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TAYLER

Meu pai estava em coma a três dias, foram os piores três dias da minha vida.

- Você já comeu mané? - Lion perguntou se jogando na cadeira do meu lado.

- Não posso perder ele.

- Você não vai... Relaxa que o tio Jhon é fodao.

- É sério, não posso perder ele de novo... Quando perdi minha mãe, perdi meu pai também Lion. E agora que a gente estava se dando bem, eu não posso...

- Não vai. Ei! Não vai. Você vai ver que Jajá ele acorda cara. - Lion apertou meu braço.

- Você é um bom amigo. - Apertei o ombro dele em resposta e levantei saindo.

- Não vai comer?! - Ele gritou mais eu já estava longe.

Hanna estava encolhida no chão do corredor ao lado da porta do quarto do meu pai, como um cãozinho que espera pelo dono.
Era assim que ela era.
Fiel ao meu pai.
Olhando de fora agora os dois tinham muitos sentimentos pendentes. E aquilo doía em mim.

Mais não era hora pra isso.
Eu estava com aquela queimação no coração de que alguma coisa ia dá errada, muito errada.

Peguei minha moto e sai sem destino.
Iris e Lion ligavam sem parar, até Nina ligou.
Vovó estava em pura agonia, assim como Joana.
Kent estava fora de perigo mais teve ferimentos profundos e precisava ficar no hospital um tempo.

Já estava escuro quando parei no beco sujo de Seattle.
Eu sabia que não devia estar naquele lugar naquela hora.
Sabia que tinha prometido pro meu pai que não voltaria lá depois daquela noite.
Mais eu precisava calar as vozes na minha cabeça e o único jeito agora era bater em alguém.

Escondi a moto e caminhei até o lugar das lutas clandestinas sentindo o frio e a adrenalina.

Os gritos e a fumaça eram estranhamente aconchegantes .
Caminhei até o Toby que organizava as lutas e pedi pra enfaixar minhas mãos.

- Você voltou porra! Hoje tem apostas seus cachorros! - Toby gritou animado me ajudando com a roupa e as faixas.

O outro cara era grande, mais eu era mais rápido.
Todo mundo começou a gritar quando entrei.
Cada soco e cada gota de suor e sangue derramado fazia meu estranho vazio ser preenchido e eu gostava daquilo.
Bati mais forte, bati mais vezes até derrubar o cara e subi em cima dele socando sem dó.
Minha cabeça não calava a droga da boca.
Hanna tinha voltado.
Tudo era pra estar bem.
Era pra agente estar junto agora.
Mais ela não parecia ela... Parecia mais quebrada que nunca e eu não fazia ideia de como ajudar ou se podia.
E tinha meu pai droga! E se ele...
Eu não podia pensar no e se ... Não podia.

- Tayler! Tayler para! Vai matar ele! - A voz de alguém me fez parar e fui tirado de dentro do círculo por Toby e mais dois caras.

- você pirou ? Quase matou ele! Tava com a cabeça onde porra! - Ouvi os gritos e olhei pras minhas mãos sejas de sangue e carne.
O rosto desfigurado do cara largado no chão me fez arregalar os olhos.

Todos gritavam meu nome como loucos e eu mal podia pensar direito agora, precisava levantar e sair dali.

- Tayler! Tayler vem! Vamos sair daqui. - e como se lesse meus pensamentos Nina apareceu e me arrastou de lá.

- Que droga tá fazendo aqui Tay? Eu achei que você não frequentava mais o círculo... Você tá bem? Olha pra mim! - Ela me fez parar batendo de leve no meu rosto paralisado.

- Tayler! Droga você tá bem? - Ela gritava agora.

Balancei a cabeça que sim voltando a realidade de merda em que eu estava.

- preciso sair daqui... Não consigo respirar Nina... Não consigo... - Cai de joelhos sentindo que ia sufocar, eu estava fervendo por dentro e tentar respirar virou uma tortura.

