Capítulo 6

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- Que barulho foi esse? – Ouço a voz irritante de Theo atrás de mim.

- O que está fazendo aqui?! Eu não me lembro de ter te chamado! – Olho para trás e o encaro.

- Desculpe... Eu estava dormindo e acabei acordando com o barulho... – Theo olha para baixo vendo a tal Juliana caída no final da escada. – Quem é aquela garota?! – Ele pergunta assustado.

- Se lembra de quando fomos no depósito e nos deparamos com duas cadelas bem desagradáveis? Uma delas até estava usando algumas posseiras fluorescentes que você achou legal.

- Acho que sim...

- Você se lembra o que elas fizeram o nosso irmão Alan passar, não se lembra?! Ele foi completamente humilhado aquele dia por duas inúteis e não fez nada a respeito! Nem mesmo me deixou fazer alguma coisa também! Aquelas vadias mereciam pagar caro pelo que fizeram ao Alan naquele dia! Mas nada aconteceu com elas! NADA!

- Mas o que você poderia fazer?

- Você vai descobrir isso hoje, sabe por que, irmãozinho? Porque aquela garota caída lá embaixo e a outra que está lá na rua, são as mesmas daquele dia! – Falo sorrindo de canto. – Só pode ter sido o destino... E nós não podemos perder uma oportunidade como essa!

- Mas Jack... Isso foi a um ano atrás... Tem certeza de que vale mesmo a pena fazer isso?

- E quando foi que eu não tive certeza de alguma coisa na minha vida?! Hein?! – Falo apanhando meu irmão pela gola da blusa e o encarando. – Agora vê se volta para o seu quarto e não se mete! – Empurro Théo para longe de mim. – Porque ao contrário de você e do Alan, eu não sou um covarde e não me esqueço de quem cruzou o meu caminho... Me lembro de todos... Cada um deles...

 

Antes...

Eu, Alan e Théo estávamos em um deposito de construção comprando algumas coisas que faltavam para reformar o porão da nossa casa. Reparo que duas garotas, que estranhamente não paravam de rir entre si, se aproximam do Alan. Eu apenas ignoro, pois estava mais interessado nos martelos pendurados na prateleira a minha frente.

- Olha as posseiras daquela garota! Que demais! – Théo fala animado e eu olho também.

Vejo uma das garotas trombar com Alan de propósito e isso me faz voltar toda a minha atenção a elas.

- Ei?! Por que você fez isso?! – Uma das garotas questiona Alan, parecia indignada com alguma coisa.

- "Fez"?! Do que está falando?! Eu não fiz nada... – Alan responde tão surpreso quanto ela.

- Fez sim! – A outra garota se aproxima. – Você pegou no peito dela!

- Espera... O que?! Eu não... Por que está dizendo isso?! Eu não peguei no seu... Foi você que trombou em mim...

- Pegou sim! – A garota de cabelos castanhos fala. - Isso é assédio sexual!

- O que?!

- Tudo bem aqui? – Um dos seguranças que havia no deposito aparece de repente.

- Não! Esse homem acabou de pegar no peito da minha amiga!

- Por favor, senhor! Faça alguma coisa!

- Eu não... – Alan tenta se defender.

- Senhor, fique onde está.

- Essas garotas acabaram de inventar isso! – Alan se afasta quando o segurança volta sua atenção a ele. – Eu NUNCA peguei no peito de uma garota na minha vida!

- Como é que é?! – A garota de posseiras debocha.

Vejo as duas garotas caindo na risada enquanto humilhavam o meu irmão mais velho sem motivo algum.

- Por favor, o senhor terá que se retirar da loja. Não admitimos esse tipo de comportamento aqui. – O segurança segura no braço de Alan.

- Me solta! Eu não fiz nada!

- Ah, segurança... Espera! – Voltamos a atenção para a garota que havia acusado o Alan. – Eu acho que me enganei... Ele não pegou no meu peito, eu acho que... na verdade... esbarrei na prateleira...

- A senhorita tem certeza?

- Tenho sim.

- Tudo bem. – O segurança solta Alan. – De qualquer forma, vou pedir que as moças se afastem desse homem por favor.

- É claro, com todo prazer! – A de pulseira fala dando a mão a sua amiga.

- Quem é que quer ficar com um virjão?! – A outra ri.

Finalmente as vadias somem das nossas vistas e o segurança também. Alan estava completamente incrédulo com a situação, eu podia perceber o quanto ele estava se sentindo envergonhado e um maldito idiota por ter dito o que disse sem pensar.

- Me deixa fazer aquelas vadias pagarem, Alan! Elas merecem!

- Você não vai fazer nada, Jack! Eu sou o adulto aqui! E adultos esquecem as coisas!

- Você?! Esquecer as coisas?! Pare de mentir para si mesmo!

- Por favor! Não briguem aqui dentro! – Théo se mete no meio de nós.

- Sai fora, imbecil! – Falo com Théo.

- Não fale assim com o seu irmão, senão da próxima quando tivermos que sair você vai ficar em casa! – Alan me repreende.

- Do que está falando?! A ideia foi minha de reformar aquele porão fodido! Eu tinha que vir de qualquer forma!

- É ai que você se engana, Jack. – Alan me encara. – Você acha que tem algum tipo de controle aqui, mas você não estaria aqui se não fosse por mim, e o Théo também. Ao contrário de você, o Théo reconhece a minha importância nessa família. E é bom que você aprenda a fazer isso, caso contrário pode procurar outro lugar para viver!

Depois do que Alan fala comigo eu simplesmente dou de ombros e encerro o assunto por ali. Não me importava de me vingar ou coisa do tipo, mas saber que existe a possibilidade de ficar sem meus irmãos, isso querendo ou não me amedronta.

Agora...

Minha testa já estava pingando suor com todo o meu esforço. Théo permanecia no canto do porão me encarando amedrontado enquanto olhava tudo o que eu estava fazendo.

- Você é um idiota. Poderia estar aqui me ajudando, mas prefere ficar ai parado feito um boneco de loja de roupas.

- Como pode fazer isso? Ela estava viva quando você... – Théo se vira para o conto onde havia um balde e vomita dentro dele. Pela quinta vez.

- Eu pensei que ela tinha morrido quando caiu da escada!

- Ela ainda estava respirando... EU TE DISSE! MAS VOCÊ ME IGNOROU!

- Tá, tá, tá! Mas eu asfixiei ela logo depois, você viu! Agora vê se tira esse balde nojento daqui! Antes que eu enfie a sua cabeça dentro dele!

- Não faça isso! Por favor! – Théo rapidamente apanha o balde em suas mãos para leva-lo embora. – A onde eu jogo?

- Dentro do vaso e não esquece de dar descarga.

- Tá...

- Ah! – Me levanto do chão e olho para Théo. - E quando voltar traga o Ping e Pong. O jantar deles está servido.

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Cerberus: O Homem de Três CabeçasOnde histórias criam vida. Descubra agora