Capítulo 2

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- Oi, como posso ajudar? - S/n falou, gaguejando depois de ficar vários segundos admirando a beleza da outra.

- Hailee me indicou você para psicopedagoga. - Scarlett disse em um estado tão afetado quanto o da outra. - Para saber o que minha Rose tem.

Ouvindo o seu nome, a pequena ruiva parou de encarar os anéis da mãe e olhou para cima, sorrindo brilhantemente.

- Mamãe! Tem um "anxo" na minha "fliente"! - Gritou animada, se lançando para frente e abraçando S/n.

S/n riu e abraçou a criança de volta antes de sorrir para Scarlett, acenou com a cabeça e deu espaço para a ruiva passar e entrar em sua sala.

Scarlett se sentou na cadeira e se virou levemente para ver S/n pegar Rose no colo e entrar de volta para o escritório, fechando a porta com o pé.

A morena levou Rose para um canto da sala, onde tinha muitos tipos diferentes de brinquedos, lápis de cor e papéis. Logo depois se sentou do outro lado da mesa para conversar com Scarlett.

- O que te levou a vir aqui? - Se tinha algo que S/n conseguia fazer com perfeição, era separar a vida pessoal e sentimentos do trabalho, então sua voz voltou ao tom normal de profissional.

- A professora de Rose falou que ela anda com vários problemas de aprendizagem e fala, e me falou que eu deveria leva-lá para uma piscopedagoga. - Falou, e S/n anotou algumas coisas em um bloco de notas. - Quanto que custaria as consultas?

- Depende, se Rose precisar de acompanhamento ou se ela não estiver tendo nenhum problema, mas a primeira avaliação custa cento e cinquenta. - Scarlett acenou com a cabeça e abriu a bolsa, pegando sua carteira e pegou uma nota de cinquenta e outra de cem antes de entregar a S/n.

A morena sorriu levemente e guardou o dinheiro na gaveta, tirando também um novo caderno, abrindo na primeira página e escreveu "Rose" no topo.

- Qual é o seu nome completo e o de Rose? - Falou pegando uma caneta e pronta para escrever.

- Scarlett Johansson e Rose Dorothy Johansson. - S/n escreveu e voltou a prestar atenção na mulher em sua frente.

- Essa é a primeira vez que você leva Rose para algum médico especializado nisso? - Scarlett assentiu confirmando. - Ela troca muito as letras?

- Sim, acho que ela nunca falou uma frase sem trocar nada. - S/n assentiu e escreveu algo rapidamente.

- Você já viu se ela tem algum problema na audição? - Scarlett arregalou os olhos e negou. - Se você fala alguma coisa para ela, tem que repitir muitas vezes para ela entender?

- As vezes sim. - Falou hesitante e S/n mordeu o lábio, pensando.

-Rose. - Chamou se virando para a criança, que não deu sinal de ter ouvido. - Rose. - Falou mais alto e ela ainda não se virou. - Rose! - Falou quase gritando e dessa vez a criança se virou com o rosto franzido.

- Me chamou? - Gritou de volta, mostrando dúvida.

- Não. - S/n respondeu e Rose assentiu, voltando a brincar. - Eu acho que ela tem algum problema de audição, você tem que levar ela para um especialista para ter certeza. - Falou para Scarlett, que olhou preocupada.

- Eu vou levar, pode ter certeza. - Disse e franziu os lábios, um contra o outro. - Você acha que ela pode ter outra coisa também?

- Talvez língua presa, mas como eu não sei como que Rose escuta, se é que ela escuta ou se ela só lê lábios, não da para saber se ela está repetindo do jeito que escuta ou se não consegue falar letras específicas.



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Scarlett desceu de seu carro na frente da sua casa e abriu a porta do passageiro, pegando uma Rose dormindo de sua cadeirinha.

O resto da consulta foi S/n fazendo exercícios de audição e fala com Rose, e a cada segundo Scarlett tinha mais certeza que sua filha tinha um problema de audição.

No meio do caminho Scarlett marcou uma consulta no otorrinolaringologista para o dia seguinte para ver mesmo se Rose estava com algum problema.

Abriu a porta de sua casa e entrou, subiu as escadas e deixou Rose na cama, logo descendo novamente para fazer um lanche na cozinha.



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A criança, Rose, que eu atendi hoje era facilmente a criança mais bonita que eu já vi na vida, e teve a quem puxar, já que sua mãe era tão linda que me deixava tonta.

E mesmo que ela fosse muito linda, dava para perceber que ela não era a pessoa mais indicada para ser mãe.

Como que ela não percebeu o óbvio problema de audição de sua filha? Não me leve a mal, não acho que ela seja negligente com a filha, mas ela era uma das amigas de Hailee, e as modelos não são conhecidas como as mais responsáveis e menos ocupadas.

Exceto talvez Elizabeth Olsen, mas eu nunca conheci ela e tenho certeza que não vou conhecer, então realmente não tem como eu saber se esse estereótipo se encaixa em todas as modelos.

Hailee por exemplo, teve uma infância fácil, diferente de mim, já que eu fui abandonada por meus pais aos dois anos por não saber falar, andar e por meus olhos serem de cores diferentes, segundo meus pais, isso significava que eu era endemoniada.

Já Hailee, três anos mais velha que eu, nunca teve nenhum problema e nossos pais a adoravam, significando que ela só foi para o orfanato aos dezesseis anos, depois que nossos pais morreram em um acidente de carro.

Duas semanas depois de Hailee chegar no orfanato ela foi adotada, e eu fui junto. E imagina quem era? Uma modelo, que inspirou Hailee e me deixou mais certa que eu era a pessoa mais ridícula e feia do mundo.

Depois disso, minha anorexia apareceu pela primeira vez, eu só percebi que estava doente depois de ser encontrada desmaiada no banheiro da escola, por ter ficado mais de dois dias sem comer, depois disso eu voltei para o orfanato, já que a modelo que tinha minha guarda foi para a prisão por negligência e abuso emocional.

Hailee já era maior de idade, e começou a viajar por muitos lugares para consolidar sua carreira, e simplesmente me deixou de lado, eu sabia que ela não era minha mãe, que ela não tinha que se importar ou mesmo que cuidar de mim, mas uma garota de quinze anos, com anorexia, síndrome do abandono, transtorno bipolar e depressão não achava que alguém tinha culpa, a não ser ela.

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Mrs. Johansson, how can i help you?Where stories live. Discover now