- calma... Calma. Respira junto comigo vai... 1 .... Solta... 2 ... Solta... Vamos Tayler... Você vai ficar bem é só respirar. - Nina se ajoelhou me fazendo encarar ela e respirar na contagem idiota.

Estava dando certo.
Aquilo já tinha rolado antes, e foi ela que ajudou.
Porque nina era assim.

- Isso... Você vai ficar bem. - ela passava as mãos no meu rosto com cuidado como se eu fosse um bebê.

- Tá tudo... Uma droga... Não aguento mais. - Balbuciei encostando nela que me segurou.

- Eu sei... Fiquei sabendo da Hanna e do seu pai no hospital... Eu quis ir lá mais...

- Desculpa Nina eu fui um merda com você. - Falei sendo acalmado aos poucos.

- não pensa nisso agora. Me dá sua chave. Vou te levar pra casa. - Dei a chave pra ela e caminhamos devagar até a moto.

- Você sabe pilotar? - Olhei pra ela que sorriu prendendo os enormes cabelos e rindo pra mim.

- Sobe aí babaca. - Ela disse e subiu colocando o capacete.

- Ok. - Subi atrás dela encostando a cabeça nas costas de nina.
A garota que eu machuquei.
A menina que namorei por anos e que virou uma estranha por culpa minha.
Agora ela estava me ajudando sem eu merecer porra nenhuma.

Nina entrou comigo na casa de praia e estava cuidando das minhas mãos quando a porta abriu.

- Procurei você por toda parte, onde se enfiou? - Iris e a voz irritante dela entraram como um furacão ela sala.
Era isso que iris era. Um furacão.
Uma força.
Ela ocupava espaço demais.

- E quem é ela? - Nina enfiou o algodão com força na minha mão.

- Eu sou a Íris você deve ser a ex namorada. Tayler a sua vida é bem interessante. Ah... O Lion está chegando. Sua avó quer você no hospital. - Ela falava sem parar e eu estava quase gritando pra ela parar quando nina levantou do sofá.

- É uma das garotas de Tayler? Ele costuma pegar piranhas por aí... Mais você...

- Eu pareço uma piranha?! - Iris começou a rir e deu uma voltinha dramática se olhando.

Iris era linda. De verdade, do tipo modelo adolescente mais eu não sabia bem qual era a dela.
Eu ajudei ela uma vez. E agora ela não saia do meu pé.
E com certeza ela não parecia uma piranha.

- Na verdade? Parece, só que de um jeito bem mais cafona. - Nina riu sem humor e olhou pra mim que estava assistindo a briguinha desnecessária. Era tudo que eu NÃO PRECISAVA AGORA.

- E você vê se se cuida. Vou nessa você já tem ajuda o suficiente. - Nina pegou a bolsa irritada.

- Nina... Obrigada por hoje. - Falei e ela acenou saindo

- Quer ajuda? - Iris correu até mim pegando os remédios sem se importar com Nina.

- Se meteu em uma briga feia em... Como o outro cara ficou? - Ela perguntou rindo. E eu fechei a cara me afastando.
Ela não ia querer saber.

- Você não precisa fazer isso...

- Não... Tá tudo bem, deixa eu vê isso aí. - Ela pegou meus punhos de novo dando uma olhada.

- Não, eu tô falando que você não precisa fazer nada disso. Ir no hospital, vir aqui, limpar as coisas, cuidar de mim... Iris eu te ajudei e você me ajudou na parada da polícia com a Hanna. Está paga a sua dívida. - Falei sendo sincero sem querer magoar ela que parou me olhando.

- Não tô fazendo isso como pagamento ou nada assim. Tayler... Você foi bom comigo, ninguém nunca foi. Só conheci babacas. E eu gosto de tá aqui, isso me distrai.

- Você tá errada, eu sou um babaca. Um dos piores. Você devia se mandar e não voltar
- Eu disse e ela sorriu e se aproximando, me pegou totalmente de surpresa me beijando de leve na boca.

- Eu vou ficar. - Ela disse e com um sorrisinho continuou limpando minha mão.

De volta a Jaula Where stories live. Discover now