fiche a sé

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Give peace a chance
Let the fear you have fall away

.°୭̥°

Não consegui pregar os olhos naquela noite. Em parte porque ainda sentia o toque de Louis em meus lábios, em minha pele, e em parte porque aquela foto me perturbara demais. Eu não conseguia encontrar uma explicação para ela. Quer dizer, sete anos causariam alguma mudança em qualquer pessoa, certo? Ninguém é imune ao tempo.

Talvez fosse a luz do ambiente, tentei me convencer. Ou talvez Louis fosse como Leonardo DiCaprio, que tinha a mesma cara desde sempre. Se bem que até o Leo agora tinha algumas ruguinhas sutis...

Ok, era melhor voltar à hipótese da iluminação. Parecia uma explicação mais plausível. Ela podia ter deixado Louis mais maduro do que de fato era na época. Podia acontecer, certo?

Eu estava semiacordado, mas ouvi a suave batida na porta. Embrulhando-me no lençol, corri para atender. O rosto sorridente de Louis preencheu meu campo de visão.

- Oi. - Seu olhar passeou por meu semblante e então se ateve em meus cabelos. Um meio sorriso lhe contorceu a boca.

Ah, que droga. Eu devia pelo menos ter passado a mão naquela massa marrom antes de abrir a porta. Eu provavelmente parecia um porco-espinho que foi lavado e centrifugado na máquina.

- Oi - falei, tentando acalmar a juba.

Minha voz o despertou. Como se saísse de um transe, ele baixou os olhos... deparando com o lençol que eu vestia. Seu olhar se incendiou, vagando sem pressa por minhas curvas. Minhas bochechas esquentaram, mas não foi por constrangimento, a julgar por aquela fisgada em meu baixo-ventre e pela maneira como meus mamilos se eriçaram, apontando impetuosamente para Louis.

- Eu... - Sua garganta vibrou conforme engolia com dificuldade. - Hã... - Ele balançou a cabeça feito um touro bravo e se virou de lado, contemplando o chão. - Trouxe as suas coisas.- Empurrou a mala para dentro do quarto com tanta força que ela correu pelo carpete até colidir com a parede.

- Obrigado. Eu estava mesmo pensando no que ia fazer se você não se lembrasse desse detalhe.

Ele enfiou as mãos nos bolsos do jeans e ficou em silêncio por um instante. Por fim, ainda mantendo a vista abaixada, clareou a garganta.

- Eu soube que você está de folga - comentou.

- É... eu também soube.

- Fez algum plano pra hoje?

- Não. - Segurei o lençol de encontro ao peito com mais firmeza quando ameaçou escorregar. - Por quê?

- Pensei em levar você para assistir à Parada de São Patrício. Mas, antes que me responda, eu quero que saiba que estou aqui como o seu... humm... não como o seu chefe - acabou se enrolando. Era a primeira vez que eu o via vacilar. E era bem fofo. - Você é livre pra aceitar ou recusar o convite, sem que isso reflita em qualquer aspecto do nosso relacionamento profissional.

- Ok. Que horas a gente sai?

Ele abriu aquele sorriso divertido que eu adorava e olhou para mim.

- Assim que você estiver pronto.

- Eu me arrumo em quinze minutos.

Mas fiquei pronto em dez. Desci as escadas de dois em dois degraus, louco para descobrir como seria estar com Louis, só nós dois, sem nomenclaturas ou hierarquia trabalhista. E o mais importante de tudo: ele pretendia me beijar outra vez?

Eu o encontrei à mesa na sala grande, me esperando para o café da manhã. Descobri que aquele irlandês levava a refeição muito a sério: se serviu de pão, bacon, salsicha frita, ovos, uma linguiça preta e outra clara, tomate, batata e cogumelos grelhados.

When The Night Falls. {H.S - L.T}Where stories live. Discover now