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Eu estava bêbada pra caralho, mas ainda conseguia ver a confusão se formar na cara das pessoas quando nos viam rindo e conversando. Não escondemos que não nos gostávamos nem um pouco. Todos sabiam. E nos ver desse jeito; dançando juntas, rindo, compartilhando histórias, brindando a qualquer coisa e tão próximas, era novidade.

Quando eu digo próximas, quero dizer bem próximas mesmo. Estávamos sentadas juntas e bem perto uma da outra, chegamos até a entrelaçar nossas mãos em algum momento. Algumas vezes eu via câmeras em nós, mas não liguei para aquilo, a bebida não deixou.

De repente, senti a cabeça de Scarlett fazer peso em meu ombro. Eu afastei um pouco o meu rosto para observar aquilo, mas depois não liguei mais. Não até sentir seus lábios em minha pele e depois sentir uma mordida. Eu não disse nada, ela não me deu tempo.

— Posso te dizer uma coisa? — a voz mostrava o quão bêbada ela estava. Eu assenti.

— Claro.

— Estou sendo sincera. — ela colocou a mão sobre o peito. Nosso estado já era de dar pena. Os batons desbotados, os fios dos cabelos escapando dps penteados, o tempo das piscadas mais lento, a voz atrapalhada. — Me casaria assim — ela estalou os dedos. — com você.

Eu pensei sobre aquilo. Um sorriso se formou em meus lábios.

— Por que você diria isso? — eu perguntei com uma voz suave, um pouco confusa. Fiquei bem surpresa, pois não achava que a conversa iria nesse sentido. Eu sabia que era atraente, mas não achava que esse pensamento iria se fazer presente na cabeça de uma mulher como ela. Admito que fiquei chocada, mas a minha curiosidade atingiu o pico neste ponto.

— Olha para você, Taylor. — seus olhos percorreram rápido o meu corpo. — E a maneira como você é... Acho que eu perdi muito do meu tempo procurando isso em um homem qualquer. — ela mordeu o lábio.

— Você está disposta? Sabe que não sou uma pessoa fácil.

— Acho que eu posso te manter quieta e do meu lado. — ela deu um pequeno sorriso. Uma pessoa como ela? Ou melhor, ela? Com certeza.

— Você está certa disso?

— Estou. — meu sorriso cresceu lentamente enquanto me permitia imaginar um relacionamento com essa mulher. Era algo que eu tinha certeza absoluta — caso estivesse sóbria — que não queria, mas eu estava curiosa sobre a perspectiva disso agora.

Scarlett também tinha um sorriso, claramente divertida com a situação. Ela estava gostando da conversa, não estava nem negando mais, e eu também nem estava considerado isso como uma opção agora.

— Você seria minha esposa? — não disse "sim" ainda, mas era um forte talvez. Eu senti a tensão ser jogada com tudo entre nós quando meus olhos pararam em seus lábios. Tudo pareceu ter ficado em câmera lenta por um instante.

— Então, para você dizer isso... — comecei. — você deve gostar de mim. Você gosta de mim? — ela mordeu o lábio.

— É... Acho que eu gosto de você, sim. — sorriu. Eu puxei a respiração, foi um ato involuntário.

— Diga de novo. — ela revirou os olhos, brincando.

— Eu gosto de você. Um pouco.

— O suficiente para casar comigo?

— Sim.

— Então, deve ser muito.

— Talvez. — seu corpo se aproximou mais. Eu olhei em volta, vendo que ninguém prestava atenção nisso. E, percebendo também que ninguém fazia ideia de que — talvez — um pedido de casamento estava acontecendo aqui. Entre duas mulheres bêbadas. — Você se casaria comigo, S/n? Sim ou não?

Sem Querer, Casadas (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora