10. VAZIO

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Quando finalmente recuperei a consciência, foi como emergir de um pesadelo. Abri os olhos lentamente e encarei o teto do meu quarto. A dor emocional que eu havia experimentado antes de desmaiar voltou de forma avassaladora. Lágrimas ameaçaram brotar, mas lutei para contê-las.

O que havia acontecido na festa e o que Kaleb dissera durante a ligação ressoava em minha mente, uma ferida aberta que me deixava ainda mais vulnerável. Eu não tinha respostas, apenas um vazio doloroso onde antes havia promessas de alegria e amizade.

A dor estava estampada em meu rosto quando Ayla entrou silenciosamente no quarto. Ela me encontrou ainda atordoada e pálida, e sua expressão se tornou uma mistura de preocupação e compreensão. Com carinho, ela sentou-se na beira da cama e perguntou com voz suave.

– Como você está Mia?

Eu engoli em seco, lutando para encontrar palavras, mas acabei apenas balançando a cabeça em sinal de confusão. Ayla, sempre atenta, percebeu a dor que eu tentava esconder e me abraçou com ternura. Não precisávamos de palavras naquele momento, apenas do apoio silencioso que ela oferecia, enquanto eu tentava juntar os pedaços do que parecia ser um coração partido.

Enquanto Ayla me envolvia em um abraço acolhedor, meus pensamentos se voltaram para a gratidão que sentia por tê-la em minha vida. Ela sempre estava lá nos momentos difíceis, oferecendo apoio incondicional e compreensão. Nós éramos mais do que amigas, éramos uma família, e essa conexão era um tesouro inestimável.

Ayla quebrou o abraço gentilmente e sorriu.

– Fiquei preocupada quando você desmaiou Mia. Queria ter certeza de que está tudo bem. Preparei um pouco de comida para você, acho que vai precisar de energia.

Agradeci com um aceno de cabeça, ainda um pouco fraca. Enquanto Ayla saía do quarto, lembrei-me dos meus amigos e perguntei.

– Ayla, onde estão Sarah e Gabriel?

Ela hesitou por um momento antes de responder.

– Eles partiram depois que você desmaiou Mia. Parecia que não queriam atrapalhar.

Meu coração afundou ao ouvir isso. Eu não tinha tido a chance de me despedir deles ou entender completamente o que havia acontecido. Antes que Ayla pudesse sair do quarto, peguei meu celular e enviei uma mensagem para Sarah:

Sarah, o que aconteceu? Preciso saber.

Pouco depois de enviar a mensagem, meu celular vibrou com a resposta de Sarah. Ela explicou que eles tiveram que partir mais cedo devido a compromissos de horário e que estavam igualmente preocupados com a situação de Kaleb. Sarah disse que tentaram entrar em contato com ele, mas não obtiveram resposta, e também estavam ansiosos para entender o que havia acontecido.

Sarah, preocupada, digitou:

Como você está Mia? Estou realmente preocupada com tudo isso.

Respondi a mensagem, descrevendo um pouco da confusão e angústia que eu estava sentindo, e como a festa que deveria ser um momento de celebração tinha se transformado em uma série de enigmas e incertezas.

Sarah respondeu:

Vamos conversar melhor sobre tudo isso. Que tal marcarmos um encontro em breve?

A ideia de conversar com Sarah sobre tudo o que tinha acontecido trouxe um pouco de alívio para minha mente atribulada. Assenti e respondi:

Sim, vamos marcar. Preciso de apoio. Obrigada, Sarah.

Com essa promessa de apoio mútuo, nós concordamos em marcar um dia para nos encontrarmos e esclarecer os mistérios que cercavam aquele dia de aniversário que tinha se tornado um turbilhão de emoções.

Caminhei até a cozinha, onde Ayla estava ocupada arrumando algumas coisas. Ela me cumprimentou com um sorriso gentil e viu que eu estava um pouco mais tranquila.

– Como foi a conversa com Sarah? – Ayla perguntou.

Expliquei a conversa que tive com Sarah e como ambas concordamos em nos encontrar para discutir o que havia acontecido na festa e a preocupação com Kaleb. Ayla assentiu, apoiando a ideia.

– É uma boa ideia, Mia. Vocês precisam de respostas e de apoio mútuo nesse momento.

Depois de conversarmos por um tempo, decidimos nos sentar à mesa e compartilhar uma refeição, embora já fosse tarde. Fiquei desmaiada por quase um dia inteiro, então precisava de alguma nutrição.

No entanto, quando meus olhos encontraram o prato à minha frente, percebi que minha fome havia desaparecido. Minha mente estava tão tumultuada que não conseguia pensar em comida. Fiz um esforço para beliscar um pouco, mas a comida não tinha sabor, e a sensação de vazio persistia.

Após a refeição, me despedi de Ayla, agradecendo por seu apoio e compreensão. Caminhei de volta ao meu quarto, onde me deparei com a cama desarrumada e as cortinas puxadas. Senti o chão de madeira liso sob meus joelhos, depois sob a palma das mãos e, em seguida, comprimido sob a pele de meu rosto. Eu esperava estar desmaiando, mas, para minha decepção, não perdi a consciência. As ondas de dor que me haviam assaltado no dia anterior se erguiam agora com força e inundavam minha cabeça, puxando-me para baixo.

Não voltei à superfície.

AMOR INESPERADO (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now