capítulo cinquenta e cinco.

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Apesar dos meus anseios, durmo sem perceber e acordo ao sentir o aroma de café fresco. Me viro na cama, buscando pelo corpo quente de Helena, mas tudo que encontro são lençóis frios. Me sento atordoado, sentindo uma dor terrível de cabeça e olho ao meu redor. O apartamento de Helena está silencioso, exceto na cozinha, onde pela porta posso vê-la mexendo em algumas coisas. É de lá que vem o cheiro atraente de café. Ela se vira por um momento e sua expressão não entrega nada ao ver que acordei.

— Suas roupas estão na poltrona. — Ela diz simplesmente e volta aos seus afazeres.

Me levanto desorientado e encontro minhas roupas, vestindo-me ao tropeços. Não me lembro se estava com essas roupas ontem, mas imagino que não, já que estão secas e com cheiro de amaciante. Pelo menos são roupas que reconheço como minhas; honestamente não aguentaria que ela me desse roupas de outro homem para vestir.

Quando termino, me perguntando o que fazer, Helena retorna com uma xícara de café fumegante.

— Precisa de remédios para ressaca? — Ela indaga me entregando a xícara e envolvo minhas mãos ao redor da porcelana quente.

Como um raio, as lembranças da noite anterior retornam. Bebi pra caralho, matei uma pessoa, transei e dormi com Helena.

O cheiro de café se torna repentinamente enjoativo.

— Não. — Respondo quando percebo que ela espera uma resposta. A dor de cabeça é o menor dos meus problemas. Tomo um gole de café mesmo quando meu estômago se agita e sinto enjôo. Preciso por algo para dentro antes que desmaie, realmente não lembro a última vez que ingeri alguma coisa saudável.

— Quer comer alguma coisa? — Helena pergunta como se lesse minha mente. Ainda não me acostumei com seus cabelos curtos; ela parece mais adulta e elegante com eles, mas é um grande contraste. Faço que não. — Eduardo...

Ela suspira e balança a cabeça, se virando e indo para a cozinha. Meio sem saber o que fazer, apenas me sento na beirada da cama e tento tomar meu café, esperando o momento que ela volte para me mandar embora.

Helena retorna alguns minutos depois com um prato cheio de torradas, queijo em cubos e uvas.

— Coma. — Não parece um pedido.

Ela deixa o prato ao meu lado na cama, mas cruza os braços e me observa, esperando que eu cumpra o que ela mandou. Balanço a cabeça e pego um cubo de queijo, mastigando-o sem nem sentir o gosto.

Quando termino o café da manhã, eu mesmo me levanto e levo a louça para a cozinha. Helena me segue, observando quando me sirvo um copo enorme de água e bebo tudo o mais rápido que consigo. A ressaca é imoral, dói minha cabeça e me dá tanta sede que pareço estar morrendo.

— Quer voltar a dormir? — Ela pergunta trocando o peso do corpo de um pé para o outro.

— Quer que eu vá embora? — Respondo com outra pergunta.

— Não. — Helena não hesita ao responder.

— Você me perdoou? — Meu coração dói quando ela diz:

— Não.

— Há algo que eu possa fazer para mudar isso? — Questiono ansiosamente.

Helena abre a boca parecendo que irá negar, mas para, hesitação cobrindo todo seu rosto.

— Diga. — Meio que peço, meio que imploro.

Helena aperta os olhos com força e se afasta, voltando para a sala. Deixo o copo na pia e a sigo, mortalmente ansioso, cheio de esperanças.

— Helena, por favor. — Peço parando atrás dela; mesmo estando de costas para mim, posso ver seu corpo agitado.

Ela se vira, as sobrancelhas franzidas.

MONSTRO. | Professor × Aluna.Where stories live. Discover now