OS RISTRETTOS

🟡 48 🟡

Jane Petter

Acordo-me deixando os raios de sol aquecerem suavemente meu rosto, criando um cenário quase onírico no quarto. Abro os olhos lentamente, mas ainda sinto uma leve confusão entre o mundo dos sonhos e a realidade. No entanto, ao focalizar minha visão, minha respiração quase para diante da visão que se materializa diante de mim. 

É Steve, meu querido e amado Steve, tão real que meus olhos se enchem de lágrimas de pura alegria e saudade.

Ele está comigo na cama, e o sorriso genuíno que se forma em meus lábios reflete todo o amor que guardo por ele. Cada detalhe de sua presença, desde a textura de sua pele até a suavidade de sua respiração enquanto dorme, parece tão vívido que é difícil acreditar que não passa de um sonho.

Com cuidado, deslizo minha mão em direção ao seu rosto, sentindo a maciez de sua pele sob meus dedos. É um toque que nutre minha alma faminta de saudade e carinho, e as lágrimas escapam, mas não me importo em contê-las. Eu me entrego ao momento, à sensação de ter Steve novamente ao meu lado, ainda que seja apenas neste sonho tão real.

Observo cada detalhe dele, como se quisesse gravar em minha mente cada traço do seu rosto, cada fio de cabelo bagunçado, cada curva e imperfeição que o torna perfeito aos meus olhos. A emoção me envolve como uma onda, e meu coração bate acelerado no peito, quase incapaz de suportar a intensidade deste encontro inesperado.

De repente, seus olhos azuis se abrem, e a luz que brilha neles é como um farol na escuridão, trazendo ainda mais brilho ao meu próprio olhar. Seu sorriso é uma visão encantadora, uma promessa de felicidade que eu já havia dado por perdida. 

E então, ele toca minha testa com seus lábios suavemente, depositando um beijo casto, e sinto meu coração dar um salto. É como se cada célula do meu corpo vibrasse ao sentir esse contato.

— Bom dia, meu amor! — Sua voz soa como uma melodia suave em meus ouvidos, e o carinho de suas mãos acariciando minhas bochechas traz uma sensação de proteção e conforto que eu tanto desejei. 

Mas agora, o desespero se mistura à alegria, pois, por mais real que isso pareça, ainda persiste a sombra da dúvida em minha mente.

— Por que está chorando? — Ele pergunta, seus olhos fixos nos meus como se pudesse enxergar além das palavras que não consigo articular.

As lágrimas que continuam a cair são reflexo de todas as emoções que se entrelaçam dentro de mim. 

— Eu não quero acordar, Steve... Não quero voltar para a realidade onde você não está aqui. — Confesso, com a voz embargada.

Um sorriso gentil curva seus lábios.

— Você não está dormindo, Jane.  —  ele responde com serenidade.

Não consigo conter meu desespero e alegria, meus soluços de emoção ecoam no ambiente enquanto abraço Steve com força. É real, o amor da minha vida está aqui, ao meu lado, e a certeza de que não estou sonhando é esmagadora.

— Como? — Minha voz sai embargada, incrédula com a realidade que se desdobra à minha frente. 

Belisco meu braço para certificar-me de que não estou iludida, e ao sentir a dor, um sorriso ainda mais largo toma conta de meu rosto quando Steve se inclina e deposita um beijo suave no local machucado.

— Você conseguiu, me salvou daquele cativeiro. — Ele diz, com um sorriso lindo nos lábios, e meu coração se enche de gratidão e alívio por tê-lo de volta.

A verdade sobre seu sofrimento na cela vem à tona, e a pergunta paira no ar, mesmo que eu tema sua resposta. Crio coragem e pergunto, mesmo temendo muito sua resposta.