Gosto

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Como eu posso decidir o que é certo


Quando você está confundindo minha mente?

Eu não posso ganhar sua luta perdida

O tempo todo



Allison começou a cantar ao mesmo tempo em que Lydia se sentava no chão do estúdio em que a banda de sua parceira ensaiava as musicas deles. A ruiva segurava o seu livro no colo, enquanto observava o grupo de seres humanos fazer o que tanto gostava. A música era boa, a ruiva não tinha como negar.



Agora, posso nunca ter o que é meu

Quando você está sempre tomando partido

Mas você não vai arrancar meu orgulho

Não, não desta vez

Não desta vez



Realmente era impossível negar o talento deles. Aqueles homens eram bons tocando aqueles instrumentos difíceis. Quando Allison e Lydia se tornaram parceiras, a morena fez questão de apresentar a ruiva aos amigos. Todos, claro, induzidos pela beleza da garota demônio, usaram de vários meios para chamar a atenção da garota que veio de outra dimensão. Todos tentaram ensinar a Lydia a tocar algum dos instrumentos, mas falharam miseravelmente. A ruiva era inteligente, mas não nasceu para tocar instrumento algum e sabia disso. Até mesmo no Inferno ela tentou, mas nunca obteve êxito. Não levava jeito para tocar, apenas cantar.



Como nós chegamos aqui?

Quando eu costumava te conhecer tão bem

Mas como nós chegamos aqui?

Bem, eu acho que sei como



Allison desviou o olhar para a dona do livro que ela protegia, vendo a garota amarrar o cabelo em um rabo de cavalo, colocar o livro dentro da própria camisa e retirar, do interior da camisa, na altura do peito, um pingente na forma de um prisma. A humana ficou um tanto preocupada e por pouco não desafinou, o que geraria discussões no grupo. Ultimamente, eles vinham brigando muito por causa da preocupação de Allison para com Lydia e o tal torneio do qual elas estavam participando como uma dupla.




A verdade está escondida em seus olhos

E está na ponta da sua língua

Apenas fervendo no meu sangue

Mas você pensa que eu não consigo ver

Que tipo de homem você é?

Se você for mesmo um homem

Bem, eu irei descobrir isso

Por mim mesma

(Estou gritando: Eu te amo tanto)

Por mim mesma

(Meus pensamentos você não pode decifrar)



A Argent cantou encarando, fixamente, a ruiva, vendo a mesma fechar os olhos e suspirar, se concentrando em espiar o futuro mais uma vez. Ela fazia aquilo todo dia. Primeiro Lydia olhava o futuro, vendo as mesmas imagens que via todo santo dia, o que a frustrava; depois a ruiva exausta e extremamente aérea. Ela desejava, no fundo do peito, que o futuro mudasse. Que as imagens não se repetissem, como no dia anterior. Mas o seu desejo parecia que nunca iria se realizar.



Como nós chegamos aqui?

Quando eu costumava te conhecer tão bem, yeah

Mas como nós chegamos aqui?

Bem, eu acho que sei como



Allison viu as sobrancelhas de Lydia se moverem levemente, antes de o pingente começar a flutuar entre suas mãos. As imagens voltaram a ser exibidas na mente da garota de cabelos cobreados, lhe deixando decepcionada.

Tudo estava vermelho, como se sangue fosse derramado em seus olhos, mas era brilhante, como se uma luz forte viesse da sua frente. E então a troca de ambientes começava. Primeiro com um ambiente que se parecia com uma avenida humana, depois virava algo que se parecia com uma caverna, para em seguida ser um local aberto, mas com algumas pilastras que não seguravam nada. Uma risada maléfica era ouvida, um tanto abafada.

Um corpo surgiu diante da ruiva, mas logo virou pó, como se tivesse virado cinzas e as mesmas fossem levadas pelo vento. Uma estrela se apagou no céu, restando apenas seis. Um homem fora visto jogando a cabeça para os céus e gritando de dor, enquanto abraçava algo grosso. A risada começou a ser mais audível, ao mesmo tempo em que flashs estranhos surgiam. Um homem erguia um dos braços para a lua, enquanto braços surgiam do chão, também erguidos para a lua. Um casal e um garoto erguiam os punhos para um trono, enquanto eram cercados por pessoas sob a luz do luar. E foi então que ele apareceu novamente.

O dono da risada que atormentava a ruiva todos os dias. Uma silhueta escura, com olhos e dentes brilhantes. Um olhar predatório acompanhava o sorriso vitorioso, enquanto o humano atrás de si erguia o livro aberto, com os cabelos longos balançando ao vento, e pronunciava algo que ela não conseguia ouvir. Da mão do demônio, uma luz escura, quase preta saiu, a cegando.



Você percebe o que fizemos?

Nós fomos e fizemos tantas tolices

De nós mesmos

Você percebe o que fizemos?

Nós fomos e fizemos tantas tolices

De nós mesmos



A ruiva abriu os olhos de prontidão, ao mesmo tempo em que puxava o ar com força para os pulmões. Aquilo sempre ocorria quando ela via o futuro. Ela não era tão boa quanto a sua mãe. A mulher tinha tanta habilidade que nem precisava se sentar para fazer aquilo. Ela simplesmente levava a mão para o cristal em seu peito e tudo ocorria naturalmente. Ela abria os olhos e dizia os pontos que eram relevantes e aqueles que podiam ser ditos. Algo que a mulher sempre lhe ensinou em suas aulas de clarividência era que: “Não é só porque podemos ver o futuro, que ele deve ser revelado”.

Há coisas que devemos guardar para nós mesmos. Esse era o ponto. O futuro poderia ser traiçoeiro, principalmente quando revelado. O destino não é algo definido por uma entidade ou algo que se mantém desde o início. O destino era como uma corda. Era feito pelo trançar de vários fios. Fios que, se não trançados corretamente, destroem a corda.

O destino não passava de um monte de caminhos trançados de todos os seres vivos.

A corda da vida.



Como nós chegamos aqui?

Quando eu costumava te conhecer tão bem, yeah, yeah

Bem, como nós chegamos aqui?

Quando eu costumava te conhecer tão bem.

Eu acho que sei

Eu acho que sei



A frustração dominou a ruiva, novamente. Ela apoiou o rosto nas mãos, tentando conter as suas emoções negativas. Aquilo não era bom para um demônio do seu nível. Ela deveria trancar aquilo para liberar em sua cama, não durante o dia, onde poderia ser atacada e ferrar com tudo. Ela era da elite. Ser derrotada tão cedo não lhe geraria nada além de desgraça e mais decepção.

Mas, afinal, o que ela deveria esperar? Que, de uma noite para outra, ele fosse derrotado? Assim tão fácil? Não. O seu maior inimigo naquele torneio era um demônio bastante forte. Mais forte do que a maioria dos concorrentes. Forte o suficiente para pertencer a um dos clãs mais fortes do Inferno. Um clã tão forte quanto o da família real.



Há algo que vejo em você

isso pode me matar

Mas eu quero que seja verdade


Allison terminou de cantar e assistiu a ruiva se recompor, enxugando as lágrimas de seu rosto e começar a aplaudir o ensaio. Como ela sempre fazia. Sempre que a banda acabava de ensaiar uma música, ela batia palmas, como se estivesse em um tipo de show particular. No início, o baterista, Franckie, gostava da presença da ruiva nos ensaios, mas quando Allison passou a ficar mais entusiasmada com a ruiva do que com o objetivo da banda, a situação mudou. O homem passou a odiar Lydia de uma forma inexplicável. Da noite para o dia, o homem passou de atração para ódio.

Ele não apreciava em nada a presença da garota demônio. Bastava Lydia adentrar o mesmo ambiente que ele para que o baterista revirasse os olhos em tédio e desprezo.

- por hoje está bom – disse o guitarrista já soltando o instrumento no apoio do mesmo.

- concordo – ditou o baixista se jogando no sofá.

Allison se afastou dos amigos de escola, se aproximando de Lydia, que guardava o cristal em seu pescoço, novamente. A ruiva pareceu despreocupada na frente da humana, mas a morena sabia que a parceira estava apreensiva. Lydia estava obcecada com aquilo. Ela estava presa àquele demônio. Era incrivelmente perceptível. A ruiva via o futuro todos os dias por causa daquele demônio e ainda vivia a tentar localizar o mesmo com o cristal, o que lhe exigia esforço mental excessivo.

Ela andava um trapo devido a sua busca incessante pelo seu inimigo. A garota de cabelos ruivos não comia muito bem, ultimamente, nem dormia também. Allison via o quão Lydia havia mudado para poder se dedicar a sua busca. O demônio, que antes comia porções surpreendentes de comida, agora comia porções humanas e somente nos horários marcados. Dormir? A garota dormia apenas quatro horas por noite, sendo que antes ela costumava dormir quase dez horas por dia.

A Argent se sentia mal com tudo o que Lydia estava fazendo consigo mesma. Aquilo não era saudável nem para os demônios. Era possível perceber pela perda do controle do próprio corpo. A ruiva estava começando a perde o controle sobre os próprios olhos, que se tornavam vermelhos quase o tempo todo, o que forçava o demônio a usar óculos escuros quase o tempo inteiro para esconder o brilho vermelho dos outros humanos.

- a mesma coisa? – questionou a humana vendo o demônio lhe fitar por detrás dos óculos.

- sim – respondeu desanimada, antes de suspirar. – ele anda não teve o livro queimado –

- era de se esperar, certo? Você mesma disse que ele é um dos mais fortes entre os participantes – Allison tentou confortar a ruiva, falhando de forma humilhante.

- acho que não devo esperar que alguém ganhe dele – falou a mais nova, pensativa.

- o que quer dizer com isso? – indagou a Argent, confusa.

- não devo esperar o futuro, Allison. Está claro para mim a ultima parte da visão – ditou a garota com mais convicção.

- o que ela significa? – indagou a humana, curiosa.

- que eu não vou voltar para o meu mundo – respondeu Lydia, séria. Allison engoliu em seco, processando as palavras da parceira.

- como assim? Não vai voltar? Então vai ficar aqui? Mas assim ninguém vence. Não até restar apenas um de pé – argumentou a Argent, perdida.

Ela estava realmente confusa. Ela sabia das regras do torneio. Apenas o último a ficar de pé se tornaria o rei do Inferno. Se Lydia não iria voltar, então o torneio não teria fim? Significava que Allison não iria ser o suficiente para ajudar a ruiva a realizar o seu sonho de ser a próxima rainha? Eram tantas questões para a morena processar naquele momento, que ela havia se esquecido de uma regra do torneio.

- eu não vou voltar, Alli... – começou a explicar a ruiva, vendo a morena voltar a lhe encarar nos olhos a espera de uma resposta. – porque eu vou morrer. –

Allison recebeu o impacto da afirmação da ruiva, levando a mão a boca e caindo sentada no chão. Ela parou para pensar, apreensiva, tentando achar um jeito de proteger a parceira daquilo. A humana tinha que achar um jeito de livrar Lydia daquele futuro trágico. E foi pensando nisso que a morena se ergueu, tratando de erguer a ruiva junto.

- não vai rolar – ditou Allison vendo a parceira sorrir e segurar as suas mãos.

- está tudo bem, Alli. Se é para ser assim, pelo menos vou tentar impedir que ele se torne o rei. Não vou deixar ele ser o próximo a suceder o trono. – disse a ruiva tentando acalmar a humana, que já dava indícios de desespero.

- eu já disse que não vai rolar. Vamos achar um jeito de mudar isso! E se.... Eu não sei... Tentarmos impedir alguma coisa de sua visão de ocorrer? – questionou a Argent vendo a ruiva franzir o cenho para si, pensativa.

- eu já ouvi falar sobre isso em um filme. Se você impedir que um fator importante ocorra, como aquele cara que você viu virar pó, por exemplo. Se aquilo for algo importante, o futuro todo muda, não é? – explicou a morena tentando arrancar a ajuda da parceira. Lydia teve aulas sobre essa coisa de futuro, não ela. O demônio poderia saber disso melhor do que ela.

- pode dar certo. Ou podemos pegar ele primeiro. Na minha visão, a minha morte é a ultima cosia que acontece. E uma visão futura informa acontecimentos que vão levar tempo para ocorrer. Significa que vou morrer em meses. Se enfrentarmos ele antes disso, pode ser que tudo mude – falou a ruiva sorrindo um tanto ansiosa.

- perfeito! Se nós o pegarmos de surpresa, podemos acabar com ele e mudar tudo! – exclamou a humana, animada.

- eu vou tentar achar ele mais rápido – ditou a ruiva vendo a humana menear positivamente.

- faça isso – disse a Argent antes de o baixista se jogar entre as duas com o celular na mão.

- aí, vejam o vídeo que me mandaram. É sobre as coisas estranhas que foram filmadas – ditou o homem dando play no vídeo, já que as duas sempre mostraram interesse naquilo quando passava nos jornais.

O vídeo se tratava de uma compilação de vídeos em que magias foram filmadas pelos humanos no mundo todo. Da América à Oceania. Várias imagens de magias de vários elementos e tipos ocorrendo em vários cenários, alguns com os nomes dos locais sendo exibidos. No meio do vídeo, Lydia se viu perplexa ao ver uma magia conhecida por si ser mostrada no vídeo. No mesmo instante ela se jogou sobre o humano, o surpreendendo.

- volta um pouco! – ordenou ansiosa

- calma – pediu o baixista topando no canto esquerdo da tela duas vezes, voltando o vídeo em dez segundos. Voltando para o momento exato da aparição da magia que ela reconheceu.

- que lugar é esse? – questionou com seriedade vendo o humano a fitar confuso.













A porta do elevador mal se abriu e Derek praticamente correu para fora do mesmo. Ficar no mesmo ambiente que a sua ex-mulher lhe dava uma sensação ruim. Um misto de sensações, na verdade. Como se, nas batidas do seu coração, fossem misturados a raiva, a decepção e a saudades de uma única vez. Como um milk-shake confuso de emoções. Ele havia ido até o térreo buscar a mulher, pois já havia deixado a entrada da mesma extremamente proibida para todo e qualquer porteiro. Ele só não esperava que iria se arrepender tanto.

A mulher ainda mexia consigo, ele não podia negar. O Hale ainda não estava pronto para ficar cara a cara com Jennifer, muito menos a levar para casa, onde passaram tantos momentos juntos. Onde tiveram uma vida juntos. Aquilo estava mexendo demais consigo. Ele não iria conseguir fazer aquilo sozinho. E se Jennifer quisesse voltar? E se ela o convencesse a voltar? Derek precisava de ajuda. Precisava, principalmente, impedir que Jennifer se aproximasse de si. E ainda mais importante, necessitava tirar da cabeça da mulher qualquer ideia de tentativa de reconciliação.

- antes que diga qualquer outra coisa, não vamos voltar. Você veio conversar e, se possível, já quero que saía daqui com as suas coisas – disse Derek já abrindo a porta do apartamento e avançando para a cozinha, onde iria preparar um chá para ambos.

Ele precisava de chá.

Muito chá.

Precisava se acalmar.

- estamos sozinhos? – questionou Jennifer olhando ao redor, constatando que o lugar se encontrava o mesmo que ela deixou quando fora flagrada por Derek se prostituindo por um aumento para o homem.

- por hora – respondeu Derek, choramingando por dentro.

Maldita hora em que Stiles saiu de casa. Ele não havia entendido muito bem. O demônio falou que iria dar uma volta, pois precisava alongar as pernas e se manter em forma, O que era um tanto estranho, já que o castanho passava a maior parte do tempo deitado, apenas lhe seguindo ou esperando algo acontecer. Mas o moreno ignorou pois se lembrou da noite em que encontrou Stiles malhando em sua sala. Ele se pegou pensando na pergunta de Jennifer e engoliu em seco ao imaginar o motivo da questão.

- sobre o que queria conversar? – questionou o Hale sem encarar a ex-mulher que o observava com tristeza no olhar.

- eu quero esclarecer tudo, Derek. Lhe explicar as coisas – respondeu a mulher apertando a mão entorno da alça de sua bolsa.

- esclarecer o quê, Jennifer? Que você estava me traindo? Se for isso, já está mais do que esclarecido – ditou o moreno, furioso.

- Derek... Eu... Só... Eu estava tentando lhe ajudar a crescer naquele lugar – argumentou a mulher vendo o homem soltar o ar, indignado, e lhe fitando por sobre os ombros brevemente, negando com a cabeça.

- eu não aguentava mais ver você chegar em casa todo quebrado para ganhar aquela mixaria! – exclamou a mulher, já um tanto indignada pela acusação do marido.

- se passou, assim, pela sua cabeça QUE EU NÃO QUERIA ISSO?! – Derek não conseguiu conter a fúria dentro de si, chegando a socar o balcão da cozinha com extrema força.

O moreno pôde ouvir o som dos seus ossos reclamando pelo golpe. O estalo fora audível até mesmo com o som de sua voz estando elevado. Jennifer se retraiu com a fúria do homem. Derek era o dobro de si no quesito massa muscular. Se ele perdesse a cabeça era capaz de ela temia não sair viva dali. Por mais que Derek nunca tivesse se mostrado um homem agressivo com ela ou qualquer outra mulher, Jennifer, mais do que ninguém sabia o que ocorria quando as pessoas eram cegas pela raiva. Ela tinha de tentar uma abordagem mais segura, que não fizesse o homem perder a cabeça.

- está tudo bem por aqui? – questionou Stiles surgindo atrás de Jennifer, assustando a mulher e surpreendendo o moreno.

- quem é você? – inquiriu a mulher vendo o castanho lhe ignorar para manter o olhar sobre o moreno de olhos verdes.

- já voltou? – indagou Derek colocando uma xícara de chá na mesa para Jennifer, enquanto ele envolvia a outra com a sua mão.

- já. Achei melhor ficar por aqui. Você disse que sua ex-mulher vinha aqui, hoje – respondeu Stiles passando por Jennifer e se colocando ao lado do moreno, também se apoiando no balcão com a cintura.

- está tudo bem, eu só... Me exaltei um pouco – Derek respondeu a pergunta do castanho, sentindo o mesmo apertar o seu ombro suavemente, como se lhe dissesse que iria ficar tudo bem.

- prazer, eu sou Jennifer. A mulher do Derek. E você, quem é? – se apresentou a castanha, vendo o castanho de pele clara lhe fitar.

- pode me chamar de Stiles – ditou o Stilinski vendo a mulher franzir o cenho para si assim que Derek ergueu a mão em sua direção e ele a acolheu quase que imediatamente.

- hm – tentou dizer Derek enquanto engolia o chá que se encontrava em sua boca, chamando a atenção de ambos os castanhos e impedindo que Stiles respondesse.

- esse é Stiles Stilisnki, meu namorado – falou o moreno, observando com os seus olhos verdes o choque de Jennifer ser expresso na face da mulher.

O silêncio reinou por segundos, diferente do que Derek pensava. Jennifer começou a rir, para a confusão da dupla que se encontrava apoiada no balcão. A mulher passou a gargalhar, levando uma mão ao rosto, cobrindo o mesmo, antes de passar a negar com a cabeça. A castanha parou de rir, aos poucos, ainda negando com a cabeça, antes de suspirar e tomar um pouco do chá que lhe fora servido.

- eu não sei se acho graça, ou se me indigno com a sua tentativa de fingir que me superou assim tão rápido – falou Jennifer vendo Stiles franzir o cenho para si.

- não foi uma tentativa de fingir nada, Jennifer. Eu lhe superei. Não tenho mais nada por você a não ser raiva – ditou Derek entrelaçando os dedos nos de Stiles, que encarava a mulher com seriedade.

- eu não gosto dela – falou o castanho tentando segurar o som que se assemelharia a um rosnado em sua garganta.

Aquele som poderia despertar a atenção de Jennifer para si e a sua verdadeira espécie, o que dificultaria as coisas se a mulher decidisse lhe infernizar pelo termino do casamento. Mas o principal motivo para ele segurar as reações de seu corpo era Derek. Ele temia assustar o humano com as habilidades de seu povo. O Hale tinha o costume de associar a sua espécie a seres espectrais que tinham o mesmo nome dela. Ele evitava assustar o humano para que ele não perdesse o foco do torneio.

- Derek, por favor, pare que está feio. Eu conheço você. Você olhar na minha cara e me dizer que está namorando um homem? É hilário. Eu me casei com você, transei com você. Sei que não gosta de homem. Nós nos amamos, Derek. Não faz nem dois meses que brigamos. Você me ama demais para arranjar outra pessoa assim tão rápido. Imagine, então, um homem. – argumentou a mulher cruzando os braços e sorrindo para os dois homens a sua frente.

- pelo visto, assim como eu não sabia que você era uma vadia, você também não sabia dos meus gostos – Derek tentou manter a pose, ainda segurando a mão do castanho.

Jennifer sorriu vitoriosa, mas ela sabia que havia uma certa insegurança em seu peito. Por um momento, ela realmente temeu que o que ouvia fosse verdade. E se ela não soubesse que Derek também gostava do mesmo sexo? E se o Hale realmente a tivesse superado, a esquecido? Ela não iria suportar perder o homem que amava. Jennifer iria enlouquecer.

- prove – ordenou a castanha, em um choque de adrenalina.

- o que? – indagou Derek, receoso.

- vamos, prove que o que me diz é verdade. Me prove que realmente estão namorando – desafiou Jennifer, sentindo-se orgulhosa por seu feito.

Derek deixou o queixo cair levemente, procurando algo para falar, talvez argumentar. Ele não havia pensado naquela hipótese e se sentia um estúpido por isso. É claro que Jennifer refutaria e ainda pediria que ele provasse. Mas ele não tinha como provar o que não era verdade. O Hale lambeu os lábios, nervoso por ter sido descoberto tão fácil. Corado. Era assim que ele estava devido a vergonha de ter a sua mentira descoberta tão fácil.

- quando você diz para provar, você quer dizer... – o demônio sorriu ladino, separando a sua mão da do moreno e a levando ao rosto do mesmo, o fazendo olhar para si, curioso.

Derek se viu surpreso com o toque suave da mão do demônio em seu rosto. Ele olhou para Stiles, obedecendo a ordem silenciosa da mão do castanho em seu queixo. Ao fixar o olhar em seu parceiro, Derek pôde ver o olhar desafiador de Stiles para Jennifer e o sorriso travesso que moldava os lábios do demônio. A respiração de Stiles batia contra os lábios de Derek, que ficou mais vermelho ainda, sentindo o hálito fresco do Stilinski ao suspirar, nervoso.

- algo como isso? – questionou o demônio, sorrindo vitorioso pela expressão de desespero que o rosto de Jennifer tomou.

Derek ainda vermelho, não conseguia entender o que estava acontecendo. Quando o moreno de olhos verdes deu por si, já estava com a língua na língua de Stiles, com ambas se movendo calmamente, se movendo sem se separarem em momento algum. Para a surpresa de Derek, o beijo não lhe incomodou em nada. Muito pelo contrário, fora bom. Para o choque de Jennifer, que já estava preparada para acusar o ato de falso, os dois separaram lentamente as bocas quando o Stilinski encostou a testa na do moreno, o que acabou por exibir uma pequena parte da união de suas línguas, que passaram a se afastar. Derek reaproximou os lábios dos lábios do demônio, os tomando em um beijo casto e rápido, antes de sugar o lábio inferior do Stilisnki enquanto se afastava, um tanto aéreo.

- SEU FILHO DA PUTA! – gritou a mulher, tratando de jogar o chá quente nos dois homens, sendo surpreendida quando o castanho empurrou o moreno para o lado a tempo de afastar o mesmo do líquido quente.

Derek pareceu acordar do seu estado aéreo quando sentiu o corpo quase cair com o empurrão de Stiles. Confuso, olhou para o castanho vendo a pele clara do mesmo ser queimada pelo chá quente que antes estava na xícara na mão de Jennifer. Não satisfeita com o que fizera, a castanha ainda jogou a xícara na cabeça do castanho, vendo o homem agarrar o objeto na mão sem problema algum, a surpreendendo novamente. Stiles colocou a xícara no balcão e olhou para a mulher com fúria, vendo a mesma lhe fitar assustada.

- MAS O QUE PORRA VOCÊ FEZ?! – gritou Derek furioso ao ver a pele clara do parceiro se tornar levemente avermelhada.

- VOCÊ VAI PAGAR POR FAZER ISSO COM O MEU MARIDO! – ameaçou a mulher puxando a primeira gaveta do armário e retirando de lá a tesoura que sabia que estaria ali.

- JENNIFER, SAIA DAQUI, AGORA! – gritou Derek, se jogando sobre a mulher e tratando de tentar conter a mesma antes que ela fizesse alguma burrice.

- SE AFASTE DE MIM VOCÊ TAMBÉM – gritou Jennifer que, em um impulso de fúria, iria cravando a tesoura no peito de Derek, quase acertando o coração do mesmo.

O moreno se afastou, notando que a tesoura fora parada pouco antes do seu corpo. Ao olhar melhor para a tesoura na mão de Jennifer, o moreno de olhos verdes pôde ver que a lâmina da tesoura estava ensanguentada. No final da lâmina da tesoura, Derek pôde ver a mão de Stiles, que era atravessada pelo objeto e se fechava sobre o punho de Jennifer, o pressionando. A mulher olhava surpresa para o homem, que não parecia expressar nada além de raiva.

- saia desse apartamento. E eu nunca mais quero ver você perto do Derek. Se eu encontrar você perto dele novamente, você vai precisar de proteção divina – ameaçou o castanho, tomando cuidado para não sofrer nenhuma mudança na cor de seus olhos, o que fora uma luta e tanto.

Jennifer se viu surpresa, novamente, com o castanho. Ele fazia força na mão que fora perfurada bem no centro da palma, fechando a mesma sobre a da mulher e fazendo pressão. Até então a mulher não parecia entender o que havia ocorrido. E foi só quando olhou para o moreno, vendo a expressão de choque do mesmo para com a tesoura apontada para si, que a castanha pareceu entender o que havia ocorrido. Desesperadamente, ela largou a tesoura, assustada, como se a mesma fosse o próprio diabo e, tremendo, ergueu as mãos para o Hale, preocupada com o mesmo.

- Derek, v-você está bem? – indagou a mulher, nervosa.

- Jennifer, saia da minha casa – ordenou o moreno, furioso.

- e-eu não sei o que... – a castanha tentou se justificar, tentando se aproximar, mas Stiles se colocou diante dela, com a mão boa apontada em sua direção, indicando que era melhor ela parar.

- eu não queria lhe machucar – a castanha tentou falar, mas fora cortada pelo olhar severo do moreno, que acolheu a mão ferida de Stiles nas suas.

- Jennifer, eu não vou falar de novo. Saia da minha casa. Amanhã eu vou levar as suas coisas para a casa dos seus pais, junto com o papel do divórcio. Agora saia da minha casa antes que eu chame a polícia – ditou o Hale vendo a mulher, confusa e desesperada, sair a passos rápidos.

- eu vou pegar a maleta de primeiros socorros – disse Derek já começando a se afastar.

- não precisa. É um ferimento pequeno e eu não estou cansado. Vai sumir em alguns minutos – falou o demônio fazendo Derek tomar uma careta de agonia no rosto quando puxou a tesoura da própria mão de uma vez só.

- não está doendo? – questionou o Hale vendo o parceiro menear positivamente.

- um pouco. Mas eu já sofri coisa pior. Vai passar em breve – respondeu o castanho vendo o moreno menear positivamente.

- me desculpe. Se eu não tivesse aceitado conversar com ela, isso não teria acontecido – pediu o humano vendo que o ferimento já havia parado de sangrar, surpreendentemente.

- está tudo bem. Eu acho que fez bem para você. Quem sabe, depois de hoje, você não esquece ela mais fácil? – disse o Stilinski dando as costas para o humano e saindo da cozinha.

- para onde vai? – indagou Derek, quase que imediatamente.

- vou tomar um banho. Aquela mulher me banhou com chá quente. E eu odeio o cheiro de chá – respondeu o demônio já retirando a camisa no meio da sala, enquanto se dirigia para o corredor.

O demônio sumiu no corredor, deixando um humano confuso para trás. Derek olhou ao redor, vendo o chão da cozinha molhado com chá quente e, no mesmo instante, se lembrou do beijo que tivera ali. Fora algo inesperado. Mas que, agora, ele não conseguia tirar da cabeça. O homem levou os dedos aos lábios, os tocando, se recordando do toque suave dos lábios de Stiles nos seus. Ele não havia entendido nada na hora, mas agora, ele finalmente havia se dado conta.




Ele havia beijado o seu parceiro.

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