Capítulo 1

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⚠Anorexia, mensão de estupro⚠



Suspirei e me recostei na cadeira, finalmente terminando de fazer atividades para uma aluna com dislexia que eu dava aula segunda e sexta.

Era sábado a tarde, mais especificamente duas horas da tarde e eu ainda não tomei nenhum copo de água e nem comi nada.

Será que eu deveria comer?

Não, ainda estou com essa barriguinha um pouco aparente, já que faz um mês que não vou na academia e nem cuido da minha alimentação. Se eu continuar nesse ritmo minha anorexia vai acabar voltando.

Eu acho que a anorexia já voltou, mas não tenho certeza, da última vez demorou dois anos e dezessete desmaios para eu conseguir assumir que estava doente.

Eu acho que não estou com anorexia de novo, mas eu não tenho certeza. Talvez eu devesse comer alguma coisa e tentar não correr para o banheiro e enfiar o dedo na garganta.

Sai do meu escritório e fui para a rua, percebendo uma barraquinha de cachorro-quente e uma loja de pastéis.

Dúvida cruel.

Talvez eu possa comer um de cada?

Isso, muito bem S/n, estou me controlando muito bem, viu? Não tive uma recaída.

O cachorro-quente foi a primeira coisa que eu comprei, não aguentei e comi três.

Fui devolta para o meu escritório mandando um olhar triste para a loja de pastéis. Subi rapidamente para o terceiro andar e entrei no escritório, pegando um livro e começando a ler, me distraindo da vontade de vomitar.

Poucos minutos depois minhas orelhas se animaram ao ouvir uma batida na porta. Me levantei com um pequeno sorriso no rosto e abri a porta, revelando uma ruiva muito bonita.

Se tem alguma coisa ou pessoa que pode me fazer ficar com os joelhos fracos, corando e gaguejando como se eu voltasse a ter dez anos, é uma ruiva de olhos claros poucos centímetros mais alta que eu.

E acontece que na minha frente está a ruiva que eu descrevia para as paredes da minha casa, contando para o ar quem seria capaz de roubar meu coração somente existindo.

E acontece que essa ruiva está existindo bem na minha frente.



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Scarlett acordou nessa manhã no canto de sua cama, enrolada nas cobertas e em sua melhor amiga: Lizzie.

Lizzie havia entrado em seu quarto chorando no meio da madrugada, os pesadelos do fadico dia seis meses atrás atormentando seu sono.

A mulher ficava na casa de Scarlett desde aquele dia, quando saiu correndo de seu quarto e atravessou a cidade até chegar na casa de sua amiga.

E as lembranças daquela noite ameaçavam tanto a sua sanidade quanto a gravidez, que no começo foi tão perigosa por causa da brutalidade que tinha sido forçada em seu corpo.

Lizzie sonhava a anos em ter filhos, mas nunca imaginou que um dia conseguiria realizar esse desejo, e muito menos que seria amarrada em sua cama e teria sua virgindade arrancada por um cara qualquer que decidiu que não se contentaria com um não em uma balada.

Mas quando ela decidiu não abortar e prosseguir com os gêmeos em seu ventre, foi aclamada pelo público e sua carreira decolou de uma forma inimaginável. Mas mesmo assim, ela ainda sonhava com o rosto do homem que a forçou, e mesmo sabendo que o homem estava morto pelas policiais que ouviram sua história, se sentia muito mais segura apertando Scarlett em um abraço bastante sufocante.

- Lizzie, me larga um pouquinho. - Scarlett resmungou ao perceber a amiga acordada. - Você vai me matar assim.

- Mas os gêmeos querem que você fique me abraçando. - Fez um beicinho fofo, sabendo que Scarlett nunca iria negar um abraço se ela cita-se os gêmeos. - Você não quer que eles fiquem tristes, quer?

- Não. - Suspirou e massageou a testa. - Não quero.

- Que bom. - Lizzie sorriu brilhantemente e voltou a aconchegar sua cabeça nos seios de Scarlett.

- Mas eu tenho que ir trabalhar mais cedo hoje pra poder dar tempo de levar Rosie para a irmã de Hailee ver o que ela tem. - Se afastou lentamente, sendo puxada novamente para o mesmo lugar e fez uma careta.

- A Rosie tá doente? - Lizzie murmurou, segurando firmamemte a outra.

- Não, é que a professora dela falou que eu deveria levar a Rosie para uma psicopedagoga, porque ela ta muito atrasada nessa questão de fala, sabe? E que pode ser déficit de atenção, dislexia ou alguma coisa do tipo. - Scarlett falou, olhando para o relógio. - Liz, eu realmente tenho que ir, não posso adiar isso por mais tempo.

Lizzie resmungou e se desenrolou da ruiva, ficando de barriga pra cima por alguns segundos antes de rolar para o outro lado e não sentir dor por causa do tamanho de sua barriga.

- Obrigado. - Scarlett falou ao se levantar e foi ao banheiro, logo tomando banho e fazendo tudo que tinha que fazer lá.



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Scarlett estacionou o carro na frente de um prédio cheio de escritórios e desceu do automóvel, Rosie se contorcia no banco de trás para ser soltada da cadeirinha quando sua mãe abriu a porta e destravou o cinto de Rose.

As duas ruivas subiram as escadas de mãos dadas, Rose balbuciava algumas coisas aleatórias, errando a pronúncia e trocando o "r" por "l", o "t" por "b" e o "v" por "f".

Rose se distraiu com os anéis na mão de sua mãe e parou de falar, agora brincando com as joias enquanto subiam o último lance de escada.

Scarlett sorriu carinhosamente para Rose e parou em frente a uma porta com o número quartoze e bateu.

A moça que abriu a porta tinha uam certa semelhança com Hailee, Scarlett pensou, os cabelos castanhos escuros encaracolados chegando até a cintura e a franjinha rala e lisa remetendo certo ar de inocência, que a atraiu de uma forma muito surpreeendente.

Os lábios avermelhados e cheios estavam pressionados firmemente um contra o outro, sua roupa parecia meio infantil, já que uma jardineira amarela e uma blusa de frio colorida comprida, não era exatamente o visual mais sofisticado, mas Scarlett não pode deixar de pensar que a garota estava muito bonita.

Mas os olhos...

Eles eram de um castanho claro, com alguns tons de verde e azul espalhado, o olho direito sendo especialmente mais verde e azul que o esquerdo.

E Scarlett percebeu nesse momento que ela estava ferrada, porque, aqueles olhos...

Eram capaz de conquistar qualquer uma.

Mrs. Johansson, how can i help you?Where stories live. Discover now