4 - O Espião da Sonserina

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Você pensou no que aconteceria se você trocasse de lado?

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DRACO MALFOY

A noite em que Draco encontrou Olívia chorando na sala secreta e ficou com ela até a manhã seguinte, voltava para assombrá-lo com uma frequência exaustiva, apesar de ter acontecido há muitos meses, no início do quinto ano. Sua ausência no salão comunal naquela noite não passou despercebida. Passou dias sendo interrogado por Blásio Zabini e Theo Nott, que achavam engraçado ouvir as desculpas esfarrapadas saindo da sua boca. Além disso, de algum jeito que Draco nunca descobrira como, sua ausência chegou aos ouvidos de seu pai.

Lembre-se do que conversamos e do que deve e não deve fazer. Lembre-se de quem você é e do nome que você carrega. Lembre-se disso, Draco, ou farei você se lembrar.

Foi a primeira carta esquisita que recebera de seu pai, mas não a última. Nos meses que se seguiram, ele recebeu uma carta toda vez que ganhou detenção, que sequer falou com alguém com quem não devia falar ou que foi visto fazendo algo minimamente suspeito. Lúcio Malfoy sabia com quem ele andava, sabia quanto tempo ele ficava dentro ou fora do Salão Comunal, sabia quais brigas ele tivera e com quem e, dependendo do que acontecia, Draco recebia uma carta de repreensão. Ele se sentia uma criança sob vigia 24 horas.

E o pior: ele se sentia indigno da confiança da própria família.

Era assim que seu pai o via? Como o filho problemático e indigno de confiança que uma vez se apaixonou por uma mestiça e, por isso, agora tem grandes chances de envergonhar ainda mais a família num futuro próximo? 

Ele se perguntou como Olívia estaria enxergando-o agora. Após pensar um pouco no assunto, percebeu que a visão dela seria, talvez, a mais exata. Depois de tanto acusá-lo de viver "em cima do muro", Olívia provavelmente o enxergaria como o covarde que ele também sentia que era.

Draco se perguntou se algum dia fora para Olívia Potter qualquer coisa além de um erro, de alguém em quem ela não podia confiar, de uma pessoa de quem ela só esperava ações negativas para poder gritar com ele e dizer que ele estava errado. E não era exatamente isso que ele era para o seu pai?

Enquanto andava em direção ao escritório de Snape, só conseguia pensar no quão cansado estava de estar cercado por pessoas que nunca achavam nada do que ele fazia suficiente. 

O sonserino repassava mentalmente cada uma das malditas cartas de Lúcio Malfoy na sua cabeça, enquanto batia na porta do escritório de Severo Snape. O professor de Poções era a única pessoa a quem ele podia perguntar sobre a sua teoria de que Lúcio colocara um espião atrás do filho para vigiar minuciosamente seus passos.

Sem obter resposta após bater durante dois minutos, o garoto apenas abriu a porta.

Apesar de constantemente juntar esperanças de que não tornaria a ter outra conversa desgastante com Burnier, o corvino sempre aparecia nos lugares mais inesperados. Como naquele momento, sentado na cadeira do professor de Poções, empilhando envelopes.

— Ah, é você! — Josh exclamou, então sorriu. — Oi!

— Onde está Snape? — Draco perguntou.

O corvino deu de ombros antes de responder:

— Saiu. Não sei para onde.

— E o que você está fazendo aqui?

OLÍVIA POTTER [6]Where stories live. Discover now