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E foi quando acordamos no dia seguinte ao meio-dia. O sol invadindo a janela, piorando a dor de cabeça. Ela estava abraçada na minha cintura. Acordamos ao mesmo tempo, como se fosse algo planejado.

Nos acostumamos com a luz antes e esticamos os nossos corpos, espantando a preguiça. Depois olhamos de quem se tratava o corpo de quem estávamos abraçadas. Nos separamos no mesmo instante, nos olhamos completamente assustadas, como se tivéssemos visto algum fantasma.

— Não... — eu murmurei. Olhei em volta, reconhecendo de que não era o meu quarto, e também não parecia ser o dela. Mas sim, um quarto de hotel.

— Que merda é essa? — ela olhou para mim. Percebi que o lençol estava quase caindo do meu tronco, por pouco não deixou meus seios à mostra. O segurei fortemente em meu corpo.

— Isso não pode ser real.

— Eu não posso ter dormido com você. — ela falou. O seu tom de nojo me ofendeu.

— EU não posso ter dormido com você. — dei ênfase. Eu fiquei quieta a partir daí, as memórias começaram a me atingir com tudo.

— Não, não, não. — seus olhos percorreram o quarto, fiz o mesmo, reparando em nossas roupas espalhadas pelo lugar. Vi ela tapar o rosto com as mãos enquanto lamentava.

— Scarlett... — eu me senti tremer. — Que... que papel é aquele? — apontei para a folha que estava em cima da cômoda. Engoli em seco. Eu estava desejando que essa parte fosse apenas imaginação ou um pesadelo.

— Não sei. — deu de ombros. Sua testa franzida e sua voz irritada.

— Feche os olhos. — ela estreitou os olhos, franzindo a testa mais ainda.

— O quê?

— Feche os olhos!

— Não vou, não. E se você fizer alguma coisa?

— Te garanto que não. — eu era louca, mas agora nem tanto. — Feche os olhos a não ser que queira me ver nua. — ela bufou, mas fechou os olhos. Me levantei e peguei rápido um lençol, eu estava de costas e, por um milésimo de segundo, a senti me olhar. Quando me virei, vi que ela estava com os olhos fechados, deduzi que eu estava paranóica.

Eu caminhei até a cômoda e peguei o papel. Senti meu corpo gelar quando vi escrito certidão de casamento. Não era um pesadelo ou parte de uma imaginação.

Tudo parou.

Tudo se silenciou.

Eu não sabia o que sentia. Não sabia se sentia alguma coisa.

— Então? — perguntou impaciente. Tive certeza de que ela não se lembrava igual a mim. Eu me virei devagar para ela. Scarlett franziu a testa quando viu a minha feição desesperada. Acho que parecia que eu iria vomitar.

Eu queria fazer um monte de coisas. Queria pular, gritar, bater em mim mesma e em Scarlett também. Mas apenas disse:

— Acho que... estamos casadas.

Por um instante pensei que ela fosse rir, sua expressão estava entregando aquilo. Mas quando ela viu que eu não estava brincando, o desespero atravessou seu rosto também.

— Taylor, do que... do que você está falando? — perguntou em um falso riso, com esperanças de eu abrir um sorriso e dizer "brincadeira!".

Eu também queria muito isso.

Caminhei até ela, a entregando o papel. Do jeito que ela estava, parecia que ela iria pular da janela. Eu cogitei isso também.

Mas naquele momento, eu lembro-me de ter pensado: ninguém sabe.

Sem Querer, Casadas (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now