Capítulo 3

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Duas semanas depois...

Latidos. Só o que eu ouvia desde que voltei para cara eram latidos. Eu já não aguentava mais, só queria que eles calassem a boca. Espremo os meus olhos enquanto tampava com todas as minhas forças os meus ouvidos.

- Você sabe o que eles querem. Eles estão com fome, Alan. – Ouço a voz de Jack.

- Você não vai fazer isso! Eu já disse! – Grito com ele.

- Então faça-os calar a boca!

- Eu tentei! Andamos o dia inteiro atrás de um dono para eles, mas ninguém os quis! Agora precisamos esperar até amanhã para sairmos novamente e procurarmos alguém que os queira!

- Ninguém quer dois cachorros adultos que rosnam para todo mundo que eles veem na rua! Desista de tentar se livrar deles! Você não tem escolha a não ser me deixar fazer o que eu tenho que fazer!

- Ahhhh, eu não aguento mais!!! – Falo já não suportando mais o meu irmão e os latidos incessantes dos cachorros.

Caminho rapidamente até o cercado atrás da minha casa onde eu deixava os dois cachorros.

- CALEM A BOCA!!! – Grito com eles, mas eles simplesmente me ignoram.

- Eles têm nome. – Jack fala indiferente com os braços cruzados.

- "Ping" e "Poing" não são nomes para cachorros! Ainda mais se tratando de dois pastores-alemão!

- Se depender de você nem nome eles teriam.

- Cala a boca, Ping! E você também, Poing! – Grito, mas eles continuam a latir na minha cara.

- Isso é inútil! – Jack fala comigo.

- Eu não te perguntei nada!

- Me deixe fazê-los calarem a boca! Você sabe que eu sou o único capaz de fazer isso!

- Eu confiei em você, Jack! – Apanho o meu irmão pela camisa. – Pensei que pela primeira vez na vida você estava fazendo algo descente cuidando desses animais! Mas quando desci até aquele porão... Quando eu te segui até aquela avenida... Eu não quis acreditar... Você é doente! Precisa de um médico!

- VOCÊ é o doente aqui! Se eu sou como eu sou, a culpa é toda sua! É você quem precisa de um médico e não eu!

- Esses cachorros vão calar a boca agora! E você nunca mais vai ter que fazer o que fez! – Dou de ombros para o meu irmão e ando em passos largos de volta para dentro de casa. – E isso aconteceu durante dois anos bem debaixo do meu nariz... Como eu não desconfiei?! – Falo comigo mesmo enquanto andava.

- Espera! O que você vai fazer?! – Jack me pergunta preocupado.

- Eu vou pegar a minha arma e acabar com essa história de uma vez por todas! Eu não deveria ter pegado esses cachorros para começo de conversa! Nisso você tem razão!

- O quê?! – Jack fala surpreso.

Chego até a cozinha e abro o armário. Apanho uma caixinha de madeira que ficava escondida atrás dos enlatados e a coloco em cima da pia. Estava trancada com um pequeno cadeado, e a chave dele estava em meu chaveiro. Apanho minhas chaves em meu bolso e abro a caixinha rapidamente.

- Você não é assim! – Jack tenta me impedir, mas eu o ignoro.

- Não... Eu não sou. Mas eu estou cansado! A muito tempo eu estou cansado de tudo isso... – Falo enquanto carregava a minha arma com algumas balas que também estavam dentro da caixinha.

- Então talvez esteja na hora de você descansar um pouco...

- Do que você está falando?! - Me viro em direção ao meu irmão e a última coisa que eu sinto é uma pancada forte em minha cabeça.


Jack

Solto o objeto que usei para acertar a cabeça do idiota do Alan e olho em direção ao corredor quando vejo um vulto passando.

- Eu sei que você está aí.

- Eu ouvi um barulho... – Theo, meu irmão de 10 anos, aparece escondendo metade de seu corpo atrás da parede. – O que aconteceu?

- O Alan caiu.

- Ele está bem?? – Theo corre até o nosso irmão caído no chão. – Alan?! Alan?!

- Não comece a chorar, você é irritante quando chora. – Falo já perdendo a paciência com o meu irmão depressivo.

- Quem vai cuidar da gente agora?! – Theo fala já com voz de choro.

- Eu vou cuidar da gente! Agora relaxa! Ele não morreu! Só está dormindo!

- Como sabe??

- Porque ele ainda está respirando, seu idiota!

- Deveríamos levá-lo ao hospital!

- O único lugar que nós vamos levá-lo é para o quarto dele! Agora me ajude a carregá-lo!

- Tá...

Levamos Alan para o quarto dele e com muito esforço deitamos ele em sua cama. Encaro o rosto de Theo e vejo suas feições preocupadas. Aquilo realmente me irritava. Eu poderia fazê-lo dormir como fiz com o Alan, mas o Theo é mais fácil de controlar do que o meu irmão mais velho, então talvez ele fosse útil para mim de alguma forma.

- Ele só está dormindo, tá bom?! – Tento acalmá-lo. – Ele só está cansado, logo ele acorda e vai estar se sentindo bem melhor!

- Tá bom...

- Agora pare de chorar! Preciso que me ajude em uma coisa. – Falo saindo do quarto de Alan.

- Ajuda em que?

- Preciso limpar o meu porão.

- O seu porão?! – Theo fala assustado. – Mas você nunca me deixou entrar no seu porão.

- Hoje é um dia diferente! – Falo entregando um balde para o meu irmão.

- E o que tem lá?

- Por que não desce e descobre sozinho?! – Falo sorrindo de canto enquanto olhava para a escada após destrancar a porta que levava ao meu porão.

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Cerberus: O Homem de Três CabeçasWhere stories live. Discover now