Sem Querer, Casadas (EM REVISÃO)

9

Passei a noite acordada lendo o roteiro já que meus olhos não se fechavam quando eu me deitava e, no dia seguinte, entreguei o roteiro para o Thomas, que adorou assim como eu. Podia até ver um brilho a mais nele.

Já eu estava acabada. Tanto por não estar dormindo direito quanto por ontem. Receio que foi por isso que não consegui dormir essa noite. A imagem dos olhos molhados e da expressão de Scarlett vinham à minha mente. Meses atrás eu estaria rindo sempre que lembrasse, acho. Mas agora está diferente.

— Por que Scarlett não está aqui? Vocês não costumam tomar café juntas?

— Brigamos ontem à noite.

— Taylor, você sabe que agora não é o momento para as provocações de vocês duas.

— Não foi por isso.

— Então foi por quê?

— Olive Sierra estava na festa. Conversamos e ela flertou comigo, e Scarlett se irritou por eu não ter impedido aquilo. — Thomas avaliou por um instante.

— Ela está certa. — eu queria me irritar com aquilo. O lançar um olhar torto e perguntar como ele pode ficar ao lado dela, mas ele estava certo. Ela estava certa. — Eu sei que talvez você queira sair com alguém, mas flertar em público jamais. E muito menos não impedir que flertem com você, nunca se sabe quem está olhando. Isso coloca vocês duas em risco.

— Eu sei disso. Mas agora ela está irritada e isso me incomoda.

— Isso te dava prazer semanas atrás. — ele estreitou os olhos.

— Quando ela não morava na mesma casa que eu. E eu... estou me sentindo culpada por uma coisa que falei. — meu olhar parou em minhas mãos.

— E o que você disse?

— Posso ter falado alguma coisa ruim na briga.

— Disse que a odeia profundamente?

— Ela pode ter levado para este lado. — Thomas suspirou.

— Isso não está aberto à brigas. Se desculpe com ela.

— Eu me desculpei, ou quase. O que importa é que ela não quer ouvir isso. — eu fiz um gesto de negação com a mão quando Ana veio me oferecer mais café.

— Por que vocês gostam tanto de complicar as coisas? — ele apoiou a cabeça em sua mão. — De qualquer modo, vá ao menos ver se ela já está pronta para irem, ou vão se atrasar. — ele se levantou. — E, se desculpe corretamente. — eu suspirei.

— O que eu faço agora, Ana? — perguntei para a mulher de cabelos castanhos com alguns fios já brancos.

— Eu me lembro da minha primeira briga com meu marido. — a voz dela era doce e delicada. — Foi a pior que tivemos, ficamos sem nos falar por quase duas semanas. Até que eu o fiz falar comigo. — eu franzi a testa, curiosa.

— E como você fez isso? — ela me olhou com um sorriso e um olhar malicioso, que já entregava tudo. — Ah, está bem. — eu dei uma risada tímida. Seu conselho era que eu tirasse a minha blusa e a beijasse enquanto dizia que a amava. Eu até faria isso caso sentisse de fato esse amor.

Ana não sabia a verdade também, não sabia que Scarlett e eu não dormíamos no mesmo quarto, não sabia que aqueles beijos na bochecha na hora do café eram falsos. Por enquanto, estava fácil esconder isso dela, principalmente a questão de dormirmos em quartos separados.

O quarto de Scarlett sempre estava trancado quando saíamos, e ela colocou algumas roupas que não usa no meu closet. Ana não ficava aqui até muito tarde, então não via quando íamos para direções diferentes. E, não precisávamos fingir tanto na frente dela já que quase nunca estávamos em casa.