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Anastácia Taylor

As unhas cravam na palma da minha mão, como se assim pudesse segurar firme a realidade que insiste em escapar de mim. As lembranças dos dias em que fui mantida em cativeiro são como facas afiadas que cortam a minha alma, a imagem de Ellen sendo asfixiada até a morte é um pesadelo constante que me tira o sono e me mantém em um estado de alerta constante.

Sinto como se não pudesse confiar em mais ninguém, como se tudo e todos estivessem contra mim. Sou apenas uma espectadora da minha própria vida, impotente diante dos acontecimentos ao meu redor. Nem mesmo a sensação de calor de três cobertores é capaz de aquecer a minha alma congelada.

Um nó se forma em meu estômago, me impedindo de comer ou beber qualquer coisa. É como se o medo e a ansiedade tomassem conta de mim por completo, me sufocando, me consumindo. 

Como posso sair desta imensidão de escuridão que tenta a todo custo me engolir? Como posso encontrar um caminho de volta para a luz?

Gostaria de ter uma válvula de escape, um botão que pudesse desligar tudo o que estou sentindo, um modo automático que me permitisse seguir em frente sem ter que enfrentar a dor e o sofrimento. 

Mas a realidade é que a dor é insuportável, é como se um peso enorme estivesse sobre o meu peito, tornando difícil respirar. Estar em meu próprio corpo é doloroso demais, mas é o único lugar onde posso estar.

Estou sentada na cama do hospital, tentando colocar meus pensamentos em ordem, mas as lembranças do cativeiro não me deixam em paz. 

De repente, ouço um barulho no corredor e meus músculos se contraem, como se estivessem prontos para uma fuga. Sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e fecho os olhos com força, tentando me proteger do medo que toma conta de mim.

Em seguida, sinto uma mão quente segurando a minha e abro os olhos. São minhas amigas Megan e Jane, olhando para mim com preocupação. Eu suspiro aliviada e deixo as lágrimas secarem no meu rosto.

— Viemos te ver, estamos com saudades. Não queríamos te assustar! — diz Megan, parecendo arrependida.

— Quase colocamos este hospital abaixo, quando disseram que não era hora de visita! — acrescenta Jane.

Eu tento sorrir para tranquilizá-las, mas a verdade é que estou exausta. 

Depois da última visita delas, eu não consegui dormir direito. Todas as vezes que fecho os olhos, vejo Adam vindo me pegar e acordo aos gritos. A escuridão da noite me engole e me deixa à mercê dos meus próprios pesadelos. É difícil escapar deles, mesmo estando rodeada de pessoas que me amam. 

Sinto como se algo dentro de mim estivesse quebrado e não pudesse ser consertado.

Não quero deixar ninguém preocupado com meu estado, por isso tenho fingido estar bem. Mas por mais que eu tente esconder, sei que alguns percebem que algo não está certo comigo. 

Todos estão cautelosos demais com o diagnóstico do Nath, e eu não quero afligi-los ainda mais. Por isso, mantenho uma fachada de normalidade.

— Anastácia Taylor, estamos em uma missão! — exclama Megan, com um sorriso cúmplice, tirando-me dos meus devaneios.

Seu tom de voz animado me faz lembrar de como ela pode ser enérgica e positiva mesmo nos momentos mais difíceis.

Eu ergo as sobrancelhas, curiosa. 

— Uma missão? O que está acontecendo?

— Meu irmão precisa te ver! Ele aguentou cinco dias sem ter contato com você e agora está surtando. — diz Jane, com um sorriso de canto nos lábios.

OS RISTRETTOSWhere stories live. Discover now