Capítulo 5

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Theo

Ouço o canto das corujas e o som de grilos vindos do lado de fora. Eles eram como um despertador que me avisava que horas eram. Olho pela janela e só o que eu vejo é escuridão. Eu odeio sempre que fica a noite. Todas as coisas que eu sinto durante o dia parecem ficar ainda piores quando escurece. E agora com Alan dormindo e Jack no controle da casa, a impressão que tenho a todo instante é de que vou morrer a qualquer momento.

- THEO??!!

Ouço Jack me chamar em outro cômodo e meu corpo estremece com sua voz grave. Ele parecia com raiva. Apesar de que o tempo todo ele estava com raiva. Tenho muito medo dele. A última coisa que eu quero é que ele fique com raiva de mim. Alan não está aqui para me proteger, e eu sou pequeno demais para me defender de alguém como o Jack.

- A onde você se meteu, pirralho de merda?! Espero que você não esteja se escondendo de mim como aquela vez ou você vai se arrepender!

- Eu estou aqui... – Apareço na porta do meu quarto, escondendo metade do meu corpo atrás da parede.

- O que estava fazendo?

- Nada... Eu só... Estava deitado...

- Hum. É o seguinte, eu vou sair e enquanto eu estiver fora quero que continue deitado, entendeu?!

- Tá... E... aonde você vai?

- Não é da sua conta.

- Você vai demorar?

- Espero que não. – Jack veste uma blusa de frio preta com capuz, em seguida me encara. – Por quê?

- Você sabe que eu não gosto de ficar sozinho...

- Você não vai ficar sozinho, o Alan está aí. É só ir até o quarto dele quando estiver assustado.

- Mas Jack...

- Já chega! – Jack me interrompe. - Vá logo para o seu quarto e não saia de lá até eu voltar!

- O Alan... Ele está dormi...

- VAI!!!

Me encolho inteiro quando ouço o grito do meu irmão. Rapidamente corro de volta para dentro do meu quarto para me afugentar dele. Me escondo debaixo das cobertas e deixo lágrimas escaparem de meus olhos.


Jack

Atravesso a rua rapidamente em direção a casa de Frida. Eram exatamente 02h00 da manhã, provavelmente ela já estava dormindo. É bom que ela esteja. Estou contando com isso.

- Com licença? - Ouço uma voz feminina e olho para trás.

- O que?! – Encaro bem a garota na minha frente. De imediato eu percebo que a conhecia de algum lugar.

- Eu e minha amiga estávamos voltando de uma festa e o pneu do carro dela furou, será que você poderia nos ajudar a trocá-lo? – Ela aponta para trás onde vejo outra garota encostada em um carro branco.

Cerro os meus olhos e reparo no pulso da garota, onde havia várias posseiras fluorescentes. Essas posseiras me eram bastante familiares assim como a garota a minha frente. A onde foi que eu as vi?! Ah! É verdade... Eu me lembro dessas garotas... Me lembro muito bem delas... Volto o meu olhar para a outra garota na minha frente e sorrio gentilmente.

- Acho que hoje é o dia de sorte de vocês. – Falo sorrindo de canto.

- Como assim? – A garota me pergunta confusa.

- Eu sou mecânico.

- É sério?! Isso é ótimo! – A garota caminha em direção ao carro e eu a sigo. – Amiga, consegui alguém para ajudar a gente! E ele é mecânico!

- A onde você arranjou esse cara?! – Ouço as duas cochicharem enquanto eu trocava o pneu da frente.

- Não importa! Você pediu para que eu resolvesse isso, eu resolvi! E a culpa é sua por ter cancelado o seguro do carro!

- Eu precisava de dinheiro para comprar aquele vestido! Você sabe disso!

Tiro a minha faca do bolso e rasgo o pneu, piorando ainda mais a situação dele.

- Éh... Garotas?! – Eu chamo a atenção delas.

- Sim? – A que havia me pedido ajuda me olha na mesma hora.

- Qual o nome de vocês mesmo?

- O meu nome é...

- Não é da sua conta. – A garota de posseiras interrompe a amiga. – Já conseguiu consertar isso aí?

- Se acalme! Eu só estou tentando ajudar... Só queria dizer que vou precisar ir até a minha casa buscar algumas ferramentas.

- Do que está falando?! Tudo o que precisa para trocar o pneu já está aí!

- Infelizmente não é tão fácil quanto parece, moça. Alguma coisa rasgou o seu pneu, vejam só. – Mostro a elas o rasgo.

- Isso não estava assim. – A garota das posseiras responde.

- Estava por baixo da roda, deve ser por isso que vocês não viram.

- Eu ainda posso ligar para o meu pai vir buscar a gente... – Uma das garotas fala.

- Deixa de ser burra! Já te falei que eu disse para os meus pais que iríamos dormir na casa da nossa amiga! Se seu pai vier buscar a gente vão contar para os meus pais que não estávamos lá merda nenhuma!

- Mas se eu disser para eles não contarem, eles não contam!

- Eu não confio neles! E você também não deveria! – A garota de posseiras retruca, em seguida volta a sua atenção a mim. – Escuta cara, faça o possível para arrumar esse pneu! Nós só queremos ir embora daqui!

- Tudo bem! A minha casa fica bem ali, vocês querem alguma coisa?

- Não... – A das posseiras responde.

- Eu preciso ir ao banheiro. – Sua amiga comenta.

- É sério?!

- Sim... É urgente...

- Na minha casa tem banheiro, fique à vontade. – Ofereço gentilmente.

- Vamos comigo? – A garota que estava apertada chama a amiga.

- Sem chances! Vai você! Alguém precisa ficar vigiando o carro!

- Então vamos logo resolver isso, eu também tenho os meus compromissos. – Falo apressando a garota que queria ir ao banheiro.

A jovem me segue até a minha casa. Parecia nervosa. Percebo que ela olhava para trás constantemente sempre que nos distanciávamos da sua amiga. Abro a porta da minha casa e a deixo entrar.

- Com licença. – A garota fala ao entrar.

- Fique à vontade.

- Obrigada.

- O banheiro é logo ali. – Aponto em direção a sala.

- Qual o nome do senhor?

- Jack.

- Ah... Eu sou a Juliana e ela se chama Stefane. Me desculpe pela minha amiga Sr. Jack, ela consegue ser bem grossa com as pessoas as vezes.

- Tudo bem, eu estou acostumado.

- A onde você disse que é o banheiro mesmo?

- Bem ali, naquela porta. – Aponto para a porta do meu porão.

- Ah, sim...

Eu estava bem atrás da garota quando ela abre a porta do meu porão lentamente. A garota olha para baixo e se depara com uma escada. Rapidamente ela percebe que ali não era o banheiro, porém já era tarde demais. Empurro a garota escada abaixo e ela desmaia assim que chega ao chão do meu porão. Encaro o seu corpo de barriga para baixo, me certificando de que ela estava mesmo desmaiada.

- Ops...

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Cerberus: O Homem de Três CabeçasWhere stories live. Discover now