Harry in Wonderland [❀ls fanfiction ❀]

Chapter XXXI

Episode: Hold your Head up High - Darlingside

Quando Louis subiu as escadas atrás de Harry após seu banho conturbado, honestamente ele não tinha saúde para lidar com o que percebeu que estaria por vir.

Ter confessado a Grey, seu antigo namorado, aquele que supostamente ajudaria-os a fugir no domingo, que agora amava outro garoto foi paralisante.

Mas nada comparado a flagrar o corpo esguio do cacheado encolhido no ninho com aquela caixa no colo.

Saber que a presença de Liam e Zayn contribuiu para  que a memória do mais novo desbloqueasse fragmentos deletados poderia ser uma coisa boa tanto quanto a pior possível. Mas tendo isso somatizado ao que quer que Harry tenha achado no guarda-roupa estaria além do que um humano poderia tolerar sem ter um colapso mental.

Notar que as pupilas de Styles estavam dilatadas e presumir que ele se drogara nem seria uma real preocupação em comparação ao todo que enfrentavam. Mas, claro, ajudava a compor este estado de choque.

Pois Harry sinalizou para que se sentasse ao seu lado.
Para então estende-lo a caixa marrom.
Para que pegasse.
Para que também ficasse ciente da grande resposta que tanto temeu: o que havia no armário?

Quando se forçou a puxa-la para si, completamente absorto e anestesiado, Louis descobriu.

O primeiro item era um par de sapatinhos de crochê. Tão pequeno e fofo que tudo que sua mente desenhou foi um Harry nenê vestindo isso.
Seria acalentador se esta imagem não fosse devorada pela percepção de que o bebê Harry que usou aquilo passaria por tudo que o Harry de hoje passou.

Tommo quis chorar.
Segurou.

O segundo, logo abaixo do terceiro, era uma carta e uma adaga.
Seu coração acelerou. Antes mesmo que lesse o que havia escrito, parecia óbvio.

O que Anne redigiu ao seu filho apenas confirmou a lástima.

A primeira sensação que atingiu Tomlinson ao confirmar que a mãe de Styles teria tirado a própria vida naquele lugar, foram os rastros das suas tentativas.

Certamente as porcelanas quebradas eram um indicativo. As lascas eram afiadas, mas com certeza não o suficiente para aquilo.
A falta de lençóis e roupa de cama, que possivelmente já teriam servido de corda.
A inexistência de talheres na cozinha sem ser os de plástico.

Contudo, por alguma razão, o que mais apitou um sinal vermelho para ele foi o fato do espaço para o espelho acima da pia do banheiro estar vazio, como se houvesse sido removido, ou um dia completamente estilhaçado.

Talvez, um dia quando ela encarou seu reflexo exausta...
Anne viu através do espelho...
Muitas coisas horríveis, pesadas, traumáticas.
Muito além.
Mas não viu a si mesma.
Porque ela não estava mais ali.

Para todas as intuições inexplicáveis e bizarras que temos, Louis sentiu aquela na pele. Quase como se a intuição de tudo que aconteceu na vida de Anne não fosse apenas um palpite, mas ele poderia materializar aquilo.

E era sombrio, e mórbido, e triste.

Ele foi esburacado pela noção da imensidão do sofrimento dela. E, principalmente, como este destino esteve a espera de Harry por toda a existência do rapaz.
E poderia ter sido ele, caso sua mãe não houvesse ido antes em seu lugar.

Eles nunca teriam se conhecido.
E quem quebraria o espelho seria seu menino.
Porque ninguém aguentaria esta realidade sem apelar pelo fim.

Inspirou fundo, lágrimas latejavam na pálpebra inferior de seus olhos que ele segurava firmemente para não derrama-las.
Ele sequer compreendia como Harry não estava chorando. Possivelmente anestesiado ou então calejado diante das memórias.