🟡 69 🟡

221 32 30
                                    

Jane Petter

Estou na sala de interrogatório do FBI, um lugar que eu costumava chamar de trabalho, mas que agora me parece um mundo distante. Se disser que sinto falta de ser uma agente, estaria mentindo. 

Nunca entendi completamente minha sede de poder, minha vontade implacável de que pedófilos, estupradores e assediadores sofressem punições mais severas. 

Castração química, sempre pensei ser uma boa saída. Afinal, não é isso que se faz com animais que se comportam mal?

Acredito que minha vocação real, nunca foi ser uma agente da lei. Já que sou o caos e a desordem...

Na sala de interrogatório, meu pai entra, seu rosto exibindo um sorriso vitorioso, combinando perfeitamente com seu terno de três peças cinza escuro. Ele é um senhor idoso, mas extremamente charmoso. Nathaniel, meu irmão, costuma brincar, dizendo que, se for um velho como nosso pai, ainda será um gostosão.

— Candice está vindo. — Ele anuncia, informando sobre a chegada da mulher que arruinou minha vida.

— Eu quero ficar sozinha com ela. — Digo, firme em minha decisão, ciente de que preciso enfrentar Candice e tudo o que ela representa.

— Jane... — Ele hesita, preocupado.

— Não aceito um não, Ben. — Falo de forma seca, interrompendo meu pai, demonstrando minha determinação em lidar com a situação à minha maneira.

A porta se abre novamente, e a presença de Candice é revelada, acompanhada por dois agentes penitenciários. Meu pai conseguiu providenciar a escolta do presídio de segurança máxima até aqui, mostrando sua determinação em cumprir a minha vontade. 

Sei que ele precisou usar sua influência e cobrar diversos favores para garantir esse momento. Sinto uma mistura de gratidão e admiração por ele, por sua dedicação em tornar isso possível, e isso fortalece ainda mais o vínculo que estamos construindo.

Observo com um misto de emoções enquanto os agentes algemam Candice junto à mesa. Ela parece fria e calculista, mas consigo notar uma ponta de nervosismo em seu olhar. A imagem dela, presa e vulnerável, é contrastante com a figura dominante que ela costumava representar.

— Certo, vou deixá-las sozinhas... — diz Benjamin, hesitante. — Jane tem dez minutos.

Assinto com a cabeça, agradecendo a ele pela privacidade. 

Meu pai e as agentes saem da sala, e as portas se fecham, criando uma atmosfera claustrofóbica. O silêncio se instaura, e o som das nossas respirações pesadas ecoa no ambiente, enquanto nossos olhares se cruzam, transmitindo faíscas de hostilidade e ressentimento.

Sento-me em frente a Candice, os sentimentos transbordando em cada olhar, em cada gesto. A raiva que me consome é quase palpável no ar, e percebo como ela tenta disfarçar sua insegurança ao alisar seu cabelo ruivo, suas mãos trêmulas denunciando o nervosismo.

— Você tem a coragem de encarar os estragos que causou? — pergunto, minha voz firme, carregada de raiva e mágoa.

Seus olhos encontram os meus, e consigo ver um misto de remorso e desespero em seu olhar. 

— Eu perdi tudo... Minha posição na hierarquia da máfia, perdi o Logan, meu irmão... — Ela me encara, tentando se fazer de vítima. — Você! — Ela sussurra com voz trêmula.

Respiro fundo, tentando controlar minha indignação, mas o teatro de Candice desperta uma fúria intensa dentro de mim.

— Você é doente, Candice... — Vocifero, meu tom carregado de raiva. — Como pode fazer isso comigo? Eu nunca fiz nada contra você!

OS RISTRETTOSМесто, где живут истории. Откройте их для себя