4. REFLEXO

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Eu acordei em um lugar desconhecido, era confortável. O ambiente era aconchegante. Havia um quadro na parede, tinha uma foto do Miguel e da Ayla.

Levantei da cama, e perto do guarda roupa tinha algo que parecia um vidro, quando fui olhar tinha a menina da foto da minha identidade, só que estava diferente, e seguia o que estava fazendo, aquilo era magia?

– Gostou do espelho? – perguntou Ayla.

– Espelho? – perguntei confusa. – Não sei o que é um espelho.

– Espelho mostra o reflexo Mia, isto é um reflexo. – ela chegou mais perto de mim e apontou para o espelho. – Aquela é você e essa sou eu.

Comecei a ver os detalhes do meu rosto, eu tinha um cabelo liso longo da cor ruivo, meu olho era azul claro, minha pele era clara, mas não tão clara quanto à de Ayla.

– Você é linda, Mia.

Fiquei um tempo olhando o reflexo no espelho, essa sou eu?

– Estou pensando em sairmos hoje para você conhecer a cidade e fazer algumas compras, o que você acha?

– Pode ser. – Sorri.

– Tá bom, saímos em trinta minutos, tem algumas roupas no meu quarto que ficariam lindas em você, venha dar uma olhada.

Eu a segui. A casa dela era grande e aconchegante, e seguia uma palheta de cores de cinza, branco e preto.

No corredor para o quarto dela havia vários quadros com fotos de viagens que ela e o Miguel fizeram, parecia que eram somente os dois.

– Aqui é meu quarto. – disse Ayla e sorriu.

– É lindo.

O quarto dela tinha um papel de parede branco aveludado, e a parede onde ficava a cama dela era cinza claro. A cama dela era de casal. Tinha uma penteadeira em frente à cama. Além de um guarda-roupa, tinha uma enorme estante de livros com um mine sofá ao lado.

Em cima da cama tinha alguns conjuntos de roupas. Não sabia qual escolher, eu sempre vestia a mesma roupa sem graça que me davam.

– Quer ajuda? – perguntou Ayla percebendo que estava indecisa.

– Por favor. – implorei.

Ela pegou uma calca jeans preta, uma camisa preta curta e uma blusa branca de lã.

– Acho que essa ficaria ótima em você! – ela apontou para uma porta que tinha dentro do quarto dela. – Ali tem um banheiro, pode toma banho ali.

Agradeci.

– Vou deixar a roupa em cima da cama.

– Tá bom, obrigada Ayla.

Tudo isso era muito novo para mim. Entrei no banheiro e de novo tinha o espelho, fiquei olhando meu reflexo por um tempo. Liguei o chuveiro, a Ayla tinha deixado uma toalha e um sabonete para mim. Ela estava sendo muito legal comigo.

A água caindo em meu corpo aliviou aquela mistura de sentimentos que eu estava tendo, agora só sentia paz. Era parecido com a sensação de quando eu lia livro, mas ler livro é melhor.

Sai do banho e coloquei a roupa que ela havia me emprestado, e fiquei olhando o meu reflexo. Ainda não acreditava que essa era eu.

– Estou pronta Ayla!

– Estou aqui na sala Mia.

Segui a voz dela.

– Uau Mia, a roupa ficou muito bem em você.

"Ela é muito linda!"

– Obrigada Ayla. – respondi sorrindo.

– Vou só pegar minha bolsa e já vamos, me espere aqui na porta.

Assenti.

Enquanto ela foi pega a bolsa, fui reparando nos detalhes da sala. Era uma sala comum, seguindo o mesmo padrão de cores da casa, o sofá tinha um tom cinza escuro e tinha espaço para quatro pessoas, em frente do sofá tinha uma televisão, era de tamanho médio. No meio da sala tinha uma mesa com algumas coisas em cima. E tinha uma varanda do lado da sala. Era tudo tão lindo e arrumado.

– Voltei Mia, vamos?

– Vamos!

Eu estava animada, nunca havia ido fazer compras, eu ouvia na mente dos humanos e parecia que era algo legal.

– Eu conheço umas lojas que você vai amar! Tem várias opções de roupas!

– Nunca fiz compras antes.

– Você vai amar!

A Ayla aparentemente parecia estar lidando bem com a perda do Miguel, mas é só aparentemente, toda vez que ela ficava em silêncio eu ouvia os pensamentos dela e via que ela está passando por um luto terrível. Cuidar de mim a ajudava a ficar melhor.

Durante o caminho ela ficava contando sobre cada parte da cidade, mas não prestava muito atenção, estava tentando me acostumar com o ambiente e tentando não ler a mente das pessoas, para ver se eu me sentia mais normal.

– Aqui está a primeira loja.

Entramos na loja e tinha diversos tipos de roupas, ainda bem que a Ayla gosta de escolher as roupas por mim, porque eu não saberia qual escolher.

– Uau... – respirei fundo antes de fala, era muita roupa. – É muito... Grande e lindo.

– Sim!! – disse Ayla animada. – Pode ficar a vontade.

"tomara que ela me deixe escolher os looks"

– Ficaria feliz se você escolhesse por mim, Ayla.

"Eba!"

– Já que insisti... – disse Ayla e logo em seguida rindo.

Fiquei sentada em um banco, meu dever era provar as roupas e ficar ouvindo sobre cada conjunto.

– Daqui a pouco começa o verão, e depois das férias de verão vamos procurar um lugar para você estudar. – disse Ayla.

– Estudar? – perguntei confusa.

– Sim, na escola, nunca ouviu falar?

– Já ouvi falar, mas porque eu tenho que estudar?

– Você nunca estudou?

– Não. Eu aprendo lendo a mente das pessoas.

– Então acho melhor você estudar em casa, depois eu vou procurar algum professor particular.

Não estava entendendo mais nada.

Depois de algumas horas, a gente comprou as roupas e fomos para casa. Estava escurecendo.

– O tempo passou rápido.

– É o efeito de dia de compras. – disse Ayla, sempre sorridente. – Vou ajeitar o quarto do Miguel para você ficar lá.

– Você não acha perigoso eu morar com você?

Ouve um tempo de silêncio. Tentei focar em outra pessoa para não ler a mente dela. A gente passou em frente de uma livraria e aproveitei para focar em alguém lá dentro. Tinha um menino na frente da porta. Ele era alto e bonito, não foi difícil focar nele.

– Não, não acho que tenho que temer com algo... – disse Ayla, e percebeu que eu estava olhando para livraria. – ... Quer dar uma olhada lá?

– Pode ser.

Fomos até a livraria e o menino não parava de me olhar. "Porque essa jovem está me olhando dessa forma?" "Será que ela me reconheceu de alguma missão?" "Não, com certeza não".

Parei de focar nele, os pensamentos dele eram confusos e ele me olhando daquela forma estava me deixando envergonhada. Quem era ele?

Saímos da livraria porque já ia fechar e Ayla prometeu que iriamos passar lá outro dia para comprar livros e em seguida fomos para casa.

– Pode assistir algo na televisão vou arrumar o quarto para você.

Fiz o que ela disse, coloquei qualquer canal na televisão, eu não parava de pensar naquele menino que vi na livraria, precisava pensar em outra coisa.

Eu estava exausta, foi um longo dia e muito diferenciado. Acabei dormindo no sofá. Estava tudo tão normal.

AMOR INESPERADO (EM REVISÃO)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz