1968
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- Acha que ela vai precisar de uma saia ou de um vestido? - a pequena Lizzie pergunta
- Ela tem muitas saias...que tal um vestido? - Jane diz pegando um pedaço de tecido da gaveta juntamente com agulha e linha - um vestido azul ficará lindo
- Podemos fazer um vestido amarelo? - a garotinha pergunta arrumando os cabelos da boneca
- Meu tecido amarelo acabou - Jane diz procurando na caixa - prometo que vou comprar amanhã - ela se senta no chão ao lado da filha começando a tirar as medidas da boneca
- Quando vamos na casa da vovó? - Lizzie pergunta
Jane quase imediatamente deixa seu sorriso sumir e abaixa a cabeça, então, acaricia os cabelos da filha.
- Vamos ver. - Ela força um sorriso
E então, o som de uma van chegando chama a atenção das duas, Jane levemente assustada olha em seu relógio de pulso.
- Por que ele está aqui? Ainda são 16h00 - a mulher então apressadamente guarda os tecidos e agulhas na caixa e coloca debaixo da cama da filha - Aqui, fique brincando, eu já volto
Deixando a filha no quarto, Jane sai do quarto fechando a porta às pressas, logo então se sentando no sofá e ligando a televisão.
Então, o som de chaves na porta consome o ambiente, logo revelando o homem alto e com algumas caixas na mão.
Jane engole seco e cruza as pernas tentando parecer relaxada, então, olha para o marido.
- Chegou cedo - ela diz forçando um sorriso
- Resolvi terminar as coisas mais cedo. - O homem diz e então tira a carteira do bolso - por que não vai comprar algo pro jantar? - ele tira uma nota de dez dólares da carteira entregando para Jane
- O que quer jantar? - Ela diz se levantando e guardando o dinheiro no bolso da calça
- Algo que não seja aquela sopa estranha - ele diz ainda sem olhar para Jane - só traz algo pra comer - ele joga as caixas no chão e olha pela casa - Cadê a garota?
- Ela tá no quarto - então o homem sorri
- Ela gostou da boneca? - ele pergunta - Gostou?
Jane responde sim com a cabeça e então o homem ri
- Eu sabia que ela gostaria, meninas gostam dessas coisas - ele senta na cadeira da cozinha e põe os pés na mesa, enfim acendendo um cigarro - pega uma cerveja pra mim - ele diz e observa a porta do quarto de Lizzie – deveria fazer ela deixar a porta do quarto aberta, não tem motivos pra uma garota de sete anos deixar a porta fechada o dia todo
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Hoje eu quero ficar sozinha - Telefone Preto
FanfictionCom os anos você aguenta tanto a dor calada que acaba se acostumando com ela, chega um momento em que ela vira parte da família, ao menos para Lizzie. Ela já se sentia sufocada, parecia estar se afogando, sabia que seu pai era doente, mas, ela nunc...