

O moreno de olhos verdes suspirou afastando o aparelho do rosto e encarando o nada. Philip, o seu cunhado, era até uma boa pessoa, calma e compreensiva, mas ele tinha um certo histórico quando se tratava da irmã mais velha. Ele sempre se envolvia em brigas por Jennifer e a coisa nunca saía boa para a outra pessoa. O Hale era um bom lutador, melhor do que Philip, com toda a certeza, mas o Blake era ainda maior do que si no quesito massa muscular. Ele não tinha medo do homem. Derek tinha receio de o cunhado não aceitar o fato de que a irmã havia desonrado a ela mesma e ao casamento que tinha. Philip era tão protetor que as vezes se tornava cego em relação a irmã.

Por falar no diabo, Derek teve um choque e tanto ao olhar para a entrada da oficina e ver a mulher, encolhida em si mesma, lhe encarando em silêncio do outro lado da rua. O moreno de olhos verdes sentiu o corpo queimar em fúria enquanto um ódio descomunal lhe dominava com velocidade. Derek fechou o semblante em uma expressão de poucos amigos, vendo a mulher dar um passo para trás. O homem seguiu para o lado de fora do estabelecimento sem desviar o olhar do de Jennifer, que permaneceu a recuar por entre as pessoas. O Hale se viu mais furioso ainda. O que Jennifer fazia ali, lhe encarando de longe?

Estaria ela a espera de sua saída, na esperança de arrancar mais dinheiro da oficina? Ah, Derek se sentiu mais furioso ao se lembrar do que Jennifer fizera consigo. A mulher recuou mais, dando as costas a oficina e ao moreno de olhos verdes. Derek iria gritar para que ela parasse, mas assim que abriu a boca, Stiles surgiu a sua frente com velocidade, lhe assustando. O demônio lhe segurava pelos ombros, enquanto lhe encarava com seriedade. Parecia estranho, mas Stiles estava... animado? É, ele parecia mais animado do que o comum, quase feliz.

- Derek, está livre, agora? – perguntou o castanho de olhos claros vendo o moreno de olhos verdes-lhe encarar com seriedade, antes de desviar o olhar para onde antes estava Jennifer, vendo que a mesma já havia sumido.

- o que você quer? – ele voltou a encarar o castanho, que ainda lhe segurava pelos ombros.

- está livre? Tipo, muito livre? – Stiles repetiu a pergunta, animado.

- estou, eu acho. Por que? – questionou Derek, desconfiado de toda a animação de Stiles.

Não era como se Stiles fosse mal-humorado, ou pouco animado. Longe disso. Aquele demônio de cabelos castanhos era elétrico e bastante animado, sempre procurando algo para lhe entreter e sempre se mostrando muito curioso e aberto a experiências. Só que, naquele momento, Stiles parecia mais animado do que nunca. E isso era estranho. Algo dentro de Derek dizia que algo estava errado.

- espero que esteja com a sua máscara – sussurrou Stiles lançando um olhar sugestivo para o moreno de olhos verdes, que lhe fitou confuso por um tempo, antes de tomar uma expressão de choque.

- você está me dizendo que...

- temos uma batalha – Stiles anunciou, ainda em sussurros para que Minho e Daimon não lhe escutassem. Derek lhe fitou surpreso antes de olhar ao redor, xingando baixinho. Ele estava tenso. Jamais se perdoaria se algo acontecesse aos seus amigos, muito menos queria que sua preciosa oficina fosse destruída em uma batalha.

- Derek, se acalme. Ela não tem intensão de causar danos aos humanos, assim como nós – o Stilinski tratou de tranquilizar o moreno de olhos verdes, que respirou um pouco aliviado com a informação.

- e onde ela está? – perguntou Derek vendo o castanho cruzar os braços diante do peito.

- em frente ao café onde Kandance trabalha. Marcamos de nos encontrarmos lá, mas não para lutar. Estamos indo lá para você e o guardião dela decidirem qual é o local mais deserto para lutarmos – Stiles tratou de explicar rapidamente antes que o Hale surtasse ao saber que dois demônios se encontrariam na frente de um café.

- tem certeza de que não irão usar as pessoas do café como reféns? – perguntou Derek vendo o menear positivamente.

- eu sei que não. Cooller é ambiciosa e o cheiro dela era de excitação. Ela quer essa luta, não apenas uma vitória simples – respondeu Stiles com um sorriso vitorioso nos lábios, antes de deslizar a ponta da língua pelo lábio inferior, em desejo.

- você está animado com essa luta? – questionou Derek ainda em sussurro.

- eu estou excitado para isso, sim. O cheiro dela era ácido e forte. Apenas demônios fortes tem um cheiro ácido e forte – disse Stiles sorrindo para o moreno de olhos verdes, que lhe fitou um tanto preocupado.

- o que vocês dois tanto sussurram, hein? – questionou Minho, chamando a atenção da dupla, que lhe fitou. Derek com surpresa e Stiles com animação.

- certo, eu só vou tomar um banho rápido. Eles não precisam saber onde trabalho – sussurrou Derek, antes de se virar para o amigo.

- ah... nada demais. Apenas bobagens. Escute, Minho, eu vou dar uma saída. Devo demorar um pouco, mas chego antes de fecharem a oficina – ditou Derek indo até o vestiário enquanto Minho e Daimon estreitavam o olhar na direção do Hale, antes de desviarem o olhar para Stiles, que se abaixava, sorrindo animado e abraçando o próprio corpo. Ele estava animado para poder enfrentar a garotinha de cabelos castanhos e vestido azul escuro. Tão animado que se quer conseguia disfarçar toa a sua animação e excitação.

- isso tem que ser demasiado divertido – murmurou olhando para as próprias mãos unidas, enquanto sorria largo na direção delas, o que gerava olhares confusos e Minho e Daimon em sua direção.


Batalha de ReisWhere stories live. Discover now