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TAYLER

Os sons de grito e gemidos de Hanna duraram quase meia hora. Então ela parou.
Ouvi os passos e o som de água.
Depois silêncio.
Hanna tinha pesadelos, e eu queria muito que tudo aquilo não me afetasse, mais eu ainda me importava com ela.

Deixei a garota que eu nem lembrava o nome na cama e fui até o banheiro, lavei o rosto e me segurei pra não ir ver se Hanna estava bem.
Ouvi a porta do quarto dela abrir a meia hora atrás, ela devia estar na varanda pegando ar.
Devia ser 3 da manhã, estava feio, será se ela estava coberta?
Para de se importar Tayler
Para de ser idiota!

Fechei a torneira e sai do quarto sem controle nenhum das merdas das minhas ações.

- Hanna? - Chamei quase em um suspiro.
A casa estava silenciosa.
Meu pai tinha saído de lá contra a vontade dele , dava pra ver que ele não queria ter deixado Hanna lá.

- Tudo bem querido? - Meg levantou me assustando.

- Droga Meg que susto! Tá tudo bem, vai dormir... Só tô com sede. - Falei tentando disfarçar.

Ela aceitou e voltou pro quarto.
Peguei água e caminhei até a varanda.
Lembrei de olhar pra porta onde Hanna estava dormindo.
Estava aberta. E claro, a minha curiosidade foi maior.
Caminhei devagar até lá.

Estava vazio.
Cama bagunçada.
Roupas jogadas.
Droga! Droga!

Corri até a varanda olhando em volta, nada.
Corri até a porta procurando por sinal do meu pai ou kent.

O carro do meu pai estava parado do outro lado da rua.

- Pai! Ei! - Bati duas vezes no vidro e ele abriu rápido limpando os olhos olhando pra mim.

- Porque tá dormindo no carro? - Perguntei achando idiotice, a gente tinha sofá.

- Porque tá acordado essa hora? Hanna teve pesadelos ? - Ele abriu a porta do carro saindo apresado.

- Teve, mais...

- Eu vou lá... Ela precisa dos remédios eu tenho alguns no carro. - Meu pai disse se apresando .

Peguei no ombro dele preocupado agora.

- Pai... Ela não está na casa. Achei que ela estava aqui.

- O que?! Não está na casa? Como assim? Eu deixei ela lá! Ela não passou aqui. Eu saberia. - Senti o pânico dele.

- Então... A praia! Droga a praia! - gritei a última parte e corri em disparada a praia junto com meu pai e kent logo atrás.

Meg também veio e todos começamos a gritar por ela na escuridão da praia deserta.

- Hanna! - Gritei enquanto a gente se dividir , nenhum sinal dela.

- Onde ela tá! Onde você tá... Droga Hanna! - Meu pai gritou e correu em direção ao mar.

Avistamos ao mesmo tempo a bolsa e o ponto da roupa branca de Hanna boiando na água.

- Não não não! - Gritei sabendo que era ela.

Meu pai mergulhou enquanto eu fiquei na beira esperando pra ajudar, Meg gritava e eu só conseguia pensar.
Não morra! Não morra! Me desculpa! Eu fui um babaca com você! Podemos sim ser amigos! Quero que seja feliz Hanna! Quero que viva tudo que não te deixaram viver! Quero que faça meu pai feliz! Quero te ver feliz feia! Não morra! Não morra!
Porra!

Meu pia veio arrastando Hanna até a areia.
Sem cor e apagada, ele colocou Hanna no colo correndo com ela pro carro.

- Ela não tá respirando droga! - Ele gritou caindo no chão antes de sair da praia.

Ele fez respiração boca a boca enquanto Meg e eu tentávamos fazer pressão no peito dela.
Sem reação.
Respire Hanna!
Respire Hanna!
Vamos!

- Por favor... Por favor... Abra os olhos... Hanna.... Eu preciso de você! - Meu pai gritava desesperado

Eu nunca vi ele daquele jeito, e ver não foi agradável.

- Liga pro tio Lino... - Pedi pra Meg que começou a ligar

Meu pai e eu continuamos tentando reanimar ela.
Sem sucesso.

Vi meu pai se ajoelhar na areia e fechar os olhos.

- O que eu vou fazer sem ela? - Ele gritou.

- Não desiste Hanna... - Sussurrei batendo no peito dela sentindo as mãos dormentes.

- Ela morreu... Ela... Ela morreu! - Meu pai gritou mais uma vez e então quando eu achei que estava tudo acabado mesmo Hanna tossiu.

- Pai! Pai! Ela tá aqui... Pai porra! Ela acordou! - Os olhos dela abriram e ela começou a vomitar e tossir água, saia água do nariz e da boca e ela tentava respirar em agonia pura.

- Hanna! Graças a Deus! - Meu pai achou o caminho até ela e assim que Hanna reconheceu ele ela deu um meio sorriso e desmaiou.

- Tem algo errado. Tem algo errado! - corremos com ela no colo até o carro.

Não demoramos a chegar na clínica do tio Lino.
Eu nem lembro como chegamos tão rápido.
Kent dirigiu como maluco enquanto meu pai gritava medindo o pulso de Hanna que ainda estava apagada, ela balbuciava palavras estranhas como se estivesse tendo pesadelos e não conseguisse acordar.

- Ela se afogou... Lino ajuda ela. Ajuda ela. - Meu pai disse chorando rouco enquanto tio Lino levava Hanna.

- Porque droga ela tá azul?! Olha a boca dela! -  perguntei abraçando meu próprio corpo molhado.

- hipotermia provavelmente. E vocês dois precisam de agasalhos, Simone, cuida dos dois. - a noiva do meu tio disse rápido correndo pelo corredor pro quarto onde Hanna foi levada.

- E se ela... - Ver meu pai quebrado me quebrou.

- Ela não vai pai...  - Sussurrei abraçando ele.
Não sei quanto tempo ficamos assim.
Mais nenhum dos dois ia se render essa noite.
Essa noite horrível estávamos unidos por Hanna.
Ela era importante e isso era fato.
Meu pai era importante e a felicidade dele também era.
Eu estava sendo um idiota por manter eles longe e tristes.

- Como ela tá? - Perguntei pro tio Lino baixinho depois que meu pai dormiu ao meu lado.

- Nada bem. Ela não tem imunidade o suficiente por nunca ter vivido como as outras pessoas Tayler... Preciso voltar, cuida dele, ele vai precisar de você. - Ele disse e saiu beijando minha testa.

Meg chorou baixinho a noite toda e eu não fazia ideia se ia  conseguir dá uma notícia ruim pro meu pai depois de ter sido tão cruel com ele.

De volta a Jaula Where stories live. Discover now