vinte e um

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Giovanna leu em voz alta o tweet, enquanto ria e se ajeitou no colo de Alexandre

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Giovanna leu em voz alta o tweet, enquanto ria e se ajeitou no colo de Alexandre.

— Será que eles não sabem escrever teu nome? — Alexandre perguntou, incomodado.

— Bom, acho que o foco é você estar com alguém e não quem é esse alguém. — Giovanna disse e apoiou o celular no móvel ao lado do sofá.

Alexandre resmungou, apoiando a cabeça no peito dela lhe abraçando.

— Eu preciso cumprir minha parte do acordo. — Ele comentou baixo.

Giovanna passou a mão no cabelo dele, sem responder.

Eles ficaram daquela forma por bastante tempo. Era confortável.

Alexandre levantou de supetão, ficando de frente para a morena.

— Como você acha que a gente pode melhorar isso? — Ele perguntou, puxando as pernas dela, as deixando sob as suas.

— Como assim?

— Esse contrato. Temos aí mais um mês para fazer tua carreira decolar ainda mais na mídia e como você está me ajudando pra caralho, eu tenho que retribuir. — Ele explicou, passando a mão pela a perna dela.

Giovanna deitou a cabeça, meio cansada.

— Por que não falamos disso amanhã?

Alexandre semicerrou os olhos.

— Eu quero ficar de boa. — Ela disse, voltando a se deitar no colo dele. — Aqui. Quietinha contigo.

Alexandre não pôde deixar de sorrir. Era inevitável não ficar feliz quando Giovanna demonstrava afeto.

— Quer dizer, ficar quietinha não é exatamente o que eu quero. — Ela disse, agora passando os dedos pela extensão do braço dela. — Lembra quando estávamos falando dos meus pais e você me cortou quando eu perguntei dos seus?

Alexandre fechou os olhos, sentindo seu sorriso esvair.

— Sério, Gio?

Ela assentiu, ainda apoiada nele.

— Sério. Eu preciso saber sobre você também, pô. — Ela se virou um pouco, o encarando. — É uma forma de me ajudar.

— Contar sobre os meus traumas ajuda a sua carreira de que forma, Giovanna? — Ele perguntou e ela riu fraco.

— Por favor. — Ela implorou. — Me conta qualquer coisa. O que você se sentir confortável em dizer.

Alexandre suspirou fundo, e a abraçou. 

Giovanna continuou de costas para ele, e segurou seus braços também, os fazendo ficar quase que presos num abraço.

— Bom, meus pais se divorciaram quando eu tinha uns 10 anos. — Ele começou, meio desconfortável. — Eu lembro que nessa época, viver na minha casa era um inferno. Eles viviam brigando, minha mãe estava sempre chorando e meu pai descontando na bebida e em mulheres. — Giovanna deitou a cabeça no ombro dele, prestando atenção no que ele falava. — Eu sei que é meio hipócrita eu reclamar sobre as mulheres, mas ele era casado, então.. — Ele riu nervoso. — Enfim, eu fiquei feliz quando eles se separaram por que aquele homem era um cuzão. Ele não merecia um terço do que minha mãe era, entende? Ela dava a vida por ele e não recebia nem metade. — Ele passou a acariciar os dedos dela. — No ano seguinte do divórcio, ele já estava com outra família. Eu nunca fui atrás de saber sobre, mas chegou em mim que ele estava completamente diferente, que tinha virado gente. Minha mãe ficou arrasada, por que apesar de tudo que ela passou na mão dele, ela ainda amava ele. — Alexandre engoliu em seco.

Giovanna se sentou melhor, querendo o encarar.

— Se quiser parar..

Ele balançou a cabeça negando.

— Está tudo bem. — Ele disse, querendo a puxar para si novamente. Giovanna sentou de lado, de forma que ainda conseguisse vê-lo.  — Eu comecei a jogar fora com uns 14 anos, então acabou que ela ficava muito tempo no trabalho ou sozinha em casa. — Ele suspirou. — Ela ficava entediada e ia fumar. Estava estressada, ia fumar. Tudo era motivo para descontar no cigarro ou às vezes até mesmo no álcool, era raro mas acontecia. Todos esses hábitos duraram por muito tempo.

— Meu Deus.. — Giovanna comprimiu os lábios, já sabendo o que viria em seguida.

— O câncer de pâncreas geralmente é silencioso, então geralmente os médicos demoram a encontrar a doença. — Ele explicou. — Ela era linda, amor. — Alexandre passou a mão no cabelo da morena. — E mesmo que estivesse passando por tanta coisa e tanta dor, ela ainda dava seu máximo para estar sorrindo. — Ele sorriu de lado. — E nós passamos por cada coisinha juntos. A primeira quimioterapia, radioterapia, quando ela precisou raspar o cabelo.. Tudo.

— Não tem cura?

— Cirurgia. Mas ela estava num estágio muito avançado, então, as cirurgias eram apenas para aliviar as dores que ela sentia. — Ele explicou. — E chegou um momento que era inviável ficar submetendo ela à essas coisas, e então, ela decidiu que apenas esperaria. — Alexandre disse e Giovanna pôde ver seus olhos encherem de lágrimas. — E meu pai sequer ligou uma vez para saber dela. Nada. Nenhuma ligação e nem uma mensagem. — Ele resmungou. — Mas apareceu no dia do velório, e pior levou a família dele.

Giovanna levantou a sobrancelha.

— Eu quis voar no pescoço dele, mas tive respeito pelo momento, é claro. — Alexandre disse. — Ele quis conversar comigo, mas eu não consegui. Tudo que eu ouvia ele dizendo para a minha mãe, a nova família dele, a falta de apoio da parte dele quando minha mãe precisava e esperou, a ausência dele na minha infância, tudo isso gritava na minha mente, sabe? — Ele a encarou. — Faz quase dois que eu não vejo ele. E de verdade? Posso continuar assim para sempre.

Giovanna – que agora estava se segurando para não chorar, pensando em como estava sendo egoísta com seus pais – abraçou Alexandre com toda força que tinha. 

— Vocês dois foram muito fortes e eu estou orgulhosa. — Ela sorriu, deixando que as lágrimas descessem por seu rosto. — Tu fez tudo que podia, eu tenho certeza. E sei também que ela está em algum lugar cuidando de ti e se orgulhando do que você tem se tornado.

Alexandre sorriu de lado, beijando a boca dela rapidamente. 

Não falava sobre aquele assunto com qualquer pessoa, e era sempre muito desconfortável receber olhares tristes das pessoas, o fazendo se sentir um pobre coitado.

— Vocês iam se amar. — Ele comentou. — Duas doidas.

Giovanna riu, ainda agarrada nele.

— Bom, eu gostaria que sim. Apesar de que nós duas temos uma coisa em comum, né? Nós duas amamos você e te achamos incrível, então seria não seria uma tarefa complicada ela gostar de mim.

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