Capítulo 7

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Stefane

- Aff!!! – Bufo frustrada. – Cadê aquela idiota da Juliana?! Não é possível que aquela maluca resolveu transar com aquele cara do nada... – Reviro os olhos. - Sortuda... Até que ele era bonitinho...

Me desencosto do meu carro e caminho vagarosamente pela calçada em direção a casa do homem que estava nos ajudando. Encaro a casa com os olhos cerrados, tentando averiguar alguma coisa de onde eu estava, mas não vejo nenhum sinal dos dois. A única coisa que noto de longe era que a porta da casa estava entreaberta.

Talvez eu devesse me aproximar para apressá-los. Não quero mesmo passar o resto da madrugada no meio da rua.

Olho para ambos os lados antes de atravessar. Atravesso a rua me sentindo um pouco aflita até chegar ao gramado que havia na frente da casa. Logo percebo que estava bem malcuidado. Como se ninguém morasse ali realmente.

Ignoro o fato de que isso não estava soando muito bem e me aproximo da porta. Empurro ela devagar e olho para dentro não vendo nada. Estava tudo muito escuro. E o pior nem era isso, e sim o cheiro que vinha de dentro.

- Juliana?! Oie?! Tem alguém aí?? – Faço silêncio por um instante esperando por um retorno, mas não tenho. – Eu estou entrando! Espero não encontrar ninguém pelado na cozinha... Ou sei lá!

Caminho vagarosamente para dentro em meio a escuridão. Quando meus olhos se acostumam com o escuro, começo a enxergar algumas coisas a minha frente. Na casa não havia muitos enfeites. Nos cômodos que passei tinham o básico do básico. Na sala havia um sofá, uma mesa no centro e uma cômoda com TV. Na cozinha as bancadas, geladeira e fogão. Estranhamente não vi nenhum micro-ondas, o que de fato me surpreendeu. Como assim ainda existem pessoas que sobrevivem sem um micro-ondas?!

- Juliana?? Mas que saco! A onde foi que vocês se meteram!

Finalmente encontro uma porta que me chama atenção, ela estava em um corredor do meu lado direito. Debaixo da porta pude vez luz, ao contrário do resto da casa que estava totalmente na escuridão.

- Ah há! Encontrei vocês! – Apanho meu celular do bolso rapidamente e coloco para gravar, esperando me deparar com alguma cena que eu pudesse usar para chantagear a Juliana quando ela não me obedecesse.

Me aproximo da porta e a abro devagar. Ouço sons estranhos vindos de dentro, como se algum animal estivesse comendo alguma coisa ou algo do tipo. Ao mirar com meu celular na cena que eu presenciava, o sorriso maldoso que eu tinha nos lábios logo se desmancha.

Vejo dois cachorros gigantes e peludos. Havia muito sangue espalhado pelo chão. Eles pareciam estar comendo algum animal. Quando dou zoom no celular vejo um dos cachorros puxar uma bola estranha cheia de cabelos. Mas logo percebo que aquilo não era uma bola... Era a cabeça decepada da Juliana.

Meu celular escapole da minha mão com o susto e cai escada abaixo. Quicando pelos degraus até chegar nos cachorros. O barulho chama a atenção dos animais e eu tampo minha boca completamente amedrontada. Vejo-os farejar o objeto em seguida olham para onde eu estava, farejando o meu cheiro que era o mesmo que estava no aparelho.

Vejo-os rosnarem para mim e correrem ao meu alcance, mas rapidamente eu fecho a porta. Os cachorros começam a latir e rosnar debaixo da porta, enquanto cavoucam ela com suas patas. Eu fujo dali rapidamente, correndo em direção a porta. Quando eu estava quase chegando ela bate e tranca. Paraliso no lugar quando ouço outro rosnado. Talvez houvesse mais um cachorro na casa que eu ainda não tinha notado.

Volto correndo para trás em direção onde eu jurei ter visto um banheiro. Felizmente eu estava certa. Tento me trancar dentro dele, mas a porta não fecha, parecia estar com a maçaneta quebrada. Olho em volta completamente em prantos e não vejo nenhuma janela que eu pudesse usar para escapar dali.

A única reação que eu tive foi de entrar em uma banheira que havia no banheiro e me deitar dentro dela para me esconder. Tampo os meus ouvidos e espremo os meus olhos esperando que eu magicamente ficasse invisível.

Ouço um assovio e os latidos cessam. Destampo os meus ouvidos devagar, esperando ouvir algo. A porta do banheiro abre lentamente fazendo um barulho que me causa arrepios. Eu me encolho ainda mais na banheira esperando pelo pior. Vejo uma sombra humanoide entrar no banheiro de quatro. Podia ouvir seus passos no piso do banheiro enquanto ele caminhava usando as mãos e os pés ao mesmo tempo.

Minha cabeça não se move quando ele passa, só o que eu queria era fingir que eu não estava ali. Até que vejo a sombra se erguer no canto do banheiro e ficar de pé, feito um homem. Sua cabeça estava virada em direção a mim, mas eu não podia ver o seu rosto por conta da escuridão. Só o que eu sabia era que ele podia me ver ali, deitada completamente imóvel dentro da banheira.

Eu paraliso no lugar completamente amedrontada. Meu corpo inteiro tremia de pavor enquanto eu encarava pelo canto dos olhos a sombra escura de um homem em pé ao meu lado. Podia ouvir sua respiração profunda, e em meio a ela alguns grunhidos como os de um animal.

Por mero impulso me levanto rapidamente para fugir dali, mas a sombra avança até mim e me apanha pelos cabelos. Começo a gritar desesperadamente enquanto eu era arrastada para fora do banheiro com violência. Sou levada até a porta do porão onde eu havia encontrado o corpo de Juliana e sou arremessada escada abaixo pelo homem.

Ao chegar no chão quase inconsciente, tento me mover, mas logo percebo que eu havia quebrado o meu braço direito com a queda. A dor começa a se manifestar e caio em um choro de completa agonia. Sinto minhas roupas ficarem úmidas. Quando percebo eu havia caído na poça do sangue coagulado da minha amiga.

Me desespero ainda mais e me viro de barriga para cima, tentando me arrastar para longe de tudo aquilo de alguma maldita forma. Olho para cima, vendo o homem ainda de pé na escada. Eu balanço a cabeça em negação, completamente inconformada com o que estava acontecendo comigo. Aquilo não podia ser real. Era demais para mim. Isso só pode ser um pesadelo.

A parede me cerca e não havia mais para onde correr. Meu corpo inteiro estava dolorido com a queda e eu estava zonza. Provavelmente bati a cabeça e devo ter quebrado mais alguma coisa além do meu braço, mas isso é a menor das minhas preocupações agora. Minha respiração estava difícil, pois eu não conseguia controlar o meu pânico nem se eu quisesse.

Ouço outro assobio e fico em alerta. Sons de patas vem até o meu alcance e eu me encolho, vendo aqueles dois cachorros gigantes descendo a escada velozmente até mim. Espremo os meus olhos e me encolho ainda mais. Mas de nada adianta quando eles me atacam ferozmente. Um apanha o meu braço quebrado com a boca enquanto o outro morde minha perna. Eu grito e tento me defender, mas era completamente inútil contra aqueles animais selvagens.

Arregalo os meus olhos tentando procurar alguma coisa em volta de mim que eu pudesse usar para me defender, mas a única coisa que vejo era aquele homem maldito descendo as escadas feito um animal. Ele andava com os quatro membros igual aos seus cachorros.

- Me ajuda... Por favor... – Imploro para o homem, mas eu sabia que era inútil.

O homem rosna para mim, mostrando os seus dentes antes de avançar até o meu pescoço e começa a me asfixiar com sua mordida cerrada. Eu tento acertar tapas e socos nele, mas ele nem se quer se importou. Apanho seus cabelos com minha mão, mas ele morde ainda mais a minha garganta cessando completamente qualquer resquício da minha voz.

Era o meu fim.

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Cerberus: O Homem de Três CabeçasWhere stories live. Discover now