Capítulo 11

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Passei a noite inteira limpando o porão e deixando ele do mesmo jeito em que sempre foi. Sem nenhum resquício de que houve dois assassinatos ali. Felizmente o que restou dos corpos das garotas transformei em comida para o Ping e o Pong. Se não fossem eles, eu realmente não saberia onde poderia descartar esses restos humanos a não ser enterrar no meu quintal. Mas não tenho certeza se isso ainda seria uma boa ideia.

Coisas como roupas rasgadas, sapatos e acessórios eu queimei junto a outras coisas minhas que precisavam ser queimadas. Theo estava comigo enquanto eu queimava as coisas e o vejo se aproximar com algo em sua mão.

- O que é isso? – Pergunto ao ver algo colorido na mão dele. Parecia ser uma pulseira com as cores azul, verde e amarelo.

- É uma pulseira fluorescente de uma das meninas...

- Me dê aqui, isso já era para estar queimado junto com as outras coisas... – Volto minha atenção ao fogo. – Vou aumentar o fogo novamente, ele já está quase apagando. Onde achou isso?

- Estava comigo... – Theo continua segurando a pulseira. – Queria saber se eu podia ficar com ela.

- Claro que não! – Falo sério estendo minha mão. – Vamos, me dê isso logo para queimar!

- Por favor, Alan! Eu nunca tive algo assim! E eu nunca vou poder comprar! Por favor!

- Theo, eu já disso que não! Isso não te pertence! É errado roubar as pessoas!

- Mas matá-las tudo bem, não é?!

- Você sabe que isso não foi culpa minha! E matar as pessoas também é errado! Isso não era para ter acontecido... – Volto minha atenção para o fogo, eu estava confuso, mas queimar coisas me distraia um pouco. – Jack está fora de controle... E você sabe disso...

- Não vai ser roubo se a dona da pulseira não existir mais, certo? – Theo fala me encarando.

- Ta... Tudo bem... – Bufo impaciente. Essas pulseiras eram a menor das minhas preocupações agora. – Fique com elas no seu braço, se isso sumir eu não vou te ajudar a achar!

- Sim, senhor! Eu nunca mais vou tirar isso! – Theo diz alegre colocando a pulseira em seu pulso. – Obrigado, Alan! Você é o melhor irmão do mundo!

- Ta bom... – Deixo um sorriso escapar.

Sem que eu percebesse, passei a noite inteira limpando o porão e queimando as coisas. Quando olhei para o horizonte já estava amanhecendo.

Eu não sentia nem um pouco de sono, minha insônia era a responsável por isso. Apenas fui tomar um longo banho para relaxar um pouco minha tensão muscular e sai para procurar pelas flores da minha adorável Frida.

Passei o dia inteiro procurando pelas melhores flores que pudessem existir nessa cidadezinha pacata. Felizmente minha procura não foi em vão, pois achei as flores perfeitas para Frida. Rosas brancas. Suas pétalas eram como sorvete de creme. Sedosas e aveludadas como os cabelos de Frida e emanavam pureza como a pele clara dela.

Eu estava deitado em minha cama a noite encarando o escuro. Meus olhos corriam entre o teto e as flores em cima da mesinha que havia ao lado da minha cama. Eu estava ansioso para entregá-las para Frida. Não via a hora do Sol nascer para que eu finalmente pudesse fazer isso. Mas infelizmente a horas pareciam não passar como eu gostaria. Fora a minha insônia que não me permitia fechar os olhos e ter uma longa noite de sono.

Viro para o outro lado, tirando o meu foco das flores. Fecho os meus olhos me obrigo a dormir, mesmo sabendo que não iria conseguir tão facilmente a menos que eu tomasse algum remédio específico para isso.

Viro para o outro lado da cama, tendo me acomodar melhor. Me pergunto o que o Jack andou fazendo o dia todo enquanto eu estive fora. Theo me disse que não o viu mais saindo do quarto desde o dia em que o mandei para lá. Desde então ele não tem dado notícias o dia todo, como se realmente não estivesse ali. Mas eu sabia que ele estava. Podia sentir sua presença sempre que passava de frente a porta do seu quarto.

Mas isso não me interessa agora. Ele não é importante. Não mais. Na verdade, nunca foi. Talvez ele tenha seguido por esse caminho porque eu permiti até um certo ponto, mas agora ele já foi longe demais.

Acho que eu deveria incentivá-lo a seguir com sua vida. Arranjar um trabalho descente como o meu e ir morar sozinho. Não quero mais me envolver nas merdas que ele faz. Não quero ser responsabilizado toda vez que ele pisar na bola. As coisas que ele faz não são tão fáceis de consertar. Na verdade, não tem conserto.

O que ele me obriga a fazer já passou dos limites. Fui obrigado a pegar o que restou daquelas garotas que ele matou e transformar em comida para o Ping e o Pong. Agora temos comida para eles pelo resto do mês. Não me orgulho disso, mas aqueles cachorros não comem mais nada além de carne humana e isso tudo é culpa do Jack. Eu nunca seria capaz de sacrificá-los e abandoná-los. Não os acolhi naquele dia chuvoso para no final dá-los o mesmo destino que outra pessoa tentou dar a eles. Mas isso precisa parar. Preciso fazer algo. Por isso estou levando essas flores para Frida, sei que ela poderá me ajudar de algum jeito.

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Cerberus: O Homem de Três CabeçasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora