03. O alfa dorminhoco

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#BruxinhoFofinho

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Jimin acordou e a primeira coisa que pensou foi em Jeongguk. Até sonhou com ele, as imagens eram tão distorcidas que ele não entendeu nada, mas tinha a certeza de que era ele ali mesmo sem conseguir vê-lo, como tudo o que andava sentindo: não sabia de onde vinha, mas estava lá, sendo descoberto e seguindo para um rumo que ele ainda não conhecia.

E pensar em Jeongguk o levava à noite de ontem e nas mensagens que trocaram antes de dormir. Jimin nunca foi do tipo que olha o celular antes de colocar os pés para fora da cama, mas naquela manhã o ímpeto de saber o que ele respondeu foi mais forte e ver as mensagens visualizadas e não respondidas o deixou um pouco confuso.

Levantou-se e tentou seguir a vida normalmente, mas o seu ômega parecia uma criança inquieta, perguntando-se o que havia acontecido e onde Jeongguk estava. Deu as aulas da manhã mais avoado do que de costume, um dos seus alunos errou três acordes seguidos, mas um elogio saiu da sua boca e logo o mais espertinho deles, Yeonjun, disse:

— Por que quando ele erra, recebe elogios e eu só levo bronca? — Jimin olhou-o de olhos semicerrados, mais perdido do que nunca, desejando rebobinar os últimos três minutos da sua vida só para consertar aquele erro. Nunca havia dado bronca em ninguém, mas era assim que o "acho que você pode melhorar, que tal tentar mais uma vez?" soava para Yeonjun.

— Jihyun errou alguma coisa? — perguntou, sem graça. — Desculpa, eu não percebi.

— O hyung tá distraído hoje. — Jihyun assumiu o erro e sorriu sapeca. — Deixa eu tentar mais uma vez. — E começou a apertar as cordas do violão com seus dedos gordinhos e curtinhos de criança de dez anos.

Jimin tentou focar no som que saía do instrumento, mas tudo o que escutava era uma sequência irritante de "Jeongguk, Jeongguk, Jeongguk..." vindo de seu ômega. Apertando o braço do violão em seu colo, olhou para Yeonjun, mas o moleque o encarava de volta, esperando pela avaliação do professor.

— O que você achou do seu resultado, Jihyun? — Segurou o sorriso ao perceber que conseguiu sair daquela situação.

— Eu acho que dá para melhorar — respondeu, levantando-se e procurando um canto mais afastado da sala para praticar sozinho.

— Sempre dá para melhorar. — Jimin jogou de volta, dedilhando o som emitido pela sua cabeça, tentando enviar algum sinal ao seu ômega de que já havia o escutado.

— Um dia eu ainda vou ser tão bom quanto o Jimin-hyung — Jihyun disse, de longe, e Yeonjun colocou a língua para fora, sibilando um "puxa saco" que Jimin resolveu ignorar, apreciando somente aquela sensação boa de ser admirado pelos seus alunos.

Afinal, eles podiam desejar ser tão bons quanto Hendrix ou Slash, mas era Park Jimin o único guitarrista que conheciam pessoalmente.

As primeiras horas da manhã se arrastaram naquele ritmo de acordes desafinados e cordas mal pressionadas. Quando saiu do Núcleo de Música da universidade, quase correu ao encontro de Taehyung porque precisava muito reclamar com alguém. Gostava muito de trabalhar ali, os seus colegas de trabalho também eram seus colegas de classe e ganhava bem para fazer o que mais gostava, mesmo que lidar com a cobrança dos pais fosse a coisa mais sem sentido porque era óbvio que o garoto não estava aprendendo porque não praticava o suficiente. Jimin não fazia mágica, duas horas de aula por dia, duas vezes na semana, não tornava ninguém o próximo Mateus Asato.

Caminhou até o prédio onde estudava porque não tinha para onde ir até a hora do almoço e ficar sentado no terceiro patamar das largas escadas até Taehyung aparecer já fazia parte da sua rotina. Nem precisava avisar que estava ali, o amigo já sabia.

Nem tão cético assim × jikookWhere stories live. Discover now