3. CONFIAR

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A luz da manhã me acordou. A caverna não é tão assustadora como os humanos pensam.

Não deu tempo de eu aproveitar o nascer do sol, já estava chorando lembrando o que tinha acontecido no dia anterior.

Eu não tinha percebido que o Miguel tinha deixado uma bolsa comigo. Abri a bolsa e não tinha muita coisa. Tinha dois cadernos e um livro, chaves, um celular, e um par de roupas.

Fechei a bolsa e voltei para meu momento deprimente.

Depois de um tempo ouvi um som, um vibrado. Percebi que o vibrado vinha da bolsa. Então abri a bolsa e o celular estava tocando. Não sabia o que fazer, fui clicando na tela para ver o que acontecia.

– MIGUEL, MIGUEL VOCÊ ESTA ME OUVINDO?

Estava saindo uma voz de uma humana por esse aparelho? O que era isso?

– MIGUEL! VOCÊ ESTA AÍ?

– O Miguel não esta aqui. – falei ainda confusa.

– Quem é? E o que você fez com o Miguel?

– Eu sou Mia, eu não fiz nada, o senhor James mandou mata-lo.

– MANDOU MATAR O MIGUEL? Ô CEÚS!

– E...eu sinto muito.

Ouve o silêncio por um tempo. Não conseguia ler a mente dela por esse aparelho, acho que é melhor assim, ela parecia estar chorando. Quem era ela?

– Você disse que seu nome é Mia? Mia Bennett?

– Sim. – será que ela sabe quem eu sou?

– A ultima coisa que o Miguel falou para mim foi que ele estava trazendo você para jantar conosco...

– ...Quem é você? – interrompi curiosa.

– Sou a mãe do Miguel.

Ouve outra pausa, de acordo com os pensamentos dos humanos a mãe era alguém muito próximo da pessoa, quem os havia gerado. Será que eu tinha uma mãe?

– Onde você esta Mia?

– Estou em uma caverna.

– Caverna?! Você passou a noite ai?

– Sim.

– Você deve estar morrendo de fome! Consegue manda sua localização?

– Como assim? – perguntei confusa.

– Faz o que eu falar, ok?

– Uhum.

– Arrasta a tela para cima e digita os números 0910, é a senha dele.

Não estava entendendo nada, mas consegui fazer o que ela pediu.

– Pronto.

– Desce a tela e ativa a opção localização, e depois enviar para mãe.

– Pronto.

– Você aprendeu rápido! Já estou indo aí, espere onde estiver.

Ouve um silêncio, e percebi que a voz dela não iria aparecer novamente. Guardei o aparelho na bolsa e esperei na frente da caverna como ela mandou.

Fiquei sentada na frente da caverna. Estava ficando entediada e não queria voltar a chorar. Abri a bolsa e troquei de roupa, colocando as roupas que tinha do Miguel. O livro chamou minha atenção e comecei a lê-lo.

Passaram-se algumas horas, mas não percebi. Ler livro me fazia bem.

– Mia?

Olhei para quem me chamava, estava dentro de um veículo. "Será que é a Mia"

– Sim, sou eu.

– Mia! É a mãe do Miguel, me chamo Ayla.

Ela não parecia ser muito velha, e também não era nada parecida com o Miguel. Ela tinha pele clara como a neve, cabelo liso e curto em um tom branco, olhos azuis, e um rosto delicado.

– Você não se parece com o Miguel.

– Entre no carro e te explico tudo.

Estava insegura, mas decidi confiar nela. Entrei no carro e ela começou a acelerar.

"Por onde eu começo?" "Será que ela tem família?".

– Não... – pensei por um tempo. – ...acho que não tenho família.

– Você consegue ler meus pensamentos?

– Miguel não te contou?

– Ele só disse que te levaria para casa.

Os pensamentos dela estavam a mil. "A perdão, vou demorar a me acostumar que você lê mentes". Assenti. "Na verdade, pode ser útil. Vou te contar a história pela minha mente, pode ser".

– Sim.

"O Miguel é... era meu filho adotivo, o adotei quando tinha vinte anos, ele era uma criança de apenas nove anos de idade, ele começou a trabalhar neste lugar não faz nem um mês, ele acabou de fazer vinte e um anos. Resumidamente é essa a história, não vou continuar a pensar nele, porque eu começo a chorar".

– Não tem problema.

Eu tentei não focar nela para não ler seus pensamentos, mas eu ainda não sabia como controlar o meu poder. E eu estava com medo de James ir atrás dela e mata-la também, não posso ficar muito tempo com ela.

Ela colocou uma música. Era uma música calma.

– Gosto de ouvir música para me acalmar. – disse e sorriu para mim.

Sorri de volta.

– Teremos uma longa viagem, se quiser descansar não tem problema, você parece exausta. – ouve uma pausa. – Essas roupas são do Miguel?

– Sim, achei na bolsa dele e coloquei, desculpe.

– Não tem problema, elas só estão largas em você. – ela riu. – Amanhã compraremos roupas para você. – porque ela estava me tratando bem?

Ela aumentou o som da música. E acabei dormindo. Ela estava certa, eu estava exausta.

AMOR INESPERADO (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now