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TAYLER

Passei os dois próximos dias bebendo e no meio de uma rave no quintal da casa de praia que era a própria praia.
Pessoas que nunca vi.
Coisas que nunca provei.
Bocas que nunca beijei.
Experimentei tudo pra me sentir menos idiota.

- Ei Tay! - A voz de Lion atrapalhou o beijo entre mim e Iris no balcão da cozinha.

- Qual é Lion... - Puxei a blusa dela de volta pro lugar.

- Tem alguém lá fora que quer te ver. - Ele parecia sério.
E por um segundo.
Um segundo pensei ser ela.
Hanna podia ter mudado de ideia.

Me afastei de Iris que me puxou de volta.

- Você devia ter um pouco mais de amor próprio. - e com um beijo no rosto ela pulou do balcão arrumando a saia voltando pra festa.

Mais não era Hanna quem estava me esperando na porta.

- A gente pode conversar? Um minuto filho. - Era meu pai parado ali com as mãos nos bolsos do terno caro, com cara de cachorro molhado.
Ele já estava de pé.
Estava fora de perigo, então eu podia ser um babaca mais uma vez.

- Não... Eu tô no meio de uma festa não tá vendo? - virei as costas pra ele que passou por mim rápido parando na minha frente.

- Ok... Vamos pra festa então. - Ele disse e tirou a gravata junto com o blazer .

- Tanto faz. - Peguei a garrava de gin e virei andando descalço até a varanda onde estava Lion e Nina com mais outra galera.

Vi meu pai ir até a cozinha e abrindo a geladeira ele pegou uma garrafa de whisky pela metade.
É sério?

- Seu pai é bem gato Tayler... uau! - Uma garota de cabelo colorido disse olhando como se fosse comer ele.

- Porque não vai lá e dá pra ele então ? - Bufei virando de costas.

- Relaxa cara... - Lion disse.

Ele não tinha o direito de vir aqui e estragar a festa.
Ele devia estar em casa com Hanna como uma família feliz da porra .


- Cara... O seu pai pode beber? Ele não levou um tiro? E meio que saiu do mundo dos mortos em pouco tempo? - olhei pra Lion e pro meu pai em seguida.

- Eu não ligo. - Virei mais uma dose e avistei Iris que revirou os olhos pra mim.

- Iris! Perai. - Gritei descendo os degraus da varanda até a tenda onde ela estava.

Iris tinha ficado comigo no meu pior momento.
Me viu chorar e me envenenar de álcool.
Foi atrás de mim quando eu quase bati a moto.
E cuidou dos meus machucados quando arrebentei um cara no círculo mais uma vez.

- O que é? Vai me dizer que não achou que era a Hanna na porta? Por isso me largou daquele jeito Tayler... Se ela piscar você corre até lá.

- Você já sabia disso... Você não pode me cobrar coisas assim Iris.

- Eu sei... E eu aceito você desse jeito aí, quebrado e irresponsável. Mais não quero ser trocada na primeira aparição da ruiva. E eu gosto dela porra! Você tem que se resolver antes. - ela saiu me deixando lá plantado.

Iris tinha razão.
Eu era um merda amal resolvido, por isso também estraguei tudo com Nina.

- Tudo bem? - E adivinha? Era Nina, jogando os cabelos que batiam no rosto dela e sorrindo pra mim pegou a garrafa da minha mão e virou um gole.

- Não... Tá tudo uma bosta. - Falei olhando pra varando onde meu pai agora estava apoiando conversando com Lion enquanto os dois dividiam a garrafa de whisky .
Que merda ele estava fazendo?

- Parece que a Íris também não te aguenta não é?

- Não ferra Nina

- Porque você não consegue firmar o pé no chão Tayler? Porque tá sempre querendo mais quando o que te dão pode ser tudo que você precisa? - Olhei pra ela direito pela primeira vez na noite.

- Tá falando de que?

- Do seu pai... Olha pra ele. Ele deu tudo pra você, ok... Ele não foi perfeito, não foi o pai do ano eu sei bem. Mais ele está tentando faz um tempo.

- Você não devia se meter. - falei irritado.

- Ele nem pode beber cara, e olha ele ali.

- Ele não tentou porcaria nenhuma! Ele ferrou tudo como sempre! Ele e a Hanna eles dois...

- Estão apaixonados... E só você não viu o óbvio. Aquela garota sempre foi do seu pai e ele sempre foi dela, e todo mundo com boa visão ver isso. Agora ara de ser um moleque chorão e aceita isso. - Nina pegou minha garrafa mais uma vez e beijou meu rosto me levando até a varanda.

- Oi pessoal... - Lion disse animado vendo a gente chegando de volta e devolveu a garrafa pro meu pai quando olhei pra ele com a cara feia.

- Tayler... - meu pai Sussurrou já meio bêbado, ele era fraco pra bebida desde sempre.

- o que tá querendo provar? Que é um bom pai? Que tá arrependido de ter roubado a Hanna de mim? Ou... Tá querendo provar que é melhor que eu? - Cuspi as palavras nele fazendo todos se afastarem.

- Eu só quero conversar. Tayler... Eu sou seu pai. E eu amo você. Eu tô aqui, pode jogar tudo em mim eu aguento! Eu vim pra isso! Só vamos conversar. - Ele se aproximou e eu empurrei ele.

- Não chega perto! Você não pode se fazer de bonzinho agora. Porque você não é! - gritei.

- Ok. Não sou... Eu fiquei com a garota. E eu amo ela. Só por isso... Não posso deixar ela mais uma vez porque você acha que sente algo por ela Tayler! Você não sabe o que sente!

- Você não sabe!

- Então me diz! Me diz meu filho porque eu quero entender. - Ele se aproximou de novo.

- Vai embora... Você sempre estraga tudo. - Me virei pra Lion e Nina que assistiam.

- Tira todo mundo daqui. Acabou a festa. - pedi e Lion fez isso bem rápido sumindo com todos de lá.

- Tayler... Não pode aceitar isso ainda, eu entendo. Só me diz... Me diz que isso vai passar por favor. - Ele chorava agora segurando no meu ombro.

Eu estava de costas pra ele e senti meu peito afundar.

- Eu nunca vou perdoar você. E nem ela. Vocês dois não vão ser felizes porque eu não vou deixar! Você é egoísta Pai. Preferia que ela nunca tivesse aparecido e que você não tivesse acordado! - Gritei jogando a garrafa na parede e tirando a mão dele do meu ombro.

- Tayler! - Iris gritou.

- Saí daqui... - falei pra ela que se aproximou irritada como jamais vi.

- Você percebe o que acabou de falar pro seu pai? Ele quase morreu e você ficou tão mal que não dormia! Agora fala isso! Tem coragem? Que tipo de pessoa você é afinal? - ela gritou me empurrando.

- Iris... Sai daqui! - falei entre os dentes sentindo o choro vir.

- Ele só tá zangado... Ele tem motivos pra isso, Eu entendo... - meu pai bebeu mais um longo gole limpando o rosto vermelho.

- Eu me enganei mesmo com você. Babaca! E Jhon, eu espero que você Hanna sejam felizes. - Ela saiu de lá batendo a porta.

Fervi por dentro.

- Odeio você! - Gritei batendo na garrafa que estava na mão do meu pai que voou longe.

- E eu te amo... Eu não consigo sem você. - Ele gritou de volta.

- Odeio você! - Empurrei ele de novo que abriu os braços.

- E eu amo você garoto. Você é meu sangue... Me perdoa... Me perdoa... - Meu pai me agarrou me mantendo ali aninhado a força.
E eu chorei.
E ele chorou.
Choramos juntos cheios de raiva e mágoa.
Eu amava o meu pai.
Mais também odiava muito ele agora.

- Eu... Preciso de tempo. - Falei me afastando e deixando ele pra trás saí atrás da Iris.

De volta a Jaula Where stories live. Discover